Senado vai destruir HD da CPI da Covid com furadeira, mas é necessário? – 06/05/2022


Um HD (Disco Rígido) externo que armazena documentos sigilosos da CPI da Covid será destruído com marreta e furadeira na tarde desta sexta-feira (6). A prática atenderá a uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que quer assegurar que os dados não possam ser recuperados.

A notícia, porém, levantou dúvidas sobre a necessidade do uso dessas ferramentas para garantir que informações sigilosas desapareçam do HD. Apagar diretamente os dados do dispositivo não seria suficiente?

Tilt consultou especialistas de tecnologia para responder essas e outras dúvidas.

Como um HD funciona?

Toda informação que vai no HD é transmitida/armazenada por meio da unidade de processamento bit, registrada no código binário 0 e 1, seja arquivo de texto, planilha, vídeo, foto etc.

Pense no disco rígido como um CD de músicas, mas, ao invés de ser um disco óptico, o HD é um disco magnético, portanto, a superfície do disco fica magnetizada com esses bits 0 e 1.

O que ocorre quando o dado é apagado manualmente do HD?

Quando você conecta um HD externo no computador e simplesmente clica para deletar determinado arquivo, você está apenas “apagando” a informação sobre a área do disco magnetizada em referência a esse dado. Ou seja, os registros em bits seguem por lá, explica Angelo Sebastião Zanini, coordenador do curso de engenharia da computação do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).

“Deletar um arquivo do HD não quer dizer que eliminei a informação [dele]. Eu simplesmente tirei da tabela inicial do disco rígido em quais trilhas e setores aquela informação está”, afirma.

“Se eu fizer isso e simplesmente jogar o disco rígido no lixo, eu conseguiria recuperar essa informação utilizando ferramentas que vasculham toda a superfície do HD”, acrescenta.

O especialista em informática forense Evandro Lorens, diretor da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federias (APCF), explica ainda que existe a possibilidade de, em alguns casos, profissionais conseguirem recuperar registros em HDs mesmo que eles tenham sido sobrescritos com novos dados ao longo do uso.

Segundo Lorens, vários programas estão disponíveis na internet para ajudar na recuperação de dados. Alguns aplicativos são até gratuitos.

Uso da força para destruir dados

Do ponto de vista prático, usar a força bruta para destruir um HD é uma das melhores formas para se evitar que alguma informação seja recuperada, segundo os entrevistados. Isso porque você estaria danificando a superfície magnética onde os dados estão armazenados.

“Quando você fura ou marreta, você está danificando grande parte desse componente. Quando você fura o HD de cima para baixo com a furadeira, por exemplo, você perfura o disco, acabando com qualquer possibilidade de fazer voltá-lo a funcionar”, destaca Evandro Lorens.

O coordenador do IMT concorda e acrescenta outras técnicas de destruição consistem em: jogar o HD em um conteúdo ácido (para que seja corroído) ou, simplesmente, incinerá-lo.

Garantir pequenos fragmentos é importante

O uso de ferramentas como furadeira e marreta ajuda, mas é importante que não sobrem pedaços do HD. Nesse caso, ainda que o risco seja bem menor, não é descartada a possibilidade de recuperar alguns vestígios de informações.

“Do ponto de vista acadêmico você ainda pode conseguir alguma coisa. Com uma análise microscópica é possível ver algumas coisas e falar, por exemplo, aqui tinha uma letra “A”. Mas, obviamente, não dá para ver um vídeo ou algo assim”, explica Lorens.

“Se sobrar grandes pedaços do disco rígido com a superfície magnética, teoricamente, você conseguiria até ler e recuperar fragmentos de arquivo, mas isso é difícil. Depois que quebrou totalmente, dificilmente se recupera alguma coisa ali”, complementa Zanini.

Método mais seguro

Para os especialistas, um método chamado Wipe poderia ser usado para impedir uma eventual recuperação de dados e ainda ser mais sustentável (do que destruir vários HDs).

O método consiste em sobrescrever alguma coisa aleatória com 0 e 1 por cima do conteúdo que já estava gravado.

“Esse tipo de operação é o que a gente usa normalmente na perícia. Acabamos um caso e liberamos o material. Não vamos jogar o HD fora, isso não é sustentável e nem economicamente viável. Utilizamos esse procedimento que é reconhecido como eficaz”, explica o especialista forense.

Zanini concorda. Para ele, se o procedimento for repetido de três a cinco vezes já é o suficiente para que o campo magnético original fique 99,99% não recuperável.

“É uma técnica que se usa muito, sobrescrever várias vezes uma informação inútil sobre uma útil confidencial. Você pode jogar o HD fora e as informações ficam totalmente irrecuperáveis”, finaliza.



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