“Existe quase uma jornada de compra baseada no caminho das redes sociais”, explica Alcoforado. “Os millennials já cresceram com as mães e avós usando Tupperware, mas foi uma coisa que saiu de moda. O TikTok e o Instagram têm esse lugar de trazer de volta, despertar o interesse, enquanto o YouTube tem o papel de mostrar a versatilidade do produto”, completa.
Já o Facebook e o WhatsApp são usados para reforçar o senso de comunidade. “Você encontra gente muito parecida com você, que vive as mesmas coisas e compartilha como aquele produto pode ajudar a melhorar a sua vida”, explica. “O que os objetos de consumo geram é essa capacidade de vínculo”, observa.
E isso não está muito distante da própria história do produto, cujo boca-a-boca era muito baseado na troca ou empréstimo entre amigas.
“O pote já era uma ferramenta de vínculo de confiança. Ele ia e voltava com outra coisa”, afirma o antropólogo. “Agora a troca é de dicas e de usos individualizados na internet, não se empresta mais o objeto em si.”.
De fato, as consultoras foram categóricas quando questionadas se emprestavam seus itens da marca. “Guardo pote de sorvete e de margarina para emprestar”, diz Laura. Já Sueli tem outra tática: compra vasilhas de qualidade inferior. Maria Fernanda foi a mais flexível: “Não empresto, mas já mandei para a minha mãe e falo: ‘vai e volta logo!'”
Recém divorciada, Maria Fernanda brinca que suas Tupperwares não entraram na divisão de bens da separação. “Tenho ciúmes!”, brinca. Na sua cozinha, tudo é Tupperware, exceto os talheres, e todas as amigas ganham os potes quando ela quer presentear alguém. “Elas são tão bonitas, a gente pega carinho, é um xodó. Meu vício é Tupperware.”