Entenda o caos que hackers estão causando na Costa Rica


Ao menos 27 instituições governamentais da Costa Rica foram atacadas por hackers em pouco mais de um mês. Segundo o governo do país, os ministérios da Economia, Trabalho e Previdência, Tecnologia e Inovação, Telecomunicações e Desenvolvimento Social e Ciência estão entre as vítimas. As primeiras invasões foram registradas em 12 de abril.

Os ataques são principalmente do tipo “ransomware“, que envolve sequestro de dados —e que já foi usado algumas vezes no Brasil. No caso da Costa Rica, as ações estão sendo atribuídas ao grupo pró-rússia Conti.

O que se sabe até o momento das invasões

Os cibercriminosos agem de forma remota e bloqueiam o acesso do governo aos próprios sistemas, através de códigos criptografados, além de infectar os sistemas com defacement (desconfiguração) de páginas web, roubo de arquivos de correio eletrônico e ataques à conta oficial do país no Twitter.

Para liberar o acesso, eles cobram um resgate milionário. Diante do problema, a Costa Rica precisou de assistência técnica dos Estados Unidos, Israel, Espanha e da empresa Microsoft.

Veja abaixo o caos que os hackers estão causando no país ao invadir os sistemas governamentais.

1 – Prejuízo de 30 milhões

Os primeiros ataques foram registrados contra

  • Ministério das Finanças, da Ciência, Inovação, Tecnologia e Telecomunicações (MICITT)
  • Instituto Nacional de Meteorologia (IMN)
  • Costa Rica Radiográfica SA (RACSA)
  • Fundo Costarriquenho de Segurança Social
  • Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTSS)
  • Fundo de Desenvolvimento Social e Bolsa Família (FODESAF)
  • Conselho Administrativo do Serviço Municipal de Eletricidade de Cartago (JASEC).

Na ocasião, o grupo Conti reivindicou a autoria e solicitou um resgate de US$ 10 milhões em troca de não divulgar as informações como declarações fiscais de cidadãos e empresas roubadas do Ministério das Finanças.

Como consequência, o governo teve que cancelar os sistemas informatizados utilizados para declarar impostos, bem como para o controle e gerenciamento das importações e exportações do país. Estima-se que o prejuízo ao setor produtivo seja de aproximadamente US$ 30 milhões por dia.

Além disso, as páginas web do MICITT foram removidas da rede. O presidente Rodrigo Chaves declarou então estado de emergência nacional.

2 – Sistemas fora do ar

Como o valor de US$ 10 milhões não foi pago pelo governo costarriquenho, o grupo Conti divulgou diversos arquivos oferecendo os dados pertencentes às agências governamentais da Costa Rica em seu site na Dark Web.

São dados importantes e sigilosos, como informações bancárias, códigos e detalhes de estrutura dos sistemas governamentais, além de informações e dados pessoais da população do país.

O ataque também afetou o funcionamento dos órgãos invadidos. Verificações, certificados e qualquer procedimento online estão fora do ar desde o mês passado. Situação que dificulta uma série de procedimentos, aumentando a burocracia no país e tempo de espera para que os cidadãos tenham acesso a esses documentos e serviços.

3 – Filas e atrasos na fronteira

Na tentativa de conter o roubo de dados e a divulgação dessas informações, a Costa Rica deu início a um plano de contingência para garantir os fluxos comerciais com países da América Central.

Para isso, o Comitê Aduaneiro Centro-Americano passou a fazer de maneira manual as burocracias e procedimentos exigidos para manter o comércio da Costa Rica com outros países.

Assim, a carga terrestre não foi paralisada, embora tenha tido atrasos e filas em Peñas Blancas, fronteira entre a Nicarágua e a Costa Rica, justamente porque o plano de contingência é manual, o que deixa o procedimento mais lento.

4 – Queda do governo

Mais recentemente, ao perceber que o governo não dá sinais do pagamento do resgate, o grupo Conti passou a incentivar os cidadãos do país a protestarem contra essa decisão do governo, e os incentivam a pedir a saída do presidente.

*Com informações da Vice e de agências de notícias



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