Por Dawn Chmielewski
LOS ANGELES (Reuters) – A Netflix divulgou nesta terça-feira a primeira queda em mais de uma década na base de assinantes e estimou mais contração no segundo trimestre, em um raro desempenho fraco de uma companhia que até agora tem sido considerada como um motor de crescimento pelos investidores.
A Netflix perdeu 200 mil assinantes no primeiro trimestre de 2022, abaixo de suas projeções mais modestas, que indicavam adição de 2,5 milhões de usuários. A decisão da empresa de suspender serviço na Rússia resultou na perda de 700 mil assinantes.
A Netflix, que atualmente tem 221,6 milhões de assinantes, publicou uma queda de clientes pela última vez em outubro de 2011.
Já para o segundo trimestre, a Netflix divulgou um cenário fraco, projetando a perda de 2 milhões de assinantes, apesar de novas temporadas de franquias de sucesso como “Stranger Things” e “Ozark” e da estreia do filme “The Grey Man”, que tem no elenco os astros Chris Evans e Ryan Gosling. Analistas, em média, esperavam que a empresa divulgasse uma estimativa de 227 milhões de assinantes para o segundo trimestre, conforme dados da Refinitiv.
A receita da Netflix no primeiro trimestre cresceu 10%, para 7,87 bilhões de dólares, ficando ligeiramente abaixo da expectativa média do mercado de 7,93 bilhões de dólares.
“O grande número de residências compartilhando contas, junto com a competição, está criando obstáculos para o crescimento da receita. O grande impulso gerado pela Covid no mercado de streaming obscureceu este quadro até recentemente”, disse a Netflix, explicando as dificuldades em ampliar sua base de clientes.
Os serviços de streaming não são a única forma de entretenimento que disputa o tempo dos consumidores. A última pesquisa Digital Media Trends da Deloitte, divulgada no final de março, revelou que a Geração Z, aqueles consumidores de 14 a 25 anos, passam mais tempo jogando videogames do que assistindo filmes ou séries de televisão em casa, ou mesmo ouvindo música.
A maioria dos consumidores da geração Z e Millennial entrevistados disseram que passam mais tempo assistindo a vídeos criados por usuários, como os do TikTok e do YouTube, do que assistindo a filmes ou programas em um serviço de streaming.
A Netflix, reconhecendo a mudança nos hábitos de entretenimento do consumidor, começou a investir em videogames, mas esse segmento ainda não contribui materialmente para a receita da empresa.
(Por Dawn Chmielewski, em Los Angeles; reportagem adicional de Lisa Richwine, em Los Angeles, e Nivedita Balu e Tiyashi Datta, em Bengaluru)