Expressões como “open banking” e “open finance” estão começando a fazer parte da rotina. Mas a verdade é que a área de compartilhamento de dados vai muito mais além do que apenas “abrir” as informações financeiras das pessoas. A tendência é que o setor entre em novo estágio de desenvolvimento nos próximos anos
Por isso, não se espante quando ouvir outros termos relacionados a compartilhamento de dados, como Open Insurance (relativo a seguros), Open Agro (na área de agricultura), Open Energy (energia), Open Streaming (serviços de transmissão de vídeo ou música), Open Health (saúde) e até Open Delivery.
Todos eles estão dentro do conceito de Open Everything, que defende a abertura de todo tipo de dado. A intenção é permitir que eles sejam reutilizados ou trocados entre diferentes negócios ou mesmo combinados para oferecer novos serviços.
O tema apareceu com força no terceiro dia da conferência The Developers Conferece (TDC) Innovation 2022, que ocorre em Florianópolis. O estrategista em inovação corporativa Alexandre Uehara defendeu que essa transformação digital tem como foco principal melhorar a experiência do cliente, durante sua palestra “Fintechzação – Porque toda empresa será uma fintech?”
E deu o exemplo. “Vamos dizer que hoje eu sou assinante da Netflix, já assisti quase todo o catálogo e quero mudar de plataforma. Mas os algoritmos da Netflix já conhecem meus gostos, têm todo o meu histórico. Se eu vou para o Prime Video ou Disney+, eles não vão saber quais minhas preferências. É uma relação que começa do zero. Com o Open Streaming, a ideia é fazer com que todas as plataformas conheçam meu perfil e me mostrem as opções do catálogo de acordo com o meu gosto”, coloca.
Saúde compartilhada
Uma das áreas que mais podem se beneficiar com a abertura dos dados é a de saúde. O Open Health já vem sendo utilizado, ainda que de forma tímida.
As informações dos pacientes poderão ser compartilhadas entre convênios, laboratórios, hospitais e outros serviços de saúde. Assim, quando uma pessoa chegar em uma unidade de atendimento, os profissionais poderão ter acesso a todo o seu histórico de saúde.
“Tudo será um remix. As empresas não vão precisar pensar em ser os primeiros a ter um serviço, mas acrescentar algo novo em cima do que já está acontecendo. Isso é construção”, colocou Uehara.
Um dos desafios do Open Everything é a segurança dos dados. Esse compartilhamento “em massa” pode deixar algumas pessoas desconforáveis, com a sensação de “falta de controle” sobre suas próprias informações pessoais.
Mas, para o executivo, esse é um caminho sem volta e questões de segurança terão de ser superadas. “É preciso olhar como oportunidade, não como ameaça”, afirmou.
The Developers Conference
Depois de um período 100% virtual por causa da covid-19, a TDC Innovation neste ano acontece no formato híbrido, ou seja, é possível participar de maneira presencial, na capital catarinense, ou no formato online.
A conferência começou na última quarta (1) e segue até hoje. O TDC foi criado para conectar palestrantes, empresas, profissionais e entusiastas para debater temas que estão em alta no mercado de tecnologia, possibilitando capacitação e troca de experiências entre todos.
Os participantes puderam conferir 27 trilhas de conteúdo premium, pagas e segmentadas por Gestão de Produtos, API, Arquitetura Java, Devops, Inteligência Artificial e Machine Learning, UX, Data Science, entre outros assuntos. Também há a possibilidade de acessar os conteúdos gratuitos, via Community Pass, com 6 trilhas disponíveis.