Cientistas já observaram que Plutão tem uma área em formato de coração formada por gelo. Mas como isso aconteceu?
De acordo uma pesquisa realizada pelos cientistas franceses Tanguy Bertrand e François Forget, a presença dessa geleira é resultado de uma combinação entre características da superfície local e de processos atmosféricos.
No estudo, publicado na revista Nature em 2016, os pesquisadores detalharam a gigante estrutura de gelo é formada por nitrogênio congelado misturado a monóxido de carbono e metano.
Ela cobre uma área de quatro quilômetros de profundidade e mil quilômetros de largura na Planície Sputnik de Plutão.
Para entender as origens desta geleira, os dois cientistas fizeram simulações numéricas da evolução dos componentes químicos dos depósitos de gelo do planeta-anão durante 50 mil anos terrestres. Eles descobriram que o terreno afetou a formação da geleira, intensificando o resfriamento do gelo.
Os ciclos climáticos também mostraram geadas sazonais que correspondem aos dados colhidos pela missão da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) New Horizons e por observações de um brilho polar vistas desde 1985.
A simulação dos cientistas ainda apontou que estas geadas sazonais devem desaparecer na próxima década. Os autores do estudo afirmam que futuras observações podem dar novas oportunidades para testar seus modelos.
“Vulcões” de gelo
Um outro estudo publicado na Nature Communications em março deste ano destaca que há mais indícios de que “vulcões” de gelo ficaram ativos até pouco tempo atrás em Plutão.
No lugar de lançar lava, eles ejetam uma mistura espessa e lamacenta de água e gelo, “ou talvez um fluido sólido como as geleiras” da Terra, explicou à AFP Kelsi Singer, cientista planetária do Instituto de Investigação do Sudeste no Colorado.
A pesquisa foi possível analisado dados e imagens que a sonda New Horizons, a primeira nave espacial que explorou Plutão em 2015, gerou.
Plutão já foi um planeta
Plutão foi descoberto em 1930 e foi destacado por anos como o nono planeta do Sistema Solar.
Contudo, em 2006, astrônomos da União Astronômica Internacional decidiram tirá-lo da categoria.
Em geral, um planeta é considerado como tal quando é um corpo celeste, sem luz própria, que gira em torno de uma estrela.
No caso de Plutão, os astrônomos o consideraram muito pequeno. Outro fato é que a sua órbita em relação ao Sol é influenciada pela órbita de Netuno. Logo, não é paralela à dos outros planetas do Sistema Solar.
A mudança foi polêmica. Em 2019, a Nasa afirmou que Plutão deveria sim ser considerado planeta, o que reacendeu as discussões.
Em 2021, um novo grupo de cientistas argumentaram que o rebaixamento dele foi baseado em ideias retrógradas. Até o momento, Plutão segue sem ser classificado como planeta.