‘Máfia’ do Rappi? Como eEmpresa de delivery influencia outras startups


Ex-funcionários do serviço de delivery colombiano Rappi estão criando um círculo de influência própria a partir de recontratações e fundações de suas próprias startups pela América Latina — num movimento que está sendo chamado por especialistas como “máfia do Rappi”.

O termo “máfia” (ou “vírus”, como se popularizou no Brasil) serve para designar um grupo de empresas cuja criação está relacionada a saída e experiência em uma mesma companhia. Entretanto, a expansão da empresa indica uma forte tendência a controlar o mercado empreendedor local.

A expressão foi usada pela revista Fortune pela primeira vez, em 2008, quando aproximadamente 300 ex-funcionários do PayPal fundaram seus próprios negócios após deixar a instituição de pagamentos online.

Fundado em 2015, o Rappi já foi responsável indiretamente pela criação de 100 empresas, números que superam outros unicórnios (empresas avaliadas em US$ 1 bilhão) na América Latina, como Nubank e Gympass, e até mesmo outras gigantes do setor tecnológico, como SpaceX e Netflix.

‘Líder do clubinho’

Enquanto no mercado brasileiro, onde mais de um unicórnio opera, o Rappi compete de igual para igual, na Colômbia — país onde se fala “pedir um Rappi” ao invés de “faz um delivery” — a empresa se transforma numa espécie de “líder do clubinho” do cenário tecnológico.

“Competir contra alguém que já domina totalmente a rede é muito complexo”, comenta Erick Behar-Villegas, professor de economia especialista na América Latina pela universidade de Berlim. Ao portal Rest of World, ele comenta que empresas que vão contra ela não possuem acesso a fundos, talento ou mentoria.

De fora da máfia do Rappi, Andrés Gutiérrez, o co-fundador da Tpaga, uma empresa de pagamentos, conta que teme como este grupo pode afetar o cenário tecnológico se investimentos na América Latina diminuírem.

“Se formos competir contra a máfia do Rappi, eles provavelmente estão na vantagem.”

Uma das formas que funcionários se mantém circulando no guarda-chuva de empresas fundadas após o Rappi é por grupos de WhatsApp. Quando há demissões em massa, os recém-demitidos são oferecidos a outros membros da “máfia”, mantendo a mão de obra qualificada no mesmo lugar.

Ao abrir startups, muitos dos fundadores e ex-funcionários recebem investimentos iniciais do serviço de delivery. Enrique Villamarín, fundador da Tul, empresa de logística, e irmão de Felipe Villamarín, co-fundador do Rappi, conta ao Rest of World ter investido US$ 50 a 100 mil em empresas que originaram da Rappi.

“Chamamos de rodada dos fundadores”, conta Daniel Bilbao, co-fundador e CEO da Truora, startup de prevenção de fraudes. Ele alega que, ao investir em empresas que possuem a mesma origem, eles criam uma cadeia de confiança. Os investidores do grupo compram ações a preços mais baratos e, em troca, recebem valores maiores quando a empresa dá lucro.

(*) Com informações de Rest of World



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