Descrito tanto como visionário como louco, sul-africano quer conquistar subsolo e explorar Marte.
Elon Musk, o famoso bilionário nascido na África do Sul e novo dono do Twitter, é um dos nomes mais midiáticos entre os empresários da economia das novas tecnologias.
Ele comprou a empresa de rede social por US$ 44 bilhões (cerca de R$ 214 bilhões) na segunda-feira (25/04). Musk é conhecido por defender “livre expressão” na plataforma e já criticou algumas medidas do Twitter no passado.
Seu principal empreendimento, no entanto, é a Tesla, empresa especializada em carros elétricos, armazenamento de energia e fabricação de painéis solares. Mas Musk também criou a Paypal (empresa de pagamentos online) e outras bem-sucedidas companhias.
Algumas delas são a Boring Company, pela qual planeja conquistar o subsolo, e a SpaceX, voltada para exploração aeroespacial e responsável pelo recente lançamento de um carro da Tesla ao espaço.
Desde que vendeu a PayPal ao eBay por US$ 1,5 bilhão, há 12 anos, Musk tornou-se para muitos um gênio, para outros um louco e para muitos outros um visionário, um iluminado, um playboy ou um super-herói.
O magnata de 47 anos já namorou atrizes americanas famosas como Talulah Riley (Orgulho & Preconceito, A Origem) e Amber Heard (Liga da Justiça).
Com a cantora canadense Grimes, ele foi pai de uma criança cujo nome inspirou muitos tuítes na época do nascimento: o garoto X Æ A-12 (a mãe diz que pronuncia em inglês “X A.I. Archangel” ou eksi ei ai arquiangel). Os dois também são pais da menina Exa Dark Sideræl.
Ele tem mais 6 filhos de relacionamentos anteriores.
Diz-se que o ator Robert Downey Jr se inspirou nele para interpretar Tony Stark em Homem de Ferro.
O renomado empresário mudou as formas como entendemos as indústrias do voo espacial privado e do carro elétrico, energia solar e inteligência artificial.
Musk prometeu que, em breve, viajaremos em trens magnéticos de altas velocidades dentro de um tubo subterrâneo e também que faremos viagens turísticas ao espaço eventualmente colonizando Marte.
O lançamento do carro Falcon Heavy no espaço foi o primeiro passo dessa empreitada. “É bobo e engraçado”, admitiu à época. “Mas as coisas bobas e engraçadas são importantes”, acrescentou.
Mas quem é realmente Elon Musk? Como se tornou bilionário? E como se embrenhou na carreira futurista?
Início
Tudo começou em Pretória, na África do Sul.
Quando criança, Musk era obcecado por romances de ficção científica.
Sua mãe, Maye, uma modelo, e seu pai, Errol, um engenheiro, se divorciaram quando ele tinha oito anos de idade.
Seu irmão mais novo e sua irmã decidiram que ficariam com sua mãe, enquanto Musk foi morar com seu pai.
Mas ele não tem boas recordações da infância. Diz ter sofrido bullying de seus colegas de classe. “Era tudo horrível”, comentou sobre esse período.
Aos 17 anos, mudou-se para o Canadá para estudar física e economia na Queen’s University of Ontario.
De lá, emigrou para os Estados Unidos em 1992, passou a estudar na Universidade da Pensilvânia e depois começou com um Ph.D. em física na renomada Universidade de Stanford, na Califórnia.
Acabou largando o curso para se tornar empreendedor.
Foi então que fundou, junto com seu irmão menor, a Zip2, uma plataforma online de jornais.
Em 1999, a dupla vendeu a empresa para a Compaq por US$ 300 milhões. Com esse dinheiro, Musk arriscou a criar um banco on-line, X.com, que mais tarde se tornaria a PayPal.
Foi três anos depois, em 2002, que vendeu o famoso site de pagamentos online para a eBay.
Aos 31 anos, Musk já acumulava um patrimônio de US$ 165 milhões e cultivava a fama de trabalhador implacável.
Quando fundou o Zip2, trabalhava todos os dias, dormia no escritório e tomava banho na Associação Cristã dos Moços que ficava no caminho do trabalho.
Quando questionado, em 2010, sobre qual conselho daria a empresários, sugeriu que eles deveriam “trabalhar de 80 a 100 horas por semana”.
“Se outras pessoas trabalham 40 horas por semana, e você trabalha 100 horas, você conseguirá em quatro meses o que outras demoram um ano para fazer”, disse ele.
‘O macho alfa’
Naquela época, Musk estava casado havia dois anos com Justine Wilson, uma aspirante a escritora que ele conheceu em Ontário.
Em uma entrevista à revista Marie Claire, Wilson lembrou que, numa ocasião, Musk perguntou se ela queria sorvete.
Inicialmente, ela disse que sim, mas então mudou de ideia. Mesmo assim, Musk apareceu com dois sorvetes.
“Ele não é um homem que aceita não como uma resposta”, disse ela.
Wilson também destacou outra passagem do relacionamento dos dois. No dia de sua festa de casamento, enquanto dançavam, ele lhe disse: “Sou o macho alfa da relação”.
Segundo ela, Musk era um “marido controlador”, que a obrigava a pintar seus cabelos cada vez mais loiros.
“Sou sua esposa, não sua empregada”, teria dito ela. Ao que ele teria respondido: “Se você fosse minha empregada, eu a demitiria”.
O primeiro filho de ambos, Nevada, morreu com 10 semanas por causa da chamada Síndrome da Morte Súbita Infantil. Musk sempre se recusou a falar sobre o ocorrido.
Em seguida, o casal teve mais cinco filhos, gêmeos e trigêmeos, por meio de fertilização in vitro.
Oito anos depois do casamento, eles se divorciaram, em uma separação litigiosa de vários milhões de dólares.
Seis semanas depois, Musk enviou uma mensagem de texto a sua ex-mulher para comunicar que estava noivo de Talulah Riley, uma atriz britânica 14 anos mais nova do que ele.
“Nunca serei feliz sem ter alguém”, disse ele à revista americana Rolling Stone. “Acordar sozinho me mata”.
As novas empresas
Após a venda da PayPal em 2002, Musk usou sua fortuna para fundar três novas empresas: Tesla, SpaceX e uma empresa de energia solar chamada Solar City.
A Tesla parecia fadada ao fracasso: uma empresa de automóveis elétricos em um país extremamente dependente da gasolina.
Com Musk no comando, a empresa estabeleceu um plano:
– Primeiro, vender um carro esportivo de alto desempenho
– dotá-lo de um motor que o diferenciasse do estereótipo de veículos elétricos pequenos e pouco potentes
– projetar um sedan de luxo
– e, finalmente, um carro elétrico de baixo custo e com grande autonomia
Um empréstimo de US$ 456 milhões do governo dos EUA salvou a Tesla da falência em 2008. Dois anos depois, a empresa se tornou a primeira montadora americana a ter suas ações negociadas na bolsa desde a Ford, em 1956.
E, em 2017, conquistou o que poucos imaginavam: superou a Ford e a General Motors em valor de mercado, por um curto período.
Mas sérios atrasos na produção de seu modelo 3, de baixo custo, resultaram em seguidos prejuízos.
Na última quarta-feira, por exemplo, um dia depois de seu carro ter sido lançado no espaço, a Tesla amargou um prejuízo de US$ 675,4 milhões no último trimestre de 2017, valor cinco vezes maior do que no ano anterior (embora as receitas tenham aumentado 44%).
Conquista do espaço
Ao longo dos últimos cinco anos, Musk delineou diferentes planos e prazos para seu objetivo final de enviar humanos para colonizar o planeta Marte.
No final do ano passado, ele disse esperar que a SpaceX enviasse uma missão de carregamento já em 2022, para estabelecer as bases, seguido por outra missão, dessa vez tripulada, em 2024.
Mas as dificuldades práticas e os perigos do envio de seres humanos a uma distância de 160 milhões de quilômetros ainda são um grande desafio.
A Nasa, a agência espacial americana, tem sido mais cautelosa e prevê uma missão tripulada para apenas meados da década de 2030.
Mas, enquanto isso, a SpaceX começa a colher suas conquistas.
Missões de reabastecimento para a Estação Espacial Internacional, lançamentos de satélites comerciais, contratos com a Nasa e a Força Aérea americana levaram a SpaceX a se aproximar do clube das empresas mais valiosas do mundo.
Atualmente, seu valor de mercado totaliza US$ 21,2 bilhões (R$ 70 bilhões).
A empresa também foi pioneira na nova tecnologia de lançamento de foguetes reutilizáveis e superou a Nasa e outros rivais, como a canadense Boeing, oferecendo voos espaciais (relativamente) baratos.
Viagem ao centro da Terra
E enquanto a SpaceX busca conquistar o espaço, outra empresa de Musk se dedica a explorar o subsolo.
Em outubro, sua empresa Boring Company obteve a permissão do governo dos EUA para escavar um túnel de teste de cerca de 12 quilômetros sob o Estado americano de Maryland.
Musk espera que um dia passe por ali o “Hyperloop”, um trem-bala eletromagnético que, segundo ele, transportará passageiros a até 1.233 km/h.
Em julho do ano passado, o empresário tuitou que havia obtido a “aprovação verbal do governo” para construir um túnel similar entre Nova York e Washington, o que reduziria o tempo de viagem entre as duas cidades das atuais 3 horas a 29 minutos.
No entanto, o governo negou a conversa.