Um membro da FCC (Comissão Federal de Comunicações, em português) nos Estados Unidos, órgão com papel parecido com o da Anatel do Brasil, solicitou ao Google e a Apple que as empresas excluam o TikTok de suas respectivas lojas de aplicativo.
Segundo o comissário Brendan Carr, há preocupações referentes a privacidade de dados de usuários nos EUA. O TikTok é uma plataforma de propriedade da empresa chinesa ByteDance.
O que rolou?
Em uma publicação no Twitter, Carr divulgou uma carta de quatro páginas direcionadas a Tim Cook, presidente-executivo da Apple, e Sundar Pinchai, presidente-executivo do Google, no último dia 24 de junho.
“O TikTok não é apenas mais um aplicativo de vídeos”, disse ele no tuíte. “Ele coleta faixas de dados confidenciais que novos relatórios mostram que estão sendo acessados em Pequim”, acrescentou.
TikTok is not just another video app.
That’s the sheep’s clothing.It harvests swaths of sensitive data that new reports show are being accessed in Beijing.
I’ve called on @Apple & @Google to remove TikTok from their app stores for its pattern of surreptitious data practices. pic.twitter.com/Le01fBpNjn
— Brendan Carr (@BrendanCarrFCC) June 28, 2022
Entre os dados coletados, Carr destaca na carta:
- histórico de pesquisa e navegação
- rascunho de mensagens
- imagens e vídeos armazenados na área de transferência do usuário
- informações sobre o ato de pressionar campos na tela
- identificação biométrica.
O membro da FCC afirma no documento que relatórios mostram que o TikTok não é compatível com as políticas da loja de aplicativos do Google e da Apple.
Se as empresas não removerem o TikTok, elas devem fornecer declarações a ele até 8 de julho, para explicar “a base para a conclusão de sua empresa de que o acesso de dados privados e confidenciais de usuários dos EUA por pessoas localizadas em Pequim, juntamente com o padrão de representações e conduta enganosas do TikTok, não entra em conflito com nenhuma de suas políticas de loja de aplicativos”, destaca o site CNBC.
O que está por trás da polêmica
A preocupação se intensificou após uma matéria do site norte-americano BuzzFeed News, de junho deste ano, destacar áudios vazados de 80 reuniões internas do TikTok mostrando que dados de usuários nos EUA que não eram públicos foram acessados repetidamente por pessoas na China.
O aplicativo deveria armazenar as informações coletadas de estadunidenses no próprio país, porém funcionários da ByteDance acessaram essas informações, diz a matéria, citada na carta pelo membro da FCC.
“Tudo é visto na China”, afirmou um membro do departamento de Confiança e Segurança do TikTok em uma reunião de setembro de 2021.
Sobre isso, Maureen Shanahan, porta-voz do TikTok, respondeu ao BuzzFeed:
“Sabemos que estamos entre as plataformas mais examinadas do ponto de vista de segurança e pretendemos remover qualquer dúvida sobre a segurança de dados de usuários dos EUA. É por isso que contratamos especialistas em suas áreas, trabalhamos continuamente para validar nossos padrões de segurança e trazemos terceiros independentes e respeitáveis para testar nossas defesas.”
No mesmo dia em que a reportagem foi publicada, o TikTok se pronunciou em seu site dizendo que estava comprometidos com processos de melhorias contínuas envolvendo a experiência do usuário e controles de segurança.
“Assumimos nossa responsabilidade de proteger nossa comunidade com seriedade, tanto na forma como lidamos com conteúdo potencialmente nocivo quanto na forma como protegemos contra acesso não autorizado aos dados do usuário”, escreveu a empresa.
Desde 2019, o Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos está de olho no TikTok e implicações de segurança nacional por meio da coleta de dados de norte-americanos. Alguns parlamentares temem o risco de espionagem para o partido comunista da China.
Em 2020, Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, ameaçou banir o aplicativo pelo mesmo motivo. O TikTok se defendeu afirmando que nunca compartilhou dados de usuários com o governo chinês.
*Com informações do 9to5mac