Discriminação por idade dificulta recolocação nas empresas.
Em tese, a experiência deve ser valorizada em todas as áreas da vida, inclusive as profissionais. Infelizmente, nem sempre funciona assim. O chamado ageism, ou seja, ageism, é uma realidade no mercado de trabalho e prejudica não apenas os trabalhadores mais velhos, mas também as empresas que os rejeitam.
De acordo com Patricia Suzuki, CHRO da Catho, plataforma de vagas, desde os 37 anos, as mulheres profissionais costumam sofrer preconceito de algumas empresas. Os homens, por outro lado, começam a lutar com essas dificuldades a partir dos 40 anos. “Em geral, o mercado para mulheres é menos inclusivo. Um exemplo claro é a disparidade salarial, que não muda com a idade”, avalia.
De acordo com a Pesquisa de Profissionais Brasileiros, realizada em agosto pela própria Catho com profissionais de todo o país, atualmente 67,2% das mulheres acima de 37 anos e 62,1% dos homens acima de 40 anos estão desempregadas. Ao analisar os funcionários nessa faixa etária, mais mulheres relatam os seguintes campos: Administração (31,5%), Enfermagem (16,3%) e Contabilidade (8,7%). Segundo dados da pesquisa, os homens mais experientes trabalham em administração (30,5%), contabilidade (10,4%) e engenharia (7,9%).
Discriminação por idade. Como surge e como combater?
Patricia explica que há uma crença de que os profissionais mais velhos não conseguem acompanhar a inovação tecnológica e não são tão produtivos, o que impacta na entrega da empresa. Mas não para por aí: há também um viés de flexibilidade cognitiva, ou seja, quando não é fácil receber feedback.
“Para superar esse tipo de situação, os profissionais seniores precisam confiar em sua experiência, mas sempre atualizá-la e mostrar que estão abertos a aprender coisas novas para acompanhar a constante evolução do mercado”, afirma o CHRO.
Do lado empresarial, os profissionais, líderes e equipes de RH precisam ser treinados nesse tema, como ressalta Vânia Montenegro, diretora de serviços de pessoal da Employer, que trata de soluções de RH e tecnologia.
“Vemos muitas organizações adotando boas práticas de diversidade e inclusão, mas a maioria deixa de lado a questão da contratação de profissionais com mais de 50 anos. Então, acredito que a solução, além de oportunizar sempre que possível e deixar o preconceito de lado, é a educação e também criar políticas internas para contratação desses profissionais”, afirma.
ganhos para empresas
O especialista Catho destaca que os profissionais mais velhos podem contribuir muito para o negócio com seus anos de experiência e podem ajudar os mais novos.
“Pode-se dizer que o que falta em uma faixa etária se completa em outra, e uma equipe diversificada e inclusiva apenas complementa o ambiente de trabalho e leva ao desenvolvimento da equipe e da sociedade. Todos os programas de diversidade, seja de idade, etnia ou gênero, são alternativas para a inclusão corporativa”, afirma Patricia.
Vânia acrescenta: “Quando falamos em contratar profissionais mais experientes, estamos falando também em trazer experiência, conhecimento técnico e inteligência emocional para as equipes. Portanto, a empresa só tende a ganhar. Basta pensar que um profissional com mais de 40 anos pode passar muito tempo procurando emprego, e quando encontra um, a possibilidade de ele ser muito dedicado e atento a todas as atividades exigidas é enorme e traz resultados ainda mais positivos. Há também o fato de haver uma troca de experiências entre gerações, o que pode melhorar os resultados da sociedade”.
O diretor de serviços de RH da Employer ressalta que, embora aos poucos esteja se tornando aparente que algumas empresas estão mais interessadas em combater o envelhecimento, ainda há um longo caminho a percorrer para encontrar o nível ideal.
“Enfatizo que é importante eles analisarem com mais cuidado. Se você pensa que a população idosa brasileira está crescendo muito rápido e que em poucos anos teremos um percentual muito grande de idosos no Brasil, você vai entender que o o mercado deve estar preparado para essa realidade e você será bem-vindo .profissionais.” “Empresas que não estão abertas a isso e seguem uma política preconceituosa de idadismo correm o risco de se tornar obsoletas e perder grandes oportunidades de ter profissionais experientes e altamente qualificados em sua equipe”, alerta.
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