Quem inventou o carro a álcool?


Quem inventou o carro a álcool? – Pergunta de Ivana Ruela, São João da Cana Brava (PI) – quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.

Sóbria canabravense, tão cara como os combustíveis fósseis que ainda movem o planeta… Até quando?

Falando em fósseis, como quase toda invenção que se populariza a ponto de fazer parte da vida de milhões, o carro a álcool é resultado de uma construção histórica e coletiva que começou lá pelos anos 1100 d.C. (também conhecido como século 12).

Estima-se que a essa época o etanol (que hoje chamamos de álcool na bomba do posto) foi isolado do vinho a partir da destilação.

Este álcool hidratado primordial era fraquinho que mal dava para ver a chama. No século 13, contudo, os processos de destilação evoluíram ao ponto de extrair um etanol praticamente puro e, este sim, altamente combustível.

Até o século 18, foram cerca de 500 anos de etanol usado primordialmente para iluminação, aquecimento e preparo de alimentos. Até que, no início do século 19, o americano Samuel Morey teve a ideia de usar o álcool hidratado para alimentar um motor de combustão interna experimental.

Assim foi dada a largada para o que conhecemos hoje como carros a álcool ou flex (que funcionam tanto com gasolina como com etanol, em qualquer proporção). Mas foi uma corrida comprida…

Ao longo do século 19, em países como a Alemanha, consolidou-se o uso do etanol em motores nas fazendas e nas fábricas. Mas a gasolina e o querosene ainda eram opções mais baratas.

Essa diferença de preço acabou determinando os rumos de uma indústria que ainda engatinhava à época: a automobilística.

A maioria dos primeiros carros a motor adotou a gasolina como combustível, mas algumas raras unidades do emblemático Ford Modelo T, movido originalmente a gasolina, até foram adaptadas para rodar com álcool.

Ao longo do século 20, o álcool passou a ser menos taxado; a tecnologia de produção a partir de outras fontes (como milho e até algas) avançou; e o combustível de origem vegetal barateou. Contudo, na maioria dos países, a queda de preços serviu apenas para começarem a misturar etanol à gasolina.

Até que, nos anos 1970, mais exatamente em 1973, nosso querido Brasil lançou o programa Pró-Álcool. A ideia era incentivar a substituição de veículos movidos com combustíveis à base de petróleo por carros a álcool. Como você deve imaginar, a cana-de-açúcar seria a matéria-prima principal.

Em 1973, o mundo viveu uma crise energética decorrente de um embargo dos países árabes, que interromperam a distribuição de petróleo para aumentar o preço no mercado internacional. Então o Pró-Álcool foi uma estratégia para diminuir nossa dependência desse tipo de combustível.

Ele acabou resultando no primeiro automóvel a álcool fabricado em série: o Fiat 147, em 1979. Mas a gestação deste clássico foi longa…

A paternidade do carro a álcool “moderno”, avô dos flex que conhecemos hoje, é comumente atribuída ao engenheiro gaúcho e não-me-toquense Urbano Ernesto Stumpf (1916-1998), do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

O primeiro modelo adaptado pelo time de técnicos e engenheiros liderado por Stumpf para rodar com etanol, ainda em 1973, foi um Dodge Polara. Ao longo dos anos, os testes se estenderam para outros modelos, como o Fusca e o Gurgel Xavante, até se consolidar a ponto de ser uma tecnologia adotada de fábrica no pioneiro Fiat 147.

Ah, e para não sermos injustos com a história do desenvolvimento do uso do etanol como combustível para carros no Brasil, não poderia deixar de mencionar o “avô” do carro a álcool: João Bottene (1902-1954).

Nos anos 1920, esse piracicabano adaptou seu Ford 1929 para rodar com álcool. Nas décadas seguintes, fez o mesmo com um avião e até com uma locomotiva. Mas Bottene era tão à frente de seu tempo que nenhuma de suas ousadas adaptações foi industrializada…

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