O Perseverance, robô-jipinho da Nasa na superfície de Marte, tem um companheiro de viagem inusitado: uma rocha. Eles se conheceram há cerca de quatro meses, e já percorreram 8,5 quilômetros juntos.
É uma verdadeira pedra no sapato, que está presa na roda dianteira esquerda do robô, desde o início de fevereiro. É possível vê-la periodicamente nos registros da câmera frontal Hazcam — usada para navegação e evitar colisões.
Analisando as imagens, os pesquisadores acreditam que a pequena rocha se instalou no dia 4/2, enquanto o Perseverance explorava a formação geológica chamada Máaz, criada por fluxos de lava do passado.
Desde então, pegou uma carona até o local do pouso da missão, batizado de Octavia E. Butler, e até a região Kodiak, remanescente do delta de um antigo rio na cratera Jezero. Se já existiu vida no planeta vermelho, mesmo que apenas atividade microbiana bilhões de anos atrás, essa é a região com mais chances de guardar evidências.
“A rocha de estimação do Perseverance está agora muito longe de casa”, escreveu Eleni Ravanis, estudante da Universidade do Hawaii em M’noa e colaboradora da Nasa. “É possível que ela se solte em algum ponto ao longo da futura subida na borda da cratera. Se isso acontecer, ela cairá entre rochas que acreditamos ser muito diferentes dela.”
A amiga inseparável não está causando qualquer dano à roda do robô ou seu funcionamento. Na verdade, é algo comum de se ocorrer em um terreno tão acidentado quanto o de Marte. O próprio Perseverance teve de lidar com detritos de rocha no início do ano.
Os rovers mais antigos, Spirit e Curiosity, também já tiveram suas pedras de estimação, mas nunca vimos uma ficar por tanto tempo.
“Embora não seja claro exatamente por quanto tempo estas rochas permaneceram, elas tendiam a pular fora depois de algumas semanas”, disse Ravanis. “A atual companheira do Perseverance está, portanto, a caminho de estabelecer recordes de carona em Marte.”