Paris, 31 Mar 2022 (AFP) – Peixes de água doce parecem ter boas habilidades matemáticas, como primatas, abelhas e pássaros já mostraram, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (31).
Os vertebrados, e alguns invertebrados, têm a capacidade de distinguir quantidades, algo essencial quando se trata de procurar comida, fugir de predadores, escolher um parceiro ou mover-se em grupo.
No entanto, os etólogos ainda não descobriram como ocorre essa diferenciação numérica: é uma estimativa simples baseada no tamanho do grupo, ou esses animais têm a capacidade de contar?
Alguns estudos revelaram que alguns macacos, papagaios, pombos, aranhas e abelhas eram capazes de processar informações numéricas isoladas e resolver operações simples.
Um experimento realizado no Instituto de Zoologia da Universidade de Bonn (Alemanha) e descrito na revista Scientific Reports revela que os peixes também têm esse dom para a aritmética.
O Maylandia zebra, pertencente à família Cichlidae, e raia motoro (“potamotrygon motoro”), duas espécies de água doce, foram escolhidos para os testes.
Oito indivíduos de cada espécie foram submetidos a centenas de testes em grandes piscinas projetadas especificamente para observar seu comportamento.
O objetivo era que reconhecessem a cor azul como símbolo de adição e o amarelo de subtração.
Os cientistas colocaram na água cartões com um certo número de formas azuis ou amarelas e depois duas portas deslizantes, cada uma com um cartão com um número diferente de formas. Apenas uma dessas portas estava correta.
Por exemplo, ao ver um cartão com três formas azuis, ou seja, a cor que indicava uma adição, o peixe tinha que nadar em direção à porta associada a uma carta com quatro formas azuis. Em contrapartida, um cartão com quatro formas amarelas significava que ele tinha que enfrentar a porta associada a um cartão com uma forma a menos.
Se o peixe passasse pela porta certa, recebia uma recompensa em comida. Resultado: Seis dos Maylandia zebra e quatro das raia conseguiram associar consistentemente azul com adição (+1) e amarelo com subtração (-1).
O Maylandia zebra precisou de mais tempo para realizar o exercício do que a raia e para ambas as espécies a adição foi mais fácil do que a subtração, diz o estudo.
Este estudo pode explicar por que ambas as espécies são capazes de reconhecer seus semelhantes por sua aparência, por exemplo, contando suas listras ou manchas, sugerem os cientistas.
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