Por Jessica DiNapoli e Divya Chowdhury
DAVOS, Suíça (Reuters) – As empresas de criptomoedas que visitaram Davos esta semana, foram informadas de que precisarão fazer a lição de casa antes de obterem completa aceitação da velha guarda do Fórum Econômico Mundial.
“O futuro da criptomoeda, lamento dizer, parece regulamentado para mim”, disse Nela Richardson, vice-presidente sênior e economista-chefe do provedor de software de recursos humanos ADP. Segundo ela, os bancos centrais vão agir para submeterem o setor à supervisão e regulamentação.
As empresas de blockchain e criptomoedas bombardearam Davos com festas, briefings e painéis à margem da conferência principal do Fórum Econômico, com a esperança de ganharem credibilidade e fecharem acordos com grupos que vão desde a gigante de alimentos Tyson Foods à empresa de software Salesforce.com.
“As criptomoedas receberam um grande impulso das sanções (contra a Rússia)”, disse o ministro das Finanças saudita, Mohammed al-Jadaan. “E estou preocupado porque isso pode ser usado para atividades ilícitas.”
David Rubenstein, cofundador e copresidente da empresa de investimentos norte-americana Carlyle, compartilhou suas preocupações. “Muitas pessoas ricas que querem esconder seus ativos após a situação russa, eu vou dizer de 5% a 10%, vão colocar em alguma cesta de criptomoedas”, disse ele. “O governo não sabe o que eu tenho, ele não pode ter isso e eu sempre posso acessar.”
O papel dos reguladores, autenticadores e custodiantes entrou em foco em Davos. O fórum foi aberto após um crash das criptomoedas em que ativos digitais perderam cerca de 800 bilhões de dólares em valor de mercado e uma das dez principais moedas digitais do mundo, a TerraUSD, se tornou inútil.
“Ainda é cedo (para o setor) em termos de classe de investimento”, disse Ling Hai, copresidente de mercados internacionais da Mastercard. “Ela precisa ser sancionada e regulamentada por banco central e por governos. Tem implicações monetárias. O valor precisa ser estável.”
No entanto, executivos de criptomoedas e financeiros disseram que a derrocada das últimas semanas fortalecerá a indústria porque a tecnologia e as moedas fortes sobreviverão.
Vit Jedlick, presidente da Liberland, uma micronação que reivindica terras disputadas entre a Sérvia e a Croácia, participou de um evento promovido pela Polkadot na esperança de iniciar uma parceria mais forte com a tecnologia blockchain.
A delegação indiana, que incluiu seis governos estaduais, foi abrigada em pavilhões cercados por corretoras de criptomoedas e empresas de blockchain, e tem se reunido com muitas delas para atrair investimentos, principalmente em educação e treinamento.
O prefeito de Miami, Francis Suarez, no centro das atenções sobre a queda da MiamiCoin da cidade, disse que está trabalhando com os operadores para corrigir falhas. “Ainda estou recebendo meu salário em bitcoin”, disse Suarez durante um painel do WEF. “E, para registro, não é meu único salário.”
(Reportagem de Jessica DiNapoli, Divya Chowdhury e Aditya Kalra)