Inteligência artificial na educação: qual o seu desafio?


Mais do que necessidade durante o período pandêmico, a utilização da inteligência artificial (IA) garante a transformação que o setor de educação precisava.

O avanço das soluções tecnológicas mudou a forma como as pessoas se comportam e se relacionam —e é claro que isso ia trazer alterações significativas em diversas áreas, incluindo no ensino.

Não dá para imaginar que um jovem da Geração Z vai aprender da mesma forma que seus pais e avós. Era preciso encontrar uma nova forma de transmitir o conhecimento.

Isso foi possível porque as instituições perceberam que o próprio processo de aprendizado lida com um grande volume de dados. Sendo assim, é possível utilizar ferramentas tecnológicas para analisar e, claro, encontrar padrões.

A automação de processos burocráticos é, sem dúvida, a principal vantagem que a inteligência artificial tem a oferecer na educação, uma vez que possibilita aos educadores um tempo livre que eles nem imaginavam que poderiam ter.

Quer um exemplo?

Um levantamento de 2020 conduzido pela consultoria McKinsey com professores dos Estados Unidos, Canadá, Cingapura e Reino Unido indica que os profissionais dedicam 50 horas semanais na preparação e aplicação de aulas. Entretanto, pouco mais de um quarto desse total (cerca de 13 horas) poderia ser automatizada com o apoio de soluções baseadas em inteligência artificial.

O que a inteligência artificial já trouxe?

A possibilidade de automação de processos burocráticos não é a única vantagem oferecida pela inteligência artificial.

Ao colocar a análise de dados em primeiro plano na estrutura da educação, um novo mundo de possibilidades se abriu para professores, coordenadores e diretores. Dessa forma, é possível ampliar as oportunidades de aprendizado, identificando pontos de melhoria e de atenção no desenvolvimento dos alunos.

Estimular a aprendizagem, inclusive, era um dos grandes problemas enfrentados pelas escolas. Os modelos tradicionais não davam conta de manter a atenção do aluno para que ele possa absorver o conhecimento de forma saudável.

Com a IA, foi possível traçar diferentes perfis dos estudantes e, a partir daí, conhecer o que funciona para cada um deles. Conceitos como microlearning e nanolearning ganham espaço justamente por compreenderem o que os alunos esperam das aulas.

Além disso, o próprio processo de ensinar ficou mais fácil.

Os professores passaram a ter maior liberdade na preparação de suas aulas justamente por não se preocuparem com tarefas burocráticas. Isso permite a eles pensarem em novos modelos de ensino, dedicarem maior atenção individual aos alunos e pensar em novos temas e ferramentas que amplificam o conhecimento.

Por fim, a análise de dados também permite mensurar a evolução dos alunos.

Se a lógica da escola é a mesma que a da fábrica, então é evidente que teriam indicadores de desempenho. A leitura atenta dessas informações traz novos insights ao mostrar as dificuldades que os estudantes enfrentam e até mesmo o que funciona para eles, permitindo direcionar recursos de tempo e de dinheiro para melhorar essa questão.,

E o que ela ainda precisa trazer?

São situações que já acontecem em projetos bem-sucedidos de implementação da inteligência artificial nos processos educacionais. A questão é que isso ainda constitui como exceção em um setor que sofre com graves problemas estruturais aqui no Brasil.

O investimento em educação no Brasil nunca é o suficiente diante das demandas e dos desafios que o país enfrenta. A evolução do ensino não segue o mesmo ritmo em todas as regiões.

Assim, enquanto falamos na presença de IA em escolas e universidades de regiões ricas e prósperas, há locais que não conseguem nem fornecer o mínimo necessário para um bom desenvolvimento de aprendizagem —quem dirá oferecer internet de banda larga para alunos e professores.

Garantir essa inclusão e democratização no acesso a soluções digitais torna-se no desafio central para o setor nos próximos anos.

A partir daí, outras duas questões merecem atenção especial de profissionais do setor.

O primeiro deles é encontrar um modelo operacional capaz de combinar tecnologia e recursos humanos, permitindo que as ferramentas de inteligência artificial possam auxiliar professores e não competir contra eles, como observamos em alguns casos.

Isso leva ao segundo tópico: é preciso investir na capacitação desses profissionais para que eles possam pensar suas aulas com o apoio da tecnologia.

Qual tipo de escola teremos

Ainda que esteja cada vez mais popular, a presença da inteligência artificial ainda está em fase de desenvolvimento. É preciso ultrapassar essas barreiras de desigualdade para avaliar o real impacto desta tecnologia no processo de aprendizagem.

Os resultados preliminares são animadores, mas é preciso que todos os profissionais do meio continuem debatendo seu uso e analisando seus efeitos.

A inteligência artificial pode deixar a educação bem mais “inteligente”, mas isso depende da forma como estudantes, professores e a sociedade enxergarem essas ferramentas.

O setor pode finalmente passar pela transformação digital de verdade, colocando em evidência novos modelos de aprendizado e garantindo o pleno desenvolvimento de seus alunos —independentemente de suas condições sociais. Somente assim poderemos ter escolas (e fábricas) capazes de elevar os cidadãos a novos conhecimentos e saberes.



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