O YouTube anunciou nesta terça-feira (22) que removerá os vídeos que questionam a integridade das eleições brasileiras de 2018, entre outras medidas para combater a desinformação antes das eleições de outubro, nas quais o presidente Jair Bolsonaro tentará se reeleger.
A exemplo da política aplicada nos Estados Unidos e na Alemanha nos últimos anos, a plataforma removerá vídeos “que promovam alegações falsas de que fraudes, erros ou problemas técnicos generalizados mudaram o resultado eleitoral” de 2018, informou o YouTube Brasil em um comunicado.
Bolsonaro questionou inúmeras vezes a confiabilidade do sistema brasileiro de votação eletrônica e enfrenta uma investigação judicial por alegar, sem provas, que em 2018 houve fraude que o impediu de vencer no primeiro turno.
Isso levantou temores de que o país possa repetir um cenário semelhante ao dos Estados Unidos, onde centenas de apoiadores do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio em janeiro de 2021, enfurecidos pelas alegações de que o republicano teria perdido a eleição para Joe Biden por uma fraude em massa.
O YouTube informou nesta terça que também não permitirá conteúdos enganosos sobre a hora ou o local da votação e “alegações falsas que podem desestimular a participação”, incluindo informações “falsas de que as urnas eletrônicas brasileiras foram hackeadas na última eleição presidencial e de que os votos foram adulterados”.
A pouco mais de seis meses das eleições, as pesquisas indicam que Bolsonaro deve enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) no segundo turno.
Em uma campanha muito polarizada, o combate à desinformação está no centro das preocupações das autoridades judiciárias brasileiras.
Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio da plataforma de mensagens criptografadas Telegram, que ignorava suas sucessivas demandas judiciais.
O aplicativo, terreno fértil para desinformação e amplamente utilizado por grupos bolsonaristas, acabou tendo que ceder às ordens judiciais para reverter a suspensão. Excluiu, inclusive, uma publicação de agosto de 2021 em que Bolsonaro questionava a confiabilidade das urnas.
Também nomeou um representante legal no Brasil e se comprometeu com uma série de medidas para combater a desinformação durante as eleições.
Nesta terça-feira, o Telegram eliminou dois novos perfis atribuídos à militância bolsonarista, denominados “Liberdade de Expressão” e “Guerra de Informação”, com milhares de seguidores cada, de acordo com a GloboNews.
Bolsonaro descreveu a suspensão do Telegram como “inadmissível” e disse que ameaçava a “liberdade” dos brasileiros.
O presidente já teve outros conteúdos removidos do YouTube por divulgar informações falsas, entre eles uma transmissão ao vivo em que associava a vacina contra a covid-19 à Aids, que também foi retirada pelo Facebook e o Instagram.