Após liquidar estatal de chips, governo busca empresa privada


Menos de um ano após determinar a liquidação do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal que era a única produtora de chips e semicondutores na América Latina, o governo de Jair Bolsonaro vai tentar atrair empresas que possam assumir essa função no País.

Trata-se de uma lacuna de mercado sensível diante crise global que tem provocado a escassez desses componentes há vários meses seguidos. A chegada da internet móvel de quinta geração (5G) também vai exigir mais antenas e equipamentos que demandam esses insumos.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, admitiu nesta quinta que o País não pode ficar à mercê das importações e ressaltou a importância de ter um parque industrial forte no ramo, combinado com a formação contínua de profissionais para trabalhar com tecnologia.

“Precisamos investir para ter uma fábrica de semicondutores”, declarou nesta quinta, em reunião com presidentes de empresas de telecomunicações durante o evento Smart City Business, na capital paulista. “Estamos atrás de buscar uma empresa que possa abrir aqui uma fábrica de semicondutores. O Brasil pode exportar para Europa, África e toda a América Latina”, emendou.

A reunião teve a presença o presidentes locais da Nokia, Aílton Santos; Ericsson, Rodrigo Dienstamnn; Qualcomm, Luiz Tonisi; American Tower, Emerson Hugues; e High Trend Brasil (HBT), Carlos Sanchez.

Com sede em Porto Alegre, a Ceitec foi criada por lei em 2008, ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia era ter uma grande fabricante nacional de chips e semicondutores. O problema é que empresa sempre foi dependente do Tesouro Nacional – ou seja, precisava de recursos dos cofres públicas para bancar despesas correntes e salários.

Sem dar lucro e considerada ineficiente, a estatal se tornou alvo do atual governo, que anunciou uma extensão lista de privatizações durante a companha – o que não foi entregue. Em 2021, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) recomendou a extinção da Ceitec em junho, e o decreto presidencial que oficializou a decisão foi publicado em dezembro. Com a sua extinção, devem ser demitidos 177 servidores.

Nesta quinta, o ministro disse que o Brasil tem condições de se tornar um hub de inovação com a chegada do 5G neste ano. Segundo ele, empresas internacionais têm visto o País como um local propício para testes e investimentos em conectividade.

Faria acrescentou que é preciso também investir na formação de mão-de-obra qualificada para lidar com a nova geração de aparatos tecnológicos e aplicações. Mais do que isso: pediu uma ajuda do setor privado, especialmente das empresas da área.





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