guerra mostra poder de ataques hackers


No célebre livro “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, um dos principais trechos afirma que a “suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar”. Ou seja, em muitos casos é preferível evitar o confronto direto e buscar outros métodos para superar os problemas/adversários.

Essa máxima foi escrita no século 4 antes de Cristo, mas continua válida mesmo em tempos de aceleração digital. Afinal, se grande parte das relações sociais já acontecem virtualmente, era inevitável que a guerra e os confrontos militares seguissem pelo mesmo caminho.

O conflito entre Ucrânia e Rússia, que se arrasta desde fevereiro, é apenas o exemplo mais recente de como a guerra pode se desenrolar na esfera digital.

Bancos estatais ucranianos e o próprio Ministério da Defesa sofreram ataques cibernéticos, principalmente no início da invasão.

Ataques DDoS (negação de serviço) são constantes em serviços essenciais numa tentativa de paralisá-los para prejudicar a população local, dificultar a comunicação e até mesmo evitar possíveis reações militares.

Em tempos de guerra, uma das principais medidas adotadas é atacar pontos estratégicos do adversário. Atualmente, isso envolve também o ambiente digital.

Como os dados são o “novo petróleo” e servem de matéria-prima para soluções e aplicações tecnológicas que moldam nossas vidas, é evidente que se tornam no alvo mais visado. Em bombardeios “reais”, os ataques visam fábricas e suprimentos; nos “virtuais”, eles buscam inutilizar aquilo que facilita o dia a dia das pessoas e empresas.

A segurança cibernética, portanto, assume o protagonismo não apenas em tempos de paz, mas sobretudo em situações de guerra.

Proteger as informações digitais é uma estratégia necessária para preservar a vida “real” da população.

Já imaginou se o inimigo tivesse acesso a todos os hábitos dos civis, incluindo informações médicas e transações financeiras? Pois é, o prejuízo poderia ser incalculável.

É por isso que as forças armadas de diversos países investem continuamente na capacitação dos militares e, principalmente, na inovação tecnológica.

Nos últimos anos ficou claro para todos que as guerras sempre contam com derramamento de sangue, mas que agora também envolvem a troca de bytes e não apenas de tiros.

Guerra digital também pode ser letal

O potencial bélico de uma guerra cibernética pode ser tão devastador quanto o avanço com tanques e artilharia pesada. Assim como outras áreas, a estratégia militar também depende de dados para ser mais efetiva.

Essa é uma premissa básica e antiga. Ter acesso às informações do lado inimigo ajuda a identificar vulnerabilidades e, claro, planejar ataques bem-sucedidos. Isso vale para tudo, inclusive para matar soldados.

A questão é que promover uma guerra totalmente cibernética também demanda recursos e tempo considerável das forças armadas. Dessa forma, mesmo com todo avanço tecnológico existente, ainda é inimaginável pensar que militares possam ficar dia e noite tentando invadir sistemas e roubar dados estratégicos.

O conflito virtual ainda não é protagonista, mesmo no confronto entre Rússia e Ucrânia. Sua função é ser coadjuvante em um planejamento maior.

Em outras palavras: a guerra cibernética é um dos meios e não fim em um conflito armado entre países. Seu principal objetivo é justamente “cansar” o inimigo.

Ao hackear um sistema importante num dia, derrubar um aplicativo no outro e dificultar transações financeiras ainda que por um curto período, é possível minar aos poucos a confiança e a estratégia rival —aliás, mais uma lição extraída do livro “A Arte da Guerra”.

Portanto, não espere por grandes ataques virtuais que derrubam as principais soluções tecnológicas utilizadas pelos civis e militares.

Se uma guerra costuma ser decidida nos pequenos detalhes, é nessa zona cinzenta que os conflitos digitais irão se desenvolver.

Muito mais efetivo do que avançar tropas por vilarejos é deixar esses lugares isolados e vulneráveis, sem as principais ferramentas tecnológicas que estão na base das relações sociais atualmente.

Segurança cibernética em primeiro lugar

Uma guerra ou conflito, ainda mais com o envolvimento de um país como a Rússia, muda o mundo —para o bem e para o mal.

São os dois lados da moeda: ao mesmo tempo em que civis sofrem com ataques, diversas inovações surgem nessa jornada.

É assim desde a Antiguidade. Nos casos mais recentes, incluindo a disputa entre russos e ucranianos, observa-se que a segurança cibernética finalmente assumiu papel de destaque em diferentes esferas da sociedade.

A preocupação com a proteção das informações digitais ganhou novos contornos justamente por conta do potencial que elas têm em servir como armas nas mãos erradas.

Qualquer dado exposto na web pode ser a brecha que hackers precisam para invadir sistemas inteiros. Em muitos casos, o simples monitoramento de redes sociais pode trazer insights valiosos para a estratégia militar. O tradicional trabalho de espionagem, mas dessa vez no ambiente digital.

Governos, grandes empresas e até mesmo alguns cidadãos conscientes já perceberam esse cenário de vigilância.

Não à toa, o investimento global em cibersegurança deve saltar de US$ 165,7 bilhões em 2021 para US$ 366,1 bilhões em 2028, segundo projeções da Fortune Business Insights.

Só no Brasil, o medo de ataques fez com que 83% das empresas gastassem mais com ferramentas desse tipo, de acordo com a pesquisa PwC Digital Trust Insights 2022 —isso antes mesmo de um conflito armado irromper no leste europeu e colocar o mundo de sobreaviso.

Diante da aceleração digital provocada pela pandemia de covid-19 e da própria evolução da tecnologia em diferentes setores, cedo ou tarde a segurança cibernética assumiria o controle no debate público.

O que o confronto entre Rússia e Ucrânia fez foi apenas reforçar a importância e necessidade do assunto. Porque a proteção dos dados digitais revelou-se imprescindível quando tudo está em paz; mas é literalmente uma questão de sobrevivência em tempos de guerra.



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