A saga da venda do Twitter continua. Elon Musk acusou novamente a rede social de fraude, por esconder os números reais de contas falsas. Em uma resposta jurídica no processo no qual é investigado por violar os termos de acordo de compra da plataforma, o bilionário sul-africano alega que 10% de seus usuários ativos são bots de spam.
De acordo com o jornal The New York Times, os advogados de defesa se baseiam em aferições com a ferramenta Botometer, usada para medir contas inautênticas em redes sociais a partir de uma série de variáveis que analisam o comportamento do usuário para classificá-lo ou não como um robô. Desenvolvida pela Universidade de Indiana, ela já teria apontado a conta do próprio Musk como fake.
A real quantidade de contas falsas foi o principal motivo para Musk desistir, em 8 de julho, de comprar o Twitter por US$ 44 bilhões (R$ 230 bilhões). À época, o dono da Tesla e da SpaceX disse que a rede social não era transparente sobre esses números, o que tornava o negócio inviável e colocava em dúvidas sobre o verdadeiro valor da compra. O caso foi parar na Justiça e tem para outubro o início do julgamento.
O Twitter insiste que os bots são menos de 5% entre seus 229 milhões de usuários ativos no primeiro semestre do ano no mundo todo.
‘Preço inflacionado’, diz Musk
Em sua primeira resposta formal, protocolada em 29 de julho e tornada pública ontem (4), Musk afirmou através de seus advogados que a falta de transparência do Twitter o fez concordar com a compra por um “preço inflacionado”, pois a quantidade de perfis fake deveria ser levada em conta na definição do valor.
“O Twitter estava contando erroneamente o número de contas falsas e de spam em sua plataforma, como parte de seu esquema para enganar os investidores sobre as perspectivas da empresa”, escreveram os advogados de Musk.
As divulgações do Twitter foram desvendadas lentamente, com o Twitter fechando freneticamente os portões de informações em uma tentativa desesperada de impedir que os partidos de Musk descobrissem sua fraude. Advogados de Musk no processo.
Em outro argumento, a equipe jurídica de Musk afirma que a plataforma também ocultou o verdadeiro número de contas que veem anúncios pagos. Os advogados aferiram que 65 milhões dos seus 229 milhões de perfis não viram publicidades. Isso, segundo respondeu Musk no processo, demonstra fraqueza no modelo de negócios e afasta investidores para financiar a compra.
‘Conclusões malucas’, diz Twitter
Em comunicado enviado ao jornal New York Times, o Twitter afirmou que Musk tenta “distorcer os dados recebidos para patrocinar conclusões malucas” e reiterou seus números.
“Suas alegações são factualmente imprecisas, juridicamente insuficientes e comercialmente irrelevantes”, disse Bret Taylor, presidente do Conselho do Twitter no comunicado.
Segundo a rede social, a ferramenta usada pelos advogados de Musk apresenta dados imprecisos sobre contas, pois o mesmo software já considerou a conta de Musk como fake, mesmo sendo real e ativo no Twitter.
Julgamento será em outubro
O Tribunal de Chancery, em Delaware (EUA), definiu para outubro o julgamento sobre a desistência da compra, previsto para durar cinco dias. A data exata para análise do caso ainda é incerta.
A decisão, proferida pela juíza Kathaleen McCormick, representa uma derrota para Musk, que gostaria de adiar o julgamento para fevereiro de 2023. O Twitter queria que fosse em setembro.
“A realidade é que o atraso ameaça danos irreparáveis aos vendedores”, disse ela, referindo-se ao Twitter.