Nova York, 25 Mai 2022 (AFP) – A empresa americana Eat Just, que produz carne obtida com o cultivo de células animais e que é a primeira a ter autorização para comercializá-la, alcançou um acordo para comprar biorreatores gigantes com a ambição de produzir dezenas de milhares de toneladas por ano.
A filial da empresa de carnes, Good Meat, anunciou nesta quarta-feira (25) que se associou com a Abec, uma fabricante de equipamentos especializados, que geralmente trabalha com o setor farmacêutico e de biotecnologia, para o desenvolvimento de tanques de 250.000 litros nos quais as células poderão proliferar.
A empresa planeja instalar 10 desses biorreatores nos Estados Unidos com o objetivo de começar a produção em 2025 e produzir cerca de 13,6 milhões de quilos de carne de frango e bovina por ano.
Outras empresas emergentes começam a trabalhar sobre este nicho da carne “de laboratório” ou artificial que promete produzir proteínas animais com um impacto ambiental menor comparado com a criação intensiva de animais e sem o sofrimento animal que produz.
A Eat Just, fundada em 2011, tem sua sede em San Francisco e é a primeira empresa no mundo a ter recebido, no final de 2020 na Singapura, a autorização para comercializar frango fabricado artificialmente.
Foi uma etapa crucial para aumentar a produção, destacou o co-fundador e diretor executivo Josh Tetrick à AFP. No entanto, no momento a produção continua sendo mínima, 4,5 toneladas este ano na Singapura, e muito cara.
Para vender grandes volumes e a preços acessíveis, é necessário ter uma capacidade de produção muito maior, acrescentou o empresário.
Por enquanto, o grupo planeja instalar pequenos biorreatores – de entre 3.500 e 6.000 litros – na Califórnia e Singapura até o início do próximo ano. Cada um poderá produzir dezenas de milhares de quilos de carne por ano.
Assim que conseguir o aval dos reguladores nos Estados Unidos, a Good Meat estará pronta para estrear no mercado nos primeiros 30 dias, afirmou Tetrick.
A Administração de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) ainda deve aprovar o processo de fabricação, enquanto o Departamento da Agricultura (USDA) precisa determinar como se deve rotular o produto.
A Eat Just não especificou o valor do acordo com a Abec, dizendo apenas que o investimento total é de várias centenas de milhões de dólares.
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