Prazo de validade: Posso confiar?
“vender em”, “melhor em”, “expirar em”, “expirar em”, “data de vencimento”; o prazo de validade dos alimentos parece ser uma ciência exata, concreta e bem regulamentada, mas não é: varia conforme a região e o tipo de alimento. Esses rótulos acabam significando quase nada, levando ao desperdício de alimentos e a uma falsa sensação de segurança.
A origem do prazo de validade dos alimentos vem de um esforço para facilitar a vida moderna. Na década de 1970, os americanos pararam de comprar alimentos de fazendas e pequenos supermercados e compraram a maior parte de seus alimentos em grandes supermercados. Naquela época, os fabricantes começaram a usar códigos especiais para informar aos revendedores quando fazer o rodízio de estoque.
Como seria de esperar, as pessoas decifraram esses códigos e publicaram um pequeno livro chamado “Encontros às cegas: como decifrar os códigos dos alimentos que você compra”. Como o título sugere, o livro mostrava aos consumidores como funcionavam os códigos para comprar alimentos frescos.
À medida que mais e mais consumidores quebraram os códigos, mais e mais pessoas começaram a pedir algum tipo de rótulo nos alimentos para provar que os alimentos eram frescos. Com isso, mercados e fornecedores de alimentos passaram a colocar voluntariamente prazo de validade nos alimentos. Com o passar do tempo, as vendas tornaram-se comuns, mas não consistentes.
O Congresso dos EUA introduziu algumas penalidades em meados da década de 1970 para regular as datas de vencimento, mas todas falharam. Então, nos EUA, os estados definem como devem ser as informações de embalagem e data de validade do produto, então há muita variação. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, é responsável pelos rótulos, então temos um certo padrão: os produtos devem apresentar pelo menos o dia e o mês em que o prazo de validade for inferior a três meses; mês e ano quando o prazo de validade do produto for superior a três meses. Se o mês de validade for dezembro, insira apenas o ano.
Ninguém realmente regula as datas de validade
Para a maioria dos alimentos embalados, esses dados geralmente são deixados a critério do fabricante do alimento. Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor IDEC, “O prazo de validade do alimento é estabelecido pelo fabricante com base em pesquisas que visam verificar e garantir a estabilidade dos ingredientes e nutrientes, além de condições desejáveis em relação aos aspectos físico-químicos “. Esses testes não são particularmente científicos ou indicativos da segurança alimentar real, tornando as coisas altamente subjetivas.
Nos EUA, os especialistas classificam os alimentos em números. Os números caem à medida que a comida envelhece. O pão fica velho. Os molhos para salada podem começar a ficar com gosto rançoso.
John Ruff, presidente do Institute of Food Technologists em Chicago, diz que as empresas que vendem esses alimentos analisam essas classes e decidem onde traçar a linha para proteger a reputação de seus produtos.
“Se o produto foi projetado, digamos, como novo 7, você pode decidir que o produto com 6,2 já atingiu o ponto em que não o deseja mais no mercado”, diz ele.
“Se este produto é um 6, a maioria das pessoas ainda acha que é razoavelmente bom? Absolutamente”, diz ele. “Mas as empresas querem que as pessoas experimentem seus produtos da melhor maneira possível, porque é assim que elas mantêm seus negócios e sua participação no mercado.”
Isso mostra que a maioria dos dados de consumo, independentemente da terminologia utilizada, refere-se principalmente à “qualidade” do alimento determinada pelo fabricante. Eles raramente têm algo a ver com a segurança dos alimentos ou sua possível deterioração.
É impossível saber a data exata em que a comida vai estragar.
Gostamos de pensar que existe uma data quantificável que nos diz quando a comida estraga, mas há muitas variáveis para que a resposta seja algo tão simples. Esse é o verdadeiro problema das tâmaras de consumo alimentar.
Quanto tempo a comida fica no caminhão esperando para ser descarregada no supermercado, quanto tempo ela está no seu carro a caminho de casa e muitas outras coisas são fatores que afetam o cronograma de quando a comida estraga.
E o mais importante, “alimentos vencidos” garantem que não nos deixarão doentes. Significa apenas que a comida pode não ter mais um sabor tão bom. O que geralmente deixa você doente são coisas patogênicas como salmonela ou E. coli que podem viver em sua comida antes mesmo de você comprá-la ou permanecer depois de cozida, se você não fizer isso direito. Não há rótulo ou calendário para garantir que sua comida esteja livre de bactérias que podem deixá-lo doente. O crescimento bacteriano depende do tempo e da temperatura, portanto, o manuseio adequado dos alimentos é mais importante do que as datas de validade.
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