Graças à divulgação recente da imagem do buraco negro central de nossa galáxia, vimos um interesse enorme por esse tipo de objeto nas últimas semanas. Embora ainda misteriosos, agora conhecemos até a aparência do nosso Sagitário A*.
No entanto, cientistas ainda buscam resolver um problema até agora sem solução: como esses buracos negros supermassivos, com milhões ou até bilhões de vezes a massa do Sol, surgiram?
Sabemos que eles têm de crescer junto com sua galáxia hospedeira. Afinal, sabemos há mais de 20 anos que, quanto maior a galáxia, maior o buraco negro no seu interior. Assim, para encontrar suas origens, devemos buscar os menores objetos nas menores galáxias.
O grande problema é que os buracos negros menores também são menos brilhantes.
A emissão luminosa de um buraco negro vem da matéria na sua proximidade, que forma um disco de gás e poeira quente, emitindo radiação. É o que vemos também na imagem de Sagitário A* —mas quanto menor o buraco negro, menos emissão.
Agora, uma equipe liderada por Mudgha Polimera, da Universidade da Carolina do Norte, desenvolveu um novo método para buscar buracos negros supermassivos.
Usando a emissão dos átomos de hidrogênio e oxigênio do gás ao seu redor, os cientistas puderam verificar que essa é uma forma mais eficiente de encontrar objetos mais fracos, em comparação com os elementos que se usavam até então.
O problema é que a emissão do buraco negro pode se confundir com a emissão de novas estrelas, por exemplo. Assim, sempre foi difícil distinguir um pequeno buraco negro de uma região de formação estelar intensa. O novo método, no entanto, consegue distinguir os dois processos muito bem.
Assim, a equipe de Polimera consegui determinar que até 3% das galáxias anãs —isto é, as menores galáxias do universo— podem abrigar um buraco negro supermassivo que está devorando o material ao seu redor e crescendo rapidamente.
Sheila Kannappan, coautora do trabalho, comenta a importância do resultado: “os buracos negros que encontramos são os blocos de construção fundamentais dos buracos maiores semelhantes ao da nossa Via Láctea”.
Ou seja, com a nova descoberta, os cientistas podem ter desvendado o elo perdido da evolução de buracos negros, aqueles pequenos objetos que no futuro formam seus irmãos maiores.
É um trabalho promissor: ao encontrar novos candidatos, agora podemos examinar cada um deles com cuidado, tendo acesso a uma amostra muito mais rica do que talvez sejam os buracos negros bebês em galáxias anãs.