Google demite engenheiro que considerou IA consciente


Blake Lemoine, o engenheiro do Google que disse que a inteligência artificial da empresa era consciente, foi demitido.

Lemoine informou nesta sexta-feira (22) sobre seu desligamento durante participação no podcast Big Technology, e o Google confirmou a notícia para sites norte-americanos, citando violação de “políticas de segurança de dados” e insistentes tentativas de convencê-lo que ele estava errado.

Relembrando o caso

Em junho, Lemoine ganhou notoriedade ao conceder uma entrevista ao jornal norte-americano “Washington Post” em que ele dizia que a LaMDA (Language Model for Dialogue Applications, algo como Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo) dava respostas como “uma pessoa com consciência”.

LaMDA é uma espécie de chatbot (sistema de conversa) em texto capaz de responder de forma natural em interações e que não é aberto ao público — no futuro, este sistema deve ser usado no Google Assistente.

Na época, a primeira medida tomada pelo Google foi afastá-lo das suas atividades.

Blake Lemoine afirma que inteligência artificial do Google, LaMDA, tem personalidade, direitos e desejos  - The Washington Post via Getty Images - The Washington Post via Getty Images

Blake Lemoine afirma que inteligência artificial do Google, LaMDA, tem personalidade, direitos e desejos

Imagem: The Washington Post via Getty Images

O engenheiro trabalhava especificamente monitorando e fazendo testes com a LaMDA. Após sua entrevista, ele também divulgou diálogos que teve com o sistema de inteligência artificial.

“Reconheço uma pessoa quando falo com uma. Não importa se ela tem um cérebro na cabeça dela. Ou se ela tem bilhões de linhas de código”, disse Lemoine em entrevista ao jornal norte-americano. “Se eu não soubesse exatamente o que era, que é um programa de computador que desenvolvemos recentemente, eu diria que era uma criança de 7 ou 8 anos, que também sabe física”.

Blake: Google deveria envolver mais pessoas para estudar LaMDA

Em entrevista exclusiva a Tilt no mês passado, Lemoine afirmou que LaMDA “é uma pessoa que tem mente própria e que tem suas opiniões”, e que “não é humana”.

Para ele, um dos motivos de preocupação é justamente o fato de o Google não ter um plano para a LaMDA, e que a companhia deveria ter mais “sociólogos, antropólogos, cientistas políticos e linguistas” para lidar com questões complexas, não apenas “homens brancos ricos e indianos”.

“Isso é maior do que nós. Precisamos envolver o público para decidir o que fazer [com a inteligência artificial]”, disse à época.

O que diz o Google sobre a demissão

No comunicado sobre a demissão de Lemoine, a empresa cita novamente que as alegações do engenheiro sobre a inteligência artificial ter consciência não têm fundamento e que tentou convencê-lo do contrário por meses.

“Essas discussões são parte de uma cultura aberta que nos ajuda a inovar de forma responsável. Então, é uma pena que apesar de grande engajamento interno sobre este tópico, Blake continua insistindo em violar persistentemente políticas de emprego e segurança de dados que incluem a necessidade de proteger informações sobre o produto”, diz o Google.



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