Smart city no Brasil depende de otimização de dados, diz especialista


Imagine uma cidade onde o cidadão sabe o horário exato em que vai passar o ônibus no ponto e escolha o veículo onde pode viajar sentado. Os semáforos estão sincronizados para se adequar ao fluxo de automóveis. A coleta de lixo se adequa à demanda das pessoas. É possível frequentar uma unidade pública de saúde sem marcar consulta ou enfrentar longas filas de espera.

Parece um sonho, mas as tecnologias existentes hoje já permitem que a gestão pública se adeque às necessidades dos cidadãos sem grandes volumes de investimentos, criando as chamadas “smart cities”. A chave é a geração e otimização de dados.

“É olhar o cidadão como cliente, aumentando a eficiência na prestação de serviços, com processos e fluxos mais ágeis e conectados”, explicou Welington Monteiro, especialista em governança e consultor de tecnologia, durante sua palestra “Smart cities – O impacto e os desafios da digitalização na transformação digital das cidades”, no último dia da conferência The Developers Conference (TDC) Innovation 2022.

Para Monteiro, as ferramentas de inteligência artificial e machine learning fornecem ao setor público a possibilidade de fazer processos mais automatizados e sistemas auto suficientes, com o propósito de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Para que uma cidade possa ser considerada inteligente, é preciso desdobrar sua macro-infraestrutura e analisar seus dados. Como exemplo, Monteiro citou os critérios da área de educação, como o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), a média de notas do Enem e os investimentos feitos em educação, entre outros.

“Falar em dados para a criação de Smart Cities é a capacidade, por exemplo, de desenvolver um projeto de iluminação pública a partir dos índices de segurança pública numa determinada área”, afirmou o especialista.

Plataforma aberta, dados em fluxo

Para que funcione, o modelo tecnológico deve estar fundamentado numa plataforma aberta, padrão e interoperável. Isso possibilita que as evoluções sejam flexíveis, evitando dependência de estruturas técnicas.

Por depender da geração de dados, o head de tecnologia explica que não existe um modelo pronto de smart city a ser seguido. Cada cidade deve olhar para seus dados, sua realidade – social, financeira, cultural até mesmo topológica – e definir um plano de longo prazo que ultrapasse gestões partidárias.

Além disso, como as pessoas se movimentam, o “retrato” dos dados em um momento específico pode não mais representar a realidade depois de alguns meses.

Por exemplo: a quantidade de vagas ofertadas por uma escola para uma determinada região pode não ser a mesma em um ano. E o poder público precisa acompanhar esse movimento para oferecer os serviços mais adequados às necessidades das pessoas.

“Por isso é importante transformar os dados públicos em dados abertos, até mesmo como uma maneira eficiente e transparente de atrair investimentos do setor privado”, defendeu Monteiro.

The Developers Conference

Depois de um período 100% virtual por causa da covid-19, a TDC Innovation este ano aconteceu no formato híbrido, ou seja, foi possível participar de maneira presencial, em Florianópolis, ou no formato online.

Entre quarta (1) e hoje, o evento conectou palestrantes, empresas, profissionais e entusiastas para debater temas que estão em alta no mercado de tecnologia, possibilitando capacitação e troca de experiências entre todos.

Os participantes puderam conferir 27 trilhas de conteúdo premium, pagas e segmentadas por Gestão de Produtos, API, Arquitetura Java, Devops, Inteligência Artificial e Machine Learning, UX, Data Science, entre outros assuntos. Também há a possibilidade de acessar os conteúdos gratuitos, via Community Pass, com 6 trilhas disponíveis.



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