Um nutricionista de Belém encontrou no Google Street View, recurso do Google Maps que permite visão panorâmica de ruas e cidades, uma maneira de matar as saudades da mãe, a dona de casa Edna Cristina Silva da Cruz, que morreu aos 46 anos há um ano e seis meses. Cristiano Silva da Cruz, 29, compartilhou a história no Twitter, para celebrar o Dia das Mães. A publicação já alcançou mais de 290 mil curtidas.
“Sempre que eu saía e demorava muito pra voltar, minha mãe me esperava na porta ou na janela, acho que por preocupação. Quando eu tô com muita saudade, eu abro o Google Maps e vejo essa foto dela me esperando chegar. Que você tenha um feliz dia das mães aí no céu, saudades demais”, escreveu ele.
Na imagem, uma mulher de vestido verde e lilás estampado aparece segurando o portão de uma casa, olhando para fora.
Sempre que eu saía e demorava muito pra voltar, minha mãe me esperava na porta ou na janela, acho que por preocupação
Quando eu tô com muita saudade eu abro o Google Maps e vejo essa foto dela me esperando chegar.
Que você tenha um feliz dia das mães aí no céu, saudades demais?? pic.twitter.com/faCTqvHjXG— Cris, não Chris! (@CrisSilvaStar) May 8, 2022
Ao Tilt, Cristiano contou que encontrou a imagem ao acaso. “Um dia, uns meses atrás, eu estava entediado, aí comecei a olhar a minha vizinhança no Google Street View, Ao ver minha casa, me deparei com a imagem da minha mãe no portão, me esperando. Ela já havia partido para a luz do céu e rever esse momento de cuidado dela me emocionou muito. Tirei um print e salvei a foto, mas sempre que a saudade aperta eu volto para reviver a emoção”, contou.
Dona Edna morreu no dia 9 de novembro de 2020, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). “Minha mãe, assim como toda minha família, se preocupava muito um com outro, e sempre que eu ou meus irmãos saíamos para estudar e trabalhar e passávamos da hora de chegar, ela ia de tempos em tempos na porta e na janela ver se já estávamos chegando. Ela sempre foi assim, já que moramos em um bairro periférico e por vezes perigoso.”
A publicação, quase dois anos após a morte da mãe, veio como uma forma de homenageá-la no segundo Dia das Mães que a família passou sem ela. “Estavam compartilhando fotos demonstrando o amor entre mãe e filho, então eu quis que meus amigos também vissem o quando esse elo é forte entre mim e ela, mesmo eu não tendo mais a presença física da minha mãe comigo, até mesmo como uma forma de me relembrar desse amor e me dar força”, conta Cristiano.
O filho ainda afirma que tem boas lembranças da mãe. “Ela sempre foi muito sorridente alegre e solícita. Teve uma vida de batalhas, foi mãe solteira na adolescência e enfrentou todos os julgamentos da sociedade pelo tabu que isso era no início dos anos 90, mas ela, meus avós, tios e família materna nunca esmoreceram e sempre se sacrificaram muito para dar uma vida digna e feliz para mim e meus irmãos”, conta ele.
Classificando a mãe como uma pessoa “forte e resiliente”, Cristiano conta que a mãe trabalhou como vendedora em loja de roupas, como babá, realizando serviços domésticos e sempre estava disposta a novos serviços. Além disso, Edna tratava há 12 anos de uma leucemia mieloide crônica, um tipo de câncer raro. “Ela nunca perdia o sorriso e o bom humor.”
Ele ainda diz que a mãe deixou um legado de amor e carinho para amigos e familiares. “Lembro de tudo de bom que era e sempre será pra mim. Até hoje o carinho que as pessoas tinham por ela chega até nossa família”, relata.
Nos comentários, diversos usuários compartilharam histórias semelhantes. Entre as mensagens, estava a de um homem que encontrou o pai sentado na calçada em frente à casa e outro que também localizou o pai indo comprar cuscuz.
Meu Pai ficava boa parte do dia na calçada. A saudade de chegar e encontrá-lo alí, do mesmo jeito e a posição do braço atrás da cabeça, também está gravada no Google Maps. pic.twitter.com/eXhgQzcJda
— Clodoaldo Monteles (@ClodoaldoMontel) May 8, 2022
perdi meu pai ano passado, e ele sempre ia de manhã comprar cuscuz pra mim, encontrei no google maps ele indo na mesma rua que ele ia todo dia comprar o cuscuz pra eu tomar café da manhã pic.twitter.com/VvDc2mulxq
— natan colucci (@brilhodacidade) May 9, 2022
Para Cristiano, a repercussão da história foi algo inesperado. “Mas também fico muito lisonjeado e confortado em receber tanto apoio de pessoas que se solidarizaram com minha saudade e também feliz de ver que muitas pessoas que passaram pela mesma dor que eu se sentiram confortadas e acalentadas com o meu relato”, disse ele, que ainda vive na mesma casa com a família.
Nesse contexto de pandemia, muitos perderam suas mães e outros entes queridos e amigos, nessas horas é que vemos que mesmo a nossa dor sendo única, ela nos une a muitos semelhantes.