5g no Brasil: qual o tamanho das antenas? Cidades ficarão mais poluídas? – 25/05/2022


Prevista para o segundo semestre, a chegada do 5G ao Brasil exigirá a ampliação da infraestrutura de transmissão de dados. Entre as várias dúvidas dos consumidores, uma delas diz respeito às antenas. As cidades vão ficar ainda mais poluídas visualmente?

Nas áreas urbanas que já tem cobertura 4G, porém, devem prevalecer as instalações de equipamentos de pequeno porte.

Em vez do topo dos prédios, por exemplo, eles poderão ficar em fachadas, marquises ou mobiliários urbanos, como bancas de jornal e termômetros/relógio. Por isso, algumas cidades já estão definindo regras para sua instalação.

“Os equipamentos de pequeno porte, como as pequenas antenas ou minierbs, têm elementos irradiantes de até 30 litros”, explica Luciano Stutz, porta-voz do Movimento ANTENE-SE e presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para as Telecomunicações (Abrintel). Em tamanho, eles são um pouco maior que uma caixa de sapatos.

Outra opção são conjuntos de mastro, posteletes e equipamentos periféricos com até 300 litros de volume. “Essas pequenas antenas, com função de adestramento de sinal, estarão fixadas em fachadas de imóveis, no mobiliário urbano ou em outras estruturas já existentes”, afirma.

Segundo Stutz, o baixo impacto desses equipamentos permitiria sua presença mesmo em cidades com leis que proíbem a poluição visual, como São Paulo.

Sem licenciamento

A legislação federal também prevê que basta a autorização do proprietário do imóvel para sua instalação, sem necessidade de licenciamento prévio, como ocorre com os equipamentos de grande porte.

“Na prática, espera-se que essas instalações sem licenciamento ajudem a acelerar a ampliação da rede do 5G”, diz.

Depois de instalado, é preciso apenas notificar as autoridades municipais. Fernando Moulin, especialista em negócios digitais e sócio da consultoria Sponsorb, diz que cada cidade deve criar seu próprio marco regulatório.

“As regras [para antenas de pequeno porte] são determinações técnicas da Anatel e cada município fica responsável pelo próprio marco regulatório subsequente”, explica.

“Assim, a legislação local precisa aprovar a disposição dessas antenas nos lugares determinados. Esse processo já tinha acontecido anteriormente para outras frequências e agora está em desenvolvimento para o 5G”, completa.

Segundo Moulin, várias capitais já fizeram essa aprovação. “A expectativa é que o 5G esteja presente em todas as capitais até setembro, de acordo com a nova perspectiva de prazos transmitida pelo Ministério das Comunicações em março.”

Além disso, Moulin reforça que o 5G deve fazer uso de estruturas já existentes, como antenas MIMO, que são de múltiplas entradas e saídas. Elas possuem vários elementos ou conexões para enviar e receber dados simultaneamente.

A diferença para as operadoras e consumidores

Eduardo Pouzada, professor do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) e Doutor em Engenharia Eletrônica, faz uma ressalva: as operadoras de sinal e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) terão de observar regras de compatibilidade eletromagnética.

“A Anatel tem que certificar todas essas voltagens. A operadora que vai trabalhar com essa tecnologia não pode fazer o que bem entender. Tem que seguir normas, inclusive para o bem dela, que pode, em algum momento achar que está fazendo algo bom e piorar a situação”, diz ele.

No leilão do 5G, concluído em novembro, foram vendidas quatro bandas: 700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz (a mais usada no mundo) e 26 GHz.

Pouzada também destaca que boa parte da estrutura do 5G já está instalada e, tanto empresas quanto consumidores, poderão aproveitar os recursos já disponíveis para o 4G.

“Para as operadores, que vão fornecer o serviço, os equipamentos são muito semelhantes em tamanho”, diz ele.

“Agora, se você colocar na mão de alguém um celular com 4G ou com 5G, se não tiver um 5G ‘carimbado’ na frente, ele não vai saber diferenciar”, complementa.

É uma análise já consolidada para o cenário: o principal impacto vai ser na chamada Internet das Coisas (IoT), não no uso comum do smartphone.

“O que vai acontecer é que vários eletroeletrônicos serão produzidos com sensores que permitam conexão à internet, onde entra o conceito de Internet das Coisas. É provável que esses sensores estejam disponíveis para operar em qualquer frequência (3G, 4G ou 5G) e alguns já venham ‘nativos’ da nova tecnologia”, complementa Moulin.



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