Na última sexta-feira (17) vazou um relatório interno da Amazon alertando a própria empresa que ela ficará sem funcionários para trabalhar em seus armazéns para suportar seu crescimento acelerado.
O relatório insiste que a empresa tome atitudes para impedir isso, apontando dois possíveis caminhos para isso. O primeiro seria aumentar salários para manter a força atual e atrair novas contratações. O segundo seria aumentar a automação nos armazéns, ou seja, depender menos de pessoas.
O relatório é taxativo: “Se continuarmos os negócios como de costume, a Amazon esgotará a oferta de mão de obra disponível nos EUA até 2024”.
O turnover nos armazéns da Amazon é altíssimo. Segundo uma pesquisa do The New York Times, chega a bater 150%.
Para os que não estão acostumados com a linguagem, turnover é a taxa de empregados que sai da empresa no período de um ano. Se for de 100%, significa que no período de um ano, uma empresa que tem 200 pessoas precisará contratar 200 pessoas para continuar com 200 pessoas. Agora imagine ter uma taxa de 150% e cerca de 1 milhão de funcionários.
O que assusta é o fato do relatório não ter falado de condições de trabalho.
O turnover da empresa é de 3 a 5 vezes maior que de outras empresas com armazém, indicando o que já é bem conhecido pelo mercado. O foco absoluto em produtividade é a única preocupação da empresa, sendo mais relevante que as condições de trabalho de seus funcionários.
Conhecida por sua alta cobrança de ritmo de repetição e vigilância computadorizada implacável de cada movimento dos trabalhadores. Imagine uma empresa que exige que você pegue 6 itens por minuto da prateleira. Agora imagine fazer isso o dia todo e sendo vigiado pelo computador.
A empresa também é pior quando se trata de acidentes graves. Segundo a agência governamental regulatória OSHA (Administração de Segurança e Saúde Ocupacional), a taxa de acidentes graves nos armazéns da Amazon são pelo menos duas vezes maiores que outras empresas.
Se não conseguirem de vez uma solução para seus robôs substituírem todo mundo, a Amazon agora talvez se veja obrigada a mudar de direção. O paradoxo é que talvez isso não signifique nenhuma mudança na prática, apenas continuar seu caminho de aumentar o lucro a qualquer custo, mesmo que para isso, precise tratar melhor seus empregados.