A missão Apollo 17 trouxe da Lua mais de 2 mil amostras de rocha espacial, e só agora, 50 anos após a expedição, a Nasa começou a analisar um dos tubos trazidos com o material. Entre os objetivos da pesquisa, estão a análise de pequenos compostos orgânicos voláteis e a compreensão do histórico dessas amostras.
Pesquisas anteriores encontraram aminoácidos em amostras lunares. Como moléculas do tipo são essenciais para a vida como a conhecemos na Terra, explorar isso pode ajudar os cientistas a entender melhor como a vida se originou aqui e em outras partes do sistema solar.
“Alguns dos aminoácidos nos solos lunares podem ter se formado a partir de moléculas precursoras, que são compostos menores e mais voláteis, como formaldeído ou cianeto de hidrogênio”, afirma Jamie Elsila, pesquisadora do Laboratório Analítico de Astrobiologia Goddard, em comunicado ao site Space.
“Nosso objetivo de pesquisa é identificar e quantificar esses pequenos compostos orgânicos voláteis, bem como quaisquer aminoácidos, e usar os dados para entender a química orgânica da Lua”, acrescenta.
Amostras como essas podem ajudar os cientistas a entenderem o histórico lunar, destaca Natalie Curran, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa de Gás Nobre do Atlântico em Goddard. O foco da cientista é explorar amostras lunares e descobrir o que os fragmentos sofreram ao longo do tempo.
“Nosso trabalho nos permite usar gases nobres, como argônio, hélio, neônio e xenônio, para medir por quanto tempo as amostras estiveram expostas à radiação cósmica, e isso pode nos ajudar a entender a história dessa amostra”, disse Curran.
Como as amostras da Lua foram coletadas
Obter as amostras lunares foi um processo que levou alguns anos. A responsabilidade de conduzir os estudos é do programa da Nasa chamado ANGSA, sigla em inglês para “análise de amostras da próxima geração do Apollo”.
Antes de partir para o laboratório Goddard, as amostras passaram por um processo minucioso.
A operação teve início em 2018 e desafios técnicos precisaram ser superados para que o material pudesse ser analisado ainda congeladas. “Isso foi visto como um treino para preparar uma instalação para o futuro processamento de amostras frias”, disse Julie Mitchell, cientista e engenheira planetária da Nasa.
Para isso acontecer, a equipe precisou manipular o material lunar com luvas grossas em uma caixa transparente dentro de um freezer mantido a 20 graus Celsius negativos.
A Nasa pretende que esse trabalho ajude a aperfeiçoar técnicas de estudos de amostras lunares que retornarão à Terra com as missões Artemis, que levarão a primeira mulher à Lua.
“Ao fazer este trabalho, não estamos apenas facilitando a exploração de Artemis, mas estamos facilitando o retorno futuro de amostras e a exploração humana no resto do sistema solar”, conclui Mitchell.