Um grupo de cientistas liderado por Simone Scaringi, da Universidade de Durham, anunciou no último dia 20 a descoberta de um novo fenômeno astronômico: as micronovas. O estudo foi publicado na revista Nature.
Explosões estelares são velhas conhecidas dos astrônomos. Talvez as supernovas sejam as mais famosas; elas acontecem quando uma estrela muito grande, com cerca de 10 vezes a massa do Sol ou mais, param de gerar energia. Sem capacidade de sustentar o próprio peso, colapsam sobre si mesmas, gerando uma explosão capaz de ofuscar a luz de toda a galáxias que habitam.
Menos conhecidas, mas mais frequentes, são as novas. Nesse caso, o responsável é um fenômeno completamente distinto: anãs brancas, objetos muito compactos, começam a roubar o gás de outra estrela que esteja muito próxima, acumulando-se na superfície da anã branca.
Esse gás começa então a esquentar, aquecido pela alta temperatura da estrela “vampira”. Após algum tempo, isso pode levar a que os átomos de hidrogênio comecem a realizar o processo de fusão em hélio, produzindo uma emissão energética que pode durar algumas semanas, fazendo com que a estrela brilhe 10 mil vezes mais durante esse tempo.
Agora, a equipe de Scaringi estudou as observações do telescópio espacial TESS e encontrou alguns objetos que aumentaram seu brilho por “apenas” um fator de 10, e somente durante algumas horas.
Segundo os cientistas, o fenômeno pode ser explicado de forma semelhante às novas já conhecidas. A diferença é que o gás não se distribui ao redor da anã branca, como uma nova atmosfera, mas sim ao longo de um campo magnético confinado.
É como se o magnetismo da anã branca prendesse o gás em um cano invisível, um filamento ao longo do qual o material é roubado da estrela companheira.
Assim, a quantidade de hidrogênio que se funde em hélio é muito menor, gerando 1 milhão de vezes menos energia que uma nova normal. Ainda assim, não se engane: é o equivalente a cem bilhões de arranha-céus sendo queimados em poucas horas.
O grande desafio do trabalho, segundo os autores, é pegar a micronova “no ato”. Afinal, com escalas de tempo de poucas horas, não é fácil observar o objeto durante a emissão energética. É necessário estar olhando para o lugar certo na hora certa, um problema logístico complicado para os telescópios.
Ainda assim, agora que sabemos que as micronovas existem, podemos pensar em planos de observação, como um monitoramento mais específico de anãs brancas.
O grupo já está pensando em como encontrar mais eventos semelhantes, fazendo uso de respostas rápidas em telescópios assim que um novo sinal for encontrado.