Novas pesquisas revelaram o primeiro “genoma humano de Pompeia” graças a dois corpos preservados por cinzas da erupção vulcânica do ano de 79.
Pesquisadores que estudam restos humanos de Pompeia, na Itália, conseguiram extrair material genético dos ossos de um homem e de uma mulher que ficaram presos na erupção que soterrou a cidade romana.
Este primeiro “genoma humano de Pompeia” é um conjunto quase completo de “instruções genéticas” das vítimas, codificadas em DNA extraído de seus ossos.
O DNA antigo foi preservado em corpos cobertos de cinzas endurecidas pelo tempo. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports.
As duas pessoas foram descobertas pela primeira vez em 1933, no local que os arqueólogos de Pompeia chamam de A Casa do Artesão. Eles ficaram presos no canto da sala de jantar. É possível que estivessem almoçando quando ocorreu a erupção, em 24 de agosto de 79 d.C.
Um estudo recente sugeriu que a enorme nuvem de cinzas da erupção do Monte Vesúvio pode ter se tornado letal para os moradores da cidade em menos de 20 minutos.
As duas vítimas estudadas pelos pesquisadores, segundo a antropóloga Serena Viva, da Universidade de Salento, não estavam em uma posição de quem parecia estar tentando escapar.
“Pela posição [de seus corpos], parece que eles não estavam fugindo”, disse Viva à BBC. “A resposta de por que eles não fugiram pode estar em suas condições de saúde.”
Agora pistas foram reveladas neste novo estudo sobre os seus ossos.
“Todo o trabalho é para preservar o esqueleto”, explicou o professor Gabriele Scorrano, do centro Lundbeck GeoGenetics em Copenhague, que liderou o estudo.
Tanto a preservação notável quanto a mais recente tecnologia de laboratório permitiram aos cientistas extrair uma grande quantidade de informações de uma “quantidade muito pequena de pó de osso”, como explicou o professor Scorrano.
“Novas máquinas de sequenciamento podem ler vários genomas inteiros ao mesmo tempo”, diz ele.
O estudo genético revelou que o esqueleto do homem continha DNA da bactéria que causa a tuberculose, sugerindo que ele pode ter tido a doença antes de morrer.
E um fragmento de osso na base de seu crânio continha DNA intacto suficiente para decifrar todo o seu código genético.
Isso mostrou que ele compartilhava “marcadores genéticos”, ou pontos de referência reconhecíveis em seu código genético, com outras pessoas que viveram na Itália durante a era imperial romana.
Mas ele também tinha um conjunto de genes comumente encontrados na ilha da Sardenha, sugerindo que pode ter havido altos níveis de diversidade genética na península italiana na época.
O professor Scorrano disse que há muito mais a aprender com os estudos biológicos de Pompeia, incluindo DNA ambiental antigo, que pode revelar ainda mais sobre a biodiversidade na época.
“Pompeia é como uma ilha romana”, diz. “Temos uma imagem de um dia em no ano de 79.”
Viva acrescentou que cada corpo humano em Pompeia é “um tesouro”.
“Essas pessoas são testemunhas silenciosas de um dos eventos históricos mais conhecidos do mundo”, disse ele.
“Trabalhar com elas é muito emocionante e um grande privilégio para mim.”