Como era o Orkut? Relembre scraps, comunidades, depoimentos


Para a geração que só conheceu Facebook, Instagram, Twitter e TikTok, os rumores de um possível retorno do Orkut podem soar meio “cringe“. Mas para quem teve na extinta plataforma sua primeira experiência com redes sociais, a notícia de que o criador prepara novidades é um chamariz de nostalgia.

Criado em 2004, mesmo ano que o Facebook, o Orkut nasceu como um projeto paralelo do desenvolvedor Orkut Buyukkokten, que na época trabalhava no Google. A rede social fez sucesso no Brasil e na Índia, mas não decolou no resto do mundo e foi encerrada de vez em 2014, após alguns anos perdendo espaço para a plataforma de Mark Zuckerberg.

Conheça (ou relembre) as principais funções da plataforma em seus dias de ouro.

Como eram os perfis

Originalmente, para entrar no Orkut era preciso receber o convite de alguém que já estivesse lá. Com o sucesso da plataforma, ela começou a aceitar cadastros de pessoas sem convite. Os perfis seguiam o mesmo padrão das redes de hoje: foto, nome, descrição e alguns dados pessoais que você podia deixar públicos ou não.

Vejamos, por exemplo, a imagem abaixo, que sintetiza muito do que se via na rede.

Orkut - perfil padrão - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

As principais informações do usuário ficavam ali, disponíveis para todos. Desde, claro, que se aceitasse algo que faria muito stalker de Facebook ter calafrios: a partir do momento que você desejasse ver o perfil alheio, era necessário ativar uma função que sinalizava ao dono do perfil visitado que você esteve por lá.

Orkut - quem acessou seu perfil - Reprodução - Reprodução
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Era vergonhoso, mas muita gente ligava o modo “estou bisbilhotando mesmo, e daí?” e acabava usando a função. Isso, porém, nem sempre foi assim: no início, o Orkut não tinha nenhuma funcionalidade além de permitir trocar scraps e ver fotos.

Orkut - tela inicial - Reprodução - Reprodução
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Tinha também uma parada “meio ‘Black Mirror'”: os usuários da rede costumavam ostentar a quantidade de “gelinhos, carinhas, coraçõezinhos e estrelinhas” que eles tinham. Basicamente, as pessoas te avaliavam em quesitos como “charme” e “carisma”. A estrelinha, por sua vez, era para quem quisesse se declarar seu fã – só sobrou ela, no final.

Orkut - avaliação do usuário - Reprodução - Reprodução
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No começo, havia também um limite para o número de amizades: mais precisamente, você só podia ter mil contatos na rede social. Os perfis mais populares chegavam a se desdobrar em dois ou três para abrigar os novos amigos, e os mais antigos acabavam com um “LOTADO”, assim, em caixa alta, ao lado do nome.

DM que nada: como eram os recados (scraps)

Se hoje as redes sociais possuem caixas de entrada dedicadas, as famosas DMs (direct message, ou mensagem direta, em inglês), com o Orkut a coisa funcionava por meio de recados — ou “scraps”, para quem começou a usar a plataforma bem no comecinho, quando ainda não havia tradução para o português e as principais funções eram em inglês.

Esses scraps eram recados que acabavam ficando visíveis para todos os amigos. Muita gente deixava no perfil o aviso “só add com scrap” — ou seja, você só seria adicionado aos amigos se deixasse um recado se identificando.

Orkut - scrapbook - Reprodução - Reprodução
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O problema é que, muitas vezes, esses scraps continham links maliciosos, do tipo “as fotos da festa ficaram ótimas”.

Por outro lado, também havia uma ferramenta dedicada a mensagens privadas. Só não tinha a mesma graça e a caixa acabava se tornando um enorme amontoado de spam.

Orkut - inbox - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Havia também os depoimentos: não muito diferente das recomendações que as pessoas trocam hoje no LinkedIn, mas certamente bem menos profissionais. Basicamente, um amigo escrevia algo bonitinho sobre você e, mediante autorização, esse textinho (ou textão) era exibido para todos que visitassem seu perfil.

Os perfis mais populares tinham até briga pelo topo da lista de depoimentos.

Comunidades, as bisavós dos grupos do WhatsApp

E, claro, havia as comunidades, praticamente um mundo paralelo dentro da rede social. Antepassados dos grupos de WhatsApp, eram ponto de encontro para fãs de bandas, torcedores de times de futebol ou só gente cansada de acordar segunda-feira para discutir seus temas favoritos e fazer amizades virtuais.

Orkut - Comunidade - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Algumas das mais famosas entre os brasileiros (e que ainda podem ser vistas pelo site Internet Archive), havia:

  • Eu Odeio Acordar Cedo (6.106.958 membros);
  • Eu amo minha MÃE! (4.571.629 membros);
  • Te incomodo? Que peeena! (4.288.293 membros);
  • Sou legal, ñ tô te dando mole (1.520.489 membros).

No Brasil, elas também ganharam importância ao reunir em links de download para conteúdo pirateado. Vale lembrar que, na época, não era fácil encontrar músicas e filmes em plataformas de streaming: não existia Spotify e Netflix, por exemplo.

Uma das mais famosas, a “Discografias”, foi forçada a encerrar as atividades em 2009, após reunir quase 1 milhão de membros. Os administradores disseram que estavam sendo ameaçados de processo por associações antipirataria.

Para entrar numa comunidade do Orkut, era só jogar o tema no campo de busca e acessar. Assim como nos grupos de hoje do Facebook, algumas só autorizavam a entrada após análise de moderadores — para evitar entrada de perfis falsos, golpistas ou robôs de spam.

Lá dentro, você podia criar ou comentar em um tópico, uma espécie de post que iniciava toda uma conversa paralela dentro da comunidade. Era possível ver quem eram os outros membros da comunidade e até visualizar sugestões de grupos parecidos.

Virou bagunça

Com o tempo, porém, o Orkut foi além das funções básicas de rede social e começou a agregar recursos meio estranhos. Além da profusão de gifs animados e imagens com mensagens de autoajuda, o Orkut tinha sua própria ferramenta para animar seus usuários: a “Sorte do Dia”.

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E se você tivesse algum crush, era possível adicionar a pessoa em uma lista especial – você seria avisado caso ela fizesse o mesmo.

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O Orkut também tinha uma seção dedicada a jogos e aplicativos. Um dos que fizeram mais sucesso foi o BuddyPoke, que permitia criar um avatar animado para o seu perfil — em alguns casos, ele também foi usado como ferramenta de marketing.

Orkut - BuddyPoke - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Muitas vezes, porém, nada disso acontecia na rede social. Isso porque ela tinha o péssimo hábito de ficar offline e, frequentemente, apresentar essa infame mensagem para os usuários.

Orkut - no Donut for you - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

E aí, sentiu saudades?



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