Empresa sul-coreana clona cães com genes editados para evitar doenças


Cães da raça beagle foram clonados a partir de células da pele e tiveram os genomas editados pela primeira vez na Coreia do Sul. A iniciativa é uma tentativa de avanço científico para evitar doenças entre cães gerados por espécimes de uma mesma família (endogamia). Os filhotes tiveram o gene DJ-1 suprimido — parte genética associada ao câncer, doença de Parkinson, Alzheimer e derrame, doenças típicas de animais com esse tipo de origem familiar.

Muitos cães de raça pura são propensos a doenças genéticas hereditárias, como problemas cardíacos, de pele, ossos e olhos devido a uma falta de diversidade genética, mas a nova técnica pode permitir que os distúrbios sejam eliminados antes do nascimento.

Embora a exclusão do gene DJ-1 tenha sido apenas um teste para ver se o processo funciona — e examinar o papel do gene — a equipe diz que já foi capaz de corrigir uma doença genética em um cão e, em breve, publicará sua pesquisa.

“Este é o primeiro passo de nossa pesquisa para estabelecer esse método de edição de genoma em cães”, declarou ao jornal britânico The Telegraph Okjae Koo, da empresa de biotecnologia sul-coreana ToolGen, que realizou o processo de clonagem com a Chungnam National University.

“O objetivo final de nossa pesquisa é curar cães, usando essa tecnologia, de mutações patogênicas induzidas por endogamia. Temos um plano de usar essa tecnologia para recuperar mutações patogênicas de vários cães e estamos desenvolvendo produtos de terapia genética para curar animais”, declarou Okjae Koo.

A clonagem de cães tornou-se popular para os criadores nos últimos anos, com muitos proprietários optando por criar um “gêmeo genético” de um animal de estimação morto ou moribundo.

Ao contrário da prole, os animais clonados tendem a exibir os mesmos níveis de inteligência, temperamento e aparência que seus gêmeos, mas também são suscetíveis aos mesmos problemas de saúde.

Doença “removida”

A nova técnica pode permitir que a doença que causou a morte do animal seja removida antes do processo de clonagem, bem como outras características insalubres.

O processo de clonagem de um cão usando uma célula da pele é conhecido como transferência nuclear de células somáticas. Os cientistas removem o núcleo de um óvulo e o substituem pelo núcleo de outra célula do corpo, neste caso uma célula da pele de um beagle.

Antes que a célula da pele seja colocada dentro do óvulo, seu DNA é ajustado usando uma técnica conhecida como Crispr, que age como uma tesoura molecular para cortar partes do genoma que são prejudiciais ou indesejadas.

Os cientistas então usam a inseminação artificial para colocar o clone do óvulo em uma cadela que sirva de mãe de aluguel. É um processo semelhante ao da ovelha Dolly, clonada em 1996, embora nenhuma alteração genética tenha ocorrido antes que as células fossem colocadas dentro do ovo.

A nova pesquisa foi publicada na revista BMC Biotechnology.



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