De acordo com cientistas, não existe um lugar no planeta em que há uma tendência maior ou menor para um meteorito cair. Eles caem aleatoriamente na Terra e isso pode acontecer em qualquer ponto e a qualquer momento.
No entanto, algumas vezes a Rússia chegou a ser “sorteada” como o local no planeta a ser mais atingido por meteoritos. Para alguns estudiosos, o fenômeno pode ser explicado pelo grande tamanho do território russo, o que aumentam as chances de descobertas de rocha espacial por lá.
Meteoros x meteoritos
Ao longo do ano, o planeta Terra é bombardeado por toneladas de fragmentos vindos do espaço —como pedaços de rochas e metais de asteroides, cometas e até mesmo de planetas—, segundo a Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos).
O meteoro é o fenômeno que envolve a entrada desses fragmentos vindos de fora da Terra. O processo é marcado por um rastro luminoso que cruza o céu. Popularmente, ele é conhecido como estrela cadente.
Os fragmentos que conseguem chegar até a superfície sem antes se desintegrarem completamente devido ao atrito com os gases da atmosfera da Terra passam a ser chamados de meteoritos.
Alguns são minúsculos, mas outros podem pesar toneladas, como o meteoro que explodiu em 2013, nas proximidades da cidade de Chelyabinsk, na Rússia.
O meteorito com uma massa estimada de 10 toneladas deixou mais de 500 pessoas feridas por conta da onda de choque gerada pela entrada do meteoro na atmosfera.
Em 1908, um meteorito de grandes dimensões já tinha atingido o país, próximo do vale do rio Tunguska, destruindo uma área de floresta do tamanho aproximado da cidade de São Paulo.
Como achar um meteorito?
“Para saber se um meteoro de fato chegou à superfície, é preciso ter visto ele cair do céu ou encontrar o fragmento no solo. Assim, a tendência é que se encontre muito mais meteoritos em locais mais povoados. Mas isso não significa que eles não tenham caído em uma área de floresta densa, por exemplo. Mas ninguém viu, ninguém achou”, explica Maria Elizabeth Zucolotto, professora e pesquisadora especialista no tema do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
A professora cita ainda que é comum afirmarem que as quedas são mais frequentes entre os meses de julho e agosto. “Mas também se especula que é porque são meses de verão nos países desenvolvidos e com mais pessoas nas ruas”, acrescenta. Logo, a chance de encontrarem mais pedras aumenta.
Onde estão?
Em 2013, o site CartoDB, especializado em geolocalização, chegou a criar um mapa indicando todos os lugares onde quedas de meteoritos e meteoros foram oficialmente registradas —sejam os encontrados em terra ou aqueles cuja descida foi presenciada. No entanto, hoje esse material encontra-se desatualizado.
Ainda assim, quem tem interesse em conhecer mais a fundo sobre os meteoritos que já se chocaram com o planeta Terra e foram registrados, pode acessar o Boletim Meteorítico, a partir da base de dados da Meteoritical Society, grupo internacional que registra todos os meteoritos reconhecidos pela comunidade científica. Atualmente, a plataforma concentra quase 70 mil nomes válidos.
Deserto, frio e mar
Os mapas e estudos sobre quedas de meteoritos revelam que parte deles, ao longo do tempo, caiu próximo de áreas povoadas no sul dos Estados Unidos e países do oeste europeu.
Além de lugares povoados, duas regiões terrestres são conhecidas como verdadeiras “minas” de meteoritos: os desertos e a Antártida. Nesses ambientes, o processo que modifica as características das rochas acontece mais lentamente, o que preserva os meteoritos por mais tempo.
Há outro fator: na Antártida, por exemplo, é mais fácil detectar um meteorito que caiu há pouco tempo, por conta do contraste entre sua crosta de fusão que é escura e o gelo, que é claro.
Além disso, também é preciso levar em conta que boa parte dos fragmentos caem nos mares e oceanos, uma vez que 70% da superfície da Terra é coberta pela água.
E no Brasil?
De acordo com a Meteoritical Society, o Brasil registrou 99 meteoritos em seu território até março de 2022. O mais velho é o Bendegó, encontrado na Bahia, em 1784, pesando 5,36 toneladas. E o mais pesado encontrado até agora foi o Santa Catarina, que caiu no estado de mesmo nome, em 1875, pensando 7 toneladas.
Já os listados mais recentemente estão o Santa Filomena, registrado em Pernambuco em 2020, com peso estimado de 80 kg, e o Conceição do Tocantins, em 2021, que caiu em Tocantins, pesando 449 gramas.
Segundo os dados de controle, Minas Gerais é o Estado com maior número de registros: 24. “Isso acontece pela tradição de exploração mineral do Estado. Com isso, as pessoas estão mais treinadas para encontrar e reconhecer o meteorito. Diferente da região Norte, por exemplo, que tem uma área de mais difícil acesso por conta da floresta Amazônica”, diz Elizabeth.
Mesmo o Brasil tendo quase 50% da área da América do Sul, a amostragem daqui é bem menor que países como o Chile (939) e Argentina (87), com territórios menores.
Um dos fatores que dificultam a identificação e a coleta de meteoritos no Brasil está relacionado ao clima quente e úmido, que modifica rapidamente o aspecto desses corpos, confundindo-os com rochas comuns, e as extensas áreas cobertas por mata nativa.
Outro ponto está relacionado à falta de informação da população e a dificuldade para identificar os meteoritos. “Já recebi uma amostra de meteorito que estava há 20 anos dentro de um galpão e ninguém fazia ideia de que podia ser um”, diz Elizabeth.
Como identificar um meteorito?
Se você ficou na dúvida se já viu um meteorito e “passou batido”, existem algumas dicas para saber como identificá-lo:
- Eles são pesados — em geral, são um pouco ou muito mais pesados que uma rocha terrestre do mesmo tamanho.
- São atraídos por ímãs — praticamente todos os meteoritos são atraídos por ímã, mas não são magnéticos.
- O interior do meteorito tem uma cor de aço.
Na dúvida, os cientistas da área sempre recomendam que os órgãos especializados devem ser notificados para ajudar na análise. É possível tirar uma foto da pedra e enviar para o setor de Meteorítica do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Especialista e fontes consultadas:
Maria Elizabeth Zucolotto, professora e pesquisadora especialista no tema do Museu Nacional do Rio de Janeiro; Nasa (Agência Espacial Norte-Americana); www.meteoritos.com.br; The Meteoritical Society
*Com matéria de Cintia Baio