Entre sexta-feira (29) e domingo (31), acontece o pico de duas belas chuvas de meteoros: a Delta Aquáridas do Sul e a Alfa Capricórnidas. As previsões são otimistas: nestas noites tão aguardadas pelos admiradores do espaço, teremos a chance de ver mais de 30 meteoros por hora.
Este ano, seremos ajudados pela Lua, que entra hoje na fase nova (quando fica “apagada”). Com o céu escuro, fica mais fácil observar os rastros luminosos. Tudo isso a olho nu, sem necessidade de qualquer equipamento especial, e de qualquer parte do Brasil.
Como o nome sugere, a Delta Aquáridas do Sul tem um radiante (ponto de onde os meteoros aparentam surgir, na constelação de Aquário) mais fácil de ser visualizado no nosso hemisfério. Ela é muito densa; no auge de sua atividade, podem ser registrados entre 20 e 25 meteoros por hora, que não são tão brilhantes, mas podem encher o céu de “riscos”.
Já a Alfa Capricórnidas tem o radiante na constelação de Capricórnio. Seu pico é menos intenso, com cerca de cinco ocorrências por hora, mas ela tem um diferencial: os meteoros costumam aparecer como bolas de fogo muito brilhantes e explosivas (bólidos), deixando clarões no céu, em vez dos tradicionais rastros.
Além disso, pode haver alguns remanescentes da chuva Piscis Austrinids, que teve seu pico ontem (28). Os melhores momentos para observar são as noites de sexta para sábado (30) e sábado para domingo (31).
Dicas para observar
- Torça por um céu sem nuvens. Procure um lugar com pouca luz, como uma varanda ou quintal. Quanto menos poluição luminosa, mais chances de observação.
- Fique confortável. Deite ou sente em uma cadeira (de preferência uma reclinável), proteja-se do frio e evite usar o celular (para não se distrair e nem ter a visão ofuscada pela claridade da tela).
- Tenha paciência. Nossos olhos demoram cerca de 20 minutos para se acostumar com a baixa luminosidade e a diferenciar o brilho dos diferentes corpos celestes (estrelas, planetas, meteoros).
- A partir das 22h, olhe para o leste (direção em que o Sol nasce). As constelações de Aquário e de Capricórnio, onde estão localizados os radiantes das chuvas, estarão despontando no horizonte.
- Um app de astronomia (como o Skywalk, Starchart, Stellarium ou Skyview) pode te ajudar a encontrá-las. Capricórnio estará logo acima de Aquário, com o brilhante planeta Saturno entre elas. Não é preciso fixar seu olhar: os meteoros podem surgir de qualquer ponto em torno desta área.
- Observe atentamente, mantendo o foco de visão aberto, e espere pelos meteoros. O melhor horário é entre meia-noite e 4h, quando as constelações estarão bem acima de nossas cabeças, no meio do céu. Meteoros podem ser vistos até o amanhecer.
- Se quiser seguir a tradição, não esqueça de fazer um pedido quando avistar uma ‘estrela cadente’.
O espetáculo segue na semana seguinte, com menos meteoros (talvez uns dez por hora), mas ainda bem intenso. Vale a pena olhar para o céu nos próximos três dias também.
A Delta Aquáridas do Sul já tem sido registrada. Uma câmera do Observatório Heller-Jung, em Gramado, flagrou 118 meteoros nos últimos dias. Veja uma sobreposição deles:
Em 2021, estas chuvas deram um show nos céus brasileiros por cerca de uma semana, mesmo com a Lua brilhante. Por isso, as previsões para este ano são ainda mais otimistas.
O que são?
Meteoros são pequenos pedaços de rochas e poeira espacial, que queimam ao entrar na atmosfera da Terra em altíssima velocidade, gerando o belo fenômeno luminoso. Eles são inofensivos, e geralmente se desintegram bem antes de atingir o solo.
Quando há uma “chuva”, a atividade é maior e concentrada, pois a Terra está atravessando uma trilha flutuante de detritos, deixada pela passagem de algum corpo celeste que orbita o Sol. A Delta Aquáridas é gerada pelo cometa 96P/Machholz; a Alfa Capricórnidas, pelo 169P/NEAT.
Elas acontecem uma vez por ano, todos os anos, entre julho e agosto. É quando a Terra, em seu movimento de translação, cruza a órbita do cometa em questão. Neste período, durante cerca de 40 dias, algumas destas partículas atingem nossa atmosfera; o pico dura cerca de dois dias, quando atravessamos a área mais central e densa do rastro.
Meteoros maiores e mais brilhantes são nomeados “bolas de fogo” (fireball); os que explodem no final também são chamados de bólidos.