Uma galeria com acervo interno da Igreja Católica disponibilizada via NFT, registro digital com grau de autenticidade e de valor único, e a entrada do Vaticano no metaverso para que pessoas possam ter acesso a esses materiais. Essa é a aposta da empresa de tecnologia Sensorium que virou notícia nessa semana.
Segundo um comunicado divulgado para a imprensa, a companhia, especializada em criar metaversos, fechou uma parceria com a Humanity 2.0, organização sem fins lucrativos afiliada ao Vaticano.
A iniciativa foi divulgada na última segunda-feira (2). Contudo, ainda não foi confirmada oficialmente pela Igreja Católica. Confira a seguir o que se sabe (e o que não se sabe) sobre a ação até o momento.
O que diz o projeto
A ideia é colocar numa galeria digital, em 3D, materiais como manuscritos, pinturas e iniciativas acadêmicas que pertencem ao Vaticano, de acordo com o comunicado de divulgação.
A versão digitalizada dessas obras seria exibida em formato de NFT, arquivos com autenticidade registrada na tecnologia de armazenamento de dados e transações blockchain, a rede que mantém criptomoedas como o Bitcoin.
A interação com as obras seria por meio de um metaverso, acessível por meio fones de ouvido e realidade virtual, pelo computador ou celular. O sistema ainda permitiria que os visitantes criassem avatares virtuais para explorar a galeria digital.
O Vaticano é dono de um patrimônio de valor histórico enorme. Em seu acervo estão nomes como Michelangelo, Raphael, Marc Chagall, Salvador Dalí, Paul Gauguin, Wassily Kandinsky, Vincent van Gogh e Pablo Picasso.
“Estamos ansiosos para trabalhar com a Sensorium para explorar maneiras de democratizar a arte, tornando-a mais amplamente disponível para as pessoas em todo o mundo, independentemente de suas limitações socioeconômicas e geográficas”, afirmou o padre Philip Larrey , presidente da Humanity 2.0.
O que é a Sensorium?
Criada em 2018, a empresa Sensorium é desenvolvedora de aplicações de realidade virtual e metaverso.
Em seu portfólio, segundo a companhia, há referências a shows virtuais de artistas como David Guetta, Armin van Buuren e Steve Aoki. E até jogos interativos contendo títulos de Jay-Z e The Night League.
E a Humanity 2.0?
Sites da imprensa estrangeira tentaram por dias confirmar a relação da Humanity 2.0 com o Vaticano e obter mais detalhes sobre a parceria anunciada. A falta de resposta gerou desconfiança.
Tentativas de entrevistas com o padre Philip Larrey, porta-voz da Humanity 2.0 também foram feitas. E nada.
O site Vice diz que recebeu a oferta de entrevista antes do anúncios, mas, em cima da hora, a conversa foi desmarcada. Depois de alguns dias, a reportagem recebeu a seguinte resposta da Sensorium: “Humanidade 2.0. é uma organização afiliada ao Vaticano.”
O site Futurism também relatou a mesma dificuldade nos contatos.
Não há menções ao projeto da galeria digital da Igreja Católica no site da Humanity 2.0.
Falta informação
Uma das preocupações quando se fala em NFT são riscos de golpes no mercado —principalmente por ataque hacker. Por isso, causa estranheza a sensação de mistério em torno da iniciativa, diz o site Futurism.
O comunicado divulgado em nome do Padre Larrey diz apenas que a plataforma virtual Sensorium Galaxy está em fase de testes e que deve ser lançada ainda este ano. Mas não deixa claro se essa seria também a data de disponibilidade da galeria de NFTs do Vaticano, e nem se o acesso será gratuito ou pago.
Até o momento, a Igreja Católica não se posicionou confirmando ou negando envolvimento com o projeto.