Após estrear no Brasil com celulares de gama intermediária, a Realme está começando colocar as mangas de fora no mercado dos aparelhos top de linha. Um exemplo é o GT2 Pro, lançado no último dia 18.
O modelo tem muito do que se espera de um telefone da categoria: visual bacana, alto desempenho, carregamento super-rápido (20% a 100% em 30 minutos) e um preço ok considerando os concorrentes: R$ 5.999.
Por esse contexto, se você quer se aventurar nesse setor, é interessante considerar os prós e contras do lançamento, que concorre com Galaxy S22+, Xiaomi 12 e Moto Edge 30 Pro e custa um pouco menos.
Confira a seguir as minhas impressões sobre o Realme GT2 Pro após alguns dias de uso e testes.
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Pontos Positivos
- Visual bonito e ecológico
- Ótimo desempenho (processador top de linha e muita memória RAM)
- Carregamento super-rápido em meia hora (vem com carregador junto)
Pontos Negativos
- Câmeras tiram fotos boas, mas não se destacam
- Faltam truques de software para diferenciá-lo
- Não suporta carregamento sem fio e não é resistente a água
Veredito
O Realme GT2 Pro tem alto desempenho e design sustentável. Um dos diferenciais da marca é incluir um adaptador super-rápido na caixa, que carrega o telefone em pouco mais de 30 minutos. Em hardware, o telefone arrasa, mas faltam bons truques de software para diferenciá-lo e ele não é resistente a água.
O Realme GT2 Pro é bem grande. Mesmo assim, achei o telefone com boa pegada. Segurá-lo não foi um problema, ainda mais pelo material de sua traseira.
A companhia contratou o designer japonês Naoto Fukasawa para criar um material que fosse inspirado em papel e ao mesmo tempo fosse ecologicamente correto. O resultado disso é um biopolímero com uma textura interessante que dá uma boa estabilidade ao manuseá-lo.
Pelo menos durante os dias de teste, esse material não ficou sujo, mesmo sendo de um tom verde bem clarinho, que por sinal é bem bonito e discreto.
Ainda que a lateral seja de metal, ele tem pouco menos de 200 gramas, o que está bem em linha com telefones topo de linha gigantes.
Como outros celulares da fabricante chinesa, o Realme GT2 Pro não é resistente a água, diferente dos seus concorrentes diretos top de linha que têm certificação IP67 (proteção contra poeira e água com imersão de 1 metro em até 30 minutos).
Como é praxe na marca, na caixa vem um carregador de 65W e uma capinha cinza emborrachada.
O brilho da tela de 6,7 polegadas do Realme GT2 Pro é de 1.400 nits (medida de luminescência). Quanto maior a cifra, mais brilho —o Galaxy S22+, por exemplo, tem brilho máximo de 1.500 nits.
Isso quer dizer que você não terá problemas em ver vídeos no seu celular, independente do Sol que estiver fazendo.
A tela é grande e o brilho é alto é uma ótima receita para gastar bateria. No entanto, o display tem taxa de atualização variável (vai de 1 Hz a 120 Hz, dependendo da atividade).
Ao navegar por menus do sistema, o telefone fica perto de 1 Hz; já com o modo gamer ligado (chamado GT Mode), sobe para 120 Hz, melhorando bastante a definição de jogos de ação.
Na tela há também o sensor de biometria, que é bem rápido e preciso.
Com 12 GB de RAM (que ajuda no desempenho) e um processador Snapdragon Gen 1, o mesmo de seus concorrentes Android (Galaxy S22, Xiaomi 12 e Moto Edge 30 Pro) fica difícil rolar algum tipo de travamento em jogos ou em apps mais comuns.
Na hora de jogar, é possível ativar o GT Mode, que coloca no máximo o funcionamento de hardware do telefone. Isso quer dizer uso de GPU (unidade de processamento gráfico) e taxa de atualização de tela a 120 Hz.
A experiência de jogar é muito boa e fluída. A rápida frequência de atualização da tela é melhor vista em jogos com muita ação, como os de corrida, onde até o acesso aos menus parece ficar mais vívido. Em jogos de tiro, como FreeFire e Call of Duty Mobile, onde os comandos direcionais são feitos pelo próprio display, a sensibilidade touchscreen (sensível ao toque) é muito boa.
Pensando na experiência gamer, a fabricante espalhou pelo telefone 12 antenas. Pode parecer exagerado, mas a ideia é que você nunca perca a conexão durante a jogatina. Dependendo de como você segura o telefone, pode atrapalhar a recepção do sinal de internet —seja ele via wi-fi ou móvel (4G ou 5G).
Incômodos durante o uso
O único problema que tive foi com o WhatsApp —não consegui depurar se era um problema do sistema ou do próprio app. Toda vez que tocava numa notificação e ia para o aplicativo responder, o campo para escrever mensagem travava (o teclado virtual não aparecia). Aí eu tinha que fechá-lo e abri-lo novamente.
Outro aspecto que me incomodou é a falta de recursos extras de software. O celular até tem um medidor de batimento cardíaco, mas penso que ainda é necessário que celulares top de linha tenham cada vez mais sistemas mais inteligentes.
O Google costuma fazer isso em seus telefones próprios de marca Pixel (que não são vendidos oficialmente no Brasil). E isso é uma forma de diferenciação das marcas, que têm hardwares tão parecidos. Para atrair consumidores é se arriscar com recursos para agilizar a vida das pessoas.
Nos EUA, o Google, por exemplo, criou sistemas para melhorar imagens de pessoas negras e tem um app que transcreve conversas em inglês automaticamente.
O Realme GT 2 Pro tem 5.000 mAh de bateria, o que é um bom número para um celular grande com características top de linha. No entanto, há uma peculiaridade nele: dentro dele há duas células de bateria com 2.500 mAh cada.
O motivo disso tem relação com redução do calor do telefone. Espalhando a capacidade de bateria em duas células, há menos concentração de calor durante o carregamento.
Detalhes técnicos à parte, o celular em uso intenso terminava o dia com 25% de carga, o que é mais que o suficiente para o dia seguinte. Basicamente, tirava ele da tomada às 8h com 100% e perto da meia-noite ele tinha ainda um quarto de capacidade.
Nesse período, assisti vídeos no Instagram e no TikTok, navegava no Twitter, respondia um monte de mensagens no WhatsApp e ainda tirava um tempo para jogar Asphalt 9.
Algo que surpreende é o tempo de carregamento do telefone. A caixa do Realme GT2 Pro vem com um carregador de 65W, que faz de 20% a 100% em 30 minutos. De 0 a 100% o carregamento levava 48 minutos. É um esculacho de rapidez.
A câmera de selfie do modelo é de 32 megapixels. De modo geral, achei que o sensor dá uma leve retocada na pele em fotos noturnas —em imagens durante o dia, oferece um bom nível de detalhamento, mas nada excepcional.
Na traseira, a marca deve ter concluído que menos é mais, pois conta com três bons sensores. A saber:
- 50 MP (principal)
- 50 MP (ultra-grande angular)
- 3 MP (macro/microscópica)
Tive sentimentos conflituosos com as imagens captadas pelo celular. Por um lado, elas apresentam grande fidelidade às cenas —não há grandes retoques de algoritmo— se o dia está feio, você terá uma foto de um dia feio.
Ao mesmo tempo, senti falta de fotos serem melhoradas via algoritmo. Em fotos noturnas, há redução de granulação, por exemplo.
A Samsung costuma dar uma exagerada, e as imagens costumam ficar bem bonitas (com cores vivas e alto contraste). No celular da Realme, as imagens são bonitas, com cores corretas e contraste suave, mas talvez não impressione quem já está acostumado com outros concorrentes.
Fotos tiradas com o Realme GT2 Pro
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Foto tirada com o Realme GT2 Pro
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Imagem feita com sensor principal durante manhã nublada. Há bom nível de detalhamento e as cores correspondem à cena, sem grandes alterações de cor ou contraste
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Foto tirada no mesmo ponto da imagem anterior, só que no modo ultra-grande angular
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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O foco e as cores da imagem ficarem bem bons, apesar de ser um dia nublado
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Foto mais fechada feita no mesmo local; dá para ver detalhes das linhas dos prédios e das placas
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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No modo noturno, o Realme GT2 Pro reduz ruídos (repare como o céu está ‘limpo’). O carro e movimento acabou ficando sem foto, mas a imagem, de modo geral, tem qualidade e definição aceitáveis. Os pontos de luz ficam um pouco estourados, mas não compromete tanto
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Esta no modo noturno, com a lente ultra-grande angular, ficou bem bacana. De novo, pontos de luz ficam estourados, céu limpo e veículos em movimento borrados
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Imagem feita no modo microscópio (a uma distância de 3mm) do tecido de um pano de flanela
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Imagem feita no modo microscópio (a uma distância de 3mm) de pele do braço — no caso, há o detalhe de um pelo
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Selfie tirada com o Realme GT2 Pro no modo retrato. Telefone consegue recortar bem o rosto, mesmo com um fundo poluído
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Selfie tirada num local escuro. Por padrão, celular ativa luz de tela, que ajuda a iluminar o rosto
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Foto tirada no modo retrato com sensor principal. Focou bastante no rosto do boneco, mas a qualidade ficou boa
Guilherme Tagiaroli/Tilt
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Foto no modo 150 graus dá este efeito de realidade paralela
Guilherme Tagiaroli/Tilt
A câmera de 3 MP é um sensor macro (que dá para tirar fotos de muito perto). A Realme inseriu um modo chamado microscópico, que serve para captar detalhes de algo a uma distância de 3 mm. É curioso se você quiser analisar algum pelo do seu braço ou detalhes do tecido da roupa que você está usando. E só.
O celular não tem uma lente teleobjetiva, que ajuda a tirar a aproximar de cenas com zoom. Pessoalmente, não senti falta do recurso, mas para quem utiliza bastante deve prestar atenção.
Para quem gosta de vídeo, a boa notícia é que a lente principal de 50 MP tem estabilização óptica. Então, mesmo com o celular na mão os vídeos saem bem estáveis, com poucos tremores.
A Realme tenta se diferenciar com uns modos diferentões de câmera. Um curioso é o que ele simula uma lente com abertura de 150 graus (abaixo) e outro que emula uma lente olho de peixe.
Entre os concorrentes, o Realme GT2 Pro tem um dos preços mais atraentes: R$ 5.999. Ele tem valor sugerido inferior ao Galaxy S22+ (achado no varejo por cerca de R$ 6.800), e o Xiaomi 12, vendido pela sua importadora oficial, custa R$ 9.500 —pelo varejo, é possível achar cifras menores.
O único que bate de frente é o Moto Edge 30 Pro, que na estreia custava R$ 6.500, e que agora é achado na loja da Motorola por cerca de R$ 5.400.
No que diz respeito a desempenho, o Realme GT2 Pro vale sim, a pena. Para quem quiser entrar no mundo dos Androids top de linha, a decisão fica por detalhes, pois todos têm o mesmo processador (Snapdragon 8 Gen 1). O que muda, resumidamente, é:
- O Realme GT2 Pro promete até três atualizações do Android e vem com carregador super-rápido.
- A Samsung tem uma política de atualização de até quatro anos e a e empresa dá um carregador gratuito, que não é super-rápido
- O modelo da Xiaomi vem com carregador super-rápido, tem pasta para esconder apps, mas preço altíssimo na loja oficial.
- A Motorola oferece mais acessórios, como carregador sem fio, além de um carregador super-rápido e até duas atualizações do Android.