As possibilidades do metaverso estão atraindo gente (e também empresas e instituições) de todo tipo. Nos Estados Unidos, várias companhias que comercializam produtos a base de cannabis já estão nesse território virtual. E, no emirado de Ajman (o menor membro dos Emirados Árabes Unidos), a própria polícia abriu uma delegacia para avatares.
Cannabis: mil visitantes por dia
Tanto a plataforma Decentraland quanto a Voxels já trabalham com empresas de cannabis.
Como o metaverso será necessariamente descentralizado, esses anunciantes podem discutir as vantagens de seus produtos com muito mais liberdade do que oferece o Facebook, por exemplo, acredita Lisa Buffo, fundadora e CEO da Associação de Marketing de Cannabis.
Desde dezembro, a Higher Life CBD Dispensary LLC tem uma loja aberta no Voxels, uma plataforma criada em 2008 e que opera com criptomoeda e NFTs.
A Higher Life informa em seu site que oferece “uma linha de produtos de CBD e cânhamo de alta qualidade formulados para que o usuário experimente uma gama completa de benefícios saudáveis, proporcionando uma sensação de relaxamento completo”.
Fisicamente, ela está numa rua central da cidade de Indianápolis, em Indiana, mas também pode ser acessada pelo segundo andar de uma loja virtual na Voxels. Ali, avatar nenhum adquire os produtos da companhia, mas se tocarem no registro de vendas são teletransportados para o site, onde é possível encomendar uma gama de derivados da planta.
De acordo com Brandon Howard, CEO da Higher Life, mil pessoas visitam a loja digital diariamente.
Nos próximos anos, confiam os entusiastas, será possível comprar maconha diretamente no metaverso, apostando na redução das restrições que ainda cercam o produto e derivados nos Estados Unidos.
No Decentraland, quem dá as cartas é Kandy Girl, uma marca que produz balas mastigáveis aditivadas com THC e que podem ser entregues em boa parte dos Estados Unidos.
A Kandy Girl também já faturou US$ 30 mil em NFTs oferecendo wearables virtuais (ou, em português, “vestíveis”), como penas que mais parecem folhas de maconha.
Mas a plataforma destaca que é preciso obedecer rigorosamente as regras governamentais em torno do produto e seus derivados, o que significa que é proibido vender para países onde tal comércio ainda é proibido.
No metaverso da Meta, ex-Facebook, a publicidade de produtos a base de maconha é proibida, como também a promoção de comercialização ou utilização de medicamentos ilícitos ou esportivos.
Delegacia virtual
Enquanto o metaverso vem se mostrando um espaço interessante para trabalhar com pautas que ficam nas margens da legalidade, no outro corner, digamos, está a polícia de Ajman.
O emirado abriu, na capital de mesmo nome e com pouco mais de 200 mil habitantes, uma delegacia virtual onde recebe os avatares dos cidadãos. Assim, eles não precisam sequer ir até o distrito.
Autoridades e civis podem interagir usando óculos Quest ou por meio de smartphones, tablets, laptops e computadores. Há inclusive uma sala de reuniões no metaverso, que é possível visitar de qualquer lugar do mundo.
O Comando Geral da Polícia de Ajman, orgulhosamente, informa que esse é o primeiro serviço policial desse tipo nos Emirados Árabes Unidos e que a polícia local é o primeiro órgão do governo no emirado de Ajman a dar o salto digital.
Em dezembro do ano passado, os Emirados Árabes Unidos flexibilizaram algumas de suas duras leis sobre drogas, relaxando as penalidades para viajantes que chegam ao país com produtos contendo THC, o principal componente intoxicante da cannabis.
A nova lei diz que as pessoas flagradas transportando alimentos, bebidas e outros itens com cannabis para o país não serão mais presas se for a primeira vez. Em vez disso, as autoridades confiscarão e destruirão os produtos.
Não está claro o que os policiais da delegacia virtual farão se encontrarem um avatar doidão.