“eclipse lunar é realmente tão bonito?”


Essa foi a pergunta — polêmica! — levantada pelo famoso astrônomo Neil deGrasse Tyson após o eclipse lunar da madrugada de segunda-feira (16). Segundo ele, esse tipo de eclipse é “tão mundano que se ninguém avisasse sobre o que está acontecendo com a Lua, você provavelmente nem notaria”. Palavras fortes.

O cientista e comunicador norte-americano está correto em um aspecto: eclipses lunares não são tão raros. Acontecem a cada dois ou três anos, e podem ser observados, a princípio, por qualquer pessoa na metade do planeta virada para a Lua no momento.

O eclipse solar, por outro lado, é muito mais difícil de ser observado; por ser um corpo muito menor, a sombra gerada pela Lua na superfície da Terra é diminuta. É uma questão de estar no lugar certo na hora certa.

Nada disso quer dizer que o evento seja mundano, no entanto. Ver a “Lua de Sangue”, com a coloração avermelhada causada pela atmosfera terrestre que modifica o pouco de luz solar que consegue atingir a Lua durante o eclipse, é um belo espectáculo, mesmo para quem já viu vários eclipses.

Mais importante ainda, na minha opinião, é a oportunidade que isso representa para a divulgação científica.

Gerar interesse pela ciência é sempre um desafio, e os eclipses são um excelente chamariz. Mesmo que os eclipses não sejam raros, não seria uma boa ideia aproveitar a ocasião para falar sobre os astros, sobre o sistema solar, sobre telescópios? Se a astronomia está em todos os jornais, vamos tirar vantagem disso!

Divulgação da treta

Pessoalmente, acredito que o próprio Neil deGrasse Tyson saiba disso. No entanto, ele também se aproveita de outro fenômeno bastante comum: a viralização da polêmica, ou a chamada “treta”.

Estudos científicos já mostraram que notícias e postagens que geram uma forte reação emocional (sejam notícias verdadeiras ou não) são aquelas que são compartilhadas mais eficientemente, e mais rapidamente. Não é à toa que recebi várias vezes o tuíte desvalorizando o eclipse, mesmo de pessoas que discordam do conteúdo.

Se queremos valorizar a ciência de verdade, devemos ser cuidadosos com o conteúdo que compartilhamos nas redes, separando os trolls e os influencers caçadores de cliques de quem realmente tem interesse em engajar o público com a pesquisa e as grandes descobertas. E ignorar quem não contribui para um diálogo positivo.

Dessa forma, vamos olhar para cima e apreciar o espetáculo, sim. Que afinal de contas é belíssimo, mesmo para esse astrônomo aqui que já viu vários eclipses ao longo da vida.



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