Quando a temperatura cai, o nariz é uma das primeiras partes do corpo a sentir a mudança do tempo. Fica super gelado e muitas vezes com a cor rosada. Mas você já se perguntou por que isso acontece? O nariz esfria rápido por uma série de razões biológicas.
O fluxo de sangue para a pele representa um mecanismo extremamente eficaz para a transferência de calor das partes internas do corpo para a pele. Mas, quando o ambiente esfria, os órgãos vitais, como coração, fígado e rim, acabam recebendo mais sangue do que “o normal”, reduzindo esse fluxo de sangue para as áreas periféricas.
Dessa forma, as extremidades mais salientes do corpo —e o nariz é uma delas, assim como as orelhas, as mãos e os pés— têm menos transferência de calor do que as áreas internas do organismo.
Além disso, segundo explica o otorrinolaringologista Ulisses José Ribeiro, do Hospital São Luiz (SP), narizes e orelhas são compostos em boa parte por cartilagem, um tipo de tecido sem muitos vasos sanguíneos, o que reduz ainda mais a transferência de calor.
Também é preciso lembrar que uma função do nariz é justamente esquentar o ar que entra no corpo. Para isso, ocorre a vasodilatação, ou dilatação dos vasos sanguíneos, que acaba por facilitar uma rápida perda de calor do nariz para o ambiente, deixando sua superfície mais fria do que o restante do corpo, acrescenta Maria Theresa Ramos, médica otorrino do Complexo Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Mas é igual para todo mundo?
Não. Cada pessoa —e cada nariz— são únicos. Alguns de nós temos mais sensores de temperatura na região nasal e vasos mais finos, o que pode intensificar a sensação de frio.
Para diminuir o desconforto na área nasal, não tem segredo: é preciso diminuir a exposição cobrindo a região com um lenço, máscara de lã ou gorro. Em ambientes fechados, vale utilizar climatizadores, mas buscando evitar que o ambiente fique muito seco.
Para os esportistas que se aventuram na neve ou em montanhas, é recomendável procurar equipamento especializado de proteção.
Nariz grande é mais sensível?
Narizes maiores representam maior área de contato com o ambiente frio. Os especialistas concordam que, em teoria, isso favorece quem tem extremidades menores. Mas, na prática, há tantos fatores em jogo que o tamanho do nariz acaba perdendo importância.
O que deve ser levado em consideração é a saúde. Alergias, medicação e mesmo doenças vasculares podem afetar a circulação de sangue na região nasal.
“Um caso extremo é a Síndrome de Raynaud”, diz Lidio Granato, professor Emérito da Faculdade da Santa Casa de São Paulo. Esta condição rara causa episódios de diminuição da corrente sanguínea. “Portadores sofrem muito mais que o normal, principalmente no inverno”, afirma.
Existe alguma chance do nariz congelar mesmo?
As chances são muito baixas, em especial no clima brasileiro, afirmam os especialistas. Seria preciso exposição à temperatura negativa por longo tempo antes de qualquer risco surgir.
“É preciso diferenciar ‘congelamento’ de uma parte do corpo, que se trata de uma emergência médica, da sensação de extremidades frias ou geladas, que é um sintoma comum do inverno”, explica Maria Theresa.
Então esquimós teriam narizes e orelhas pequenos para não congelarem? “Isso é mito”, diz a doutora.
“Na verdade, os esquimós têm narizes e orelhas pequenos porque são povos de origem asiática que migraram há milhares de anos para o polo norte-americano e Groenlândia. Povos do Círculo Polar Ártico europeu, por exemplo, também vivem no frio intenso e não têm as mesmas características.”
*Com matéria de Carlos Oliveira.