iPhone SE 3ª geração (2022) é bom? Preço, teste, desempenho


Do que você abriria mão para ter um iPhone novinho em folha, com excelente processador e que fique no seu orçamento? Conjunto de câmeras versátil? De uma tela grande? Bateria de longa duração? O iPhone SE de 3ª geração, que chegou ao Brasil em abril, é um bom exemplo desses parâmetros: o modelo abre mão de ter certas configurações para custar menos.

Assim como os antecessores da linha SE, ele chega com o processador mais moderno que a Apple tem hoje —neste caso, o A15 Bionic—, mas num corpo antigo, o mesmo do iPhone 8, lançado em 2017.

O resultado é um celular simples e eficiente, que não empolga e não decepciona. O design traz limitações técnicas que vão além do visual, mas também algumas vantagens que celulares mais modernos não têm.

Segundo a Apple, ele é um modelo criado para ser um celular de entrada no ecossistema da empresa. Ou seja, o primeiro iPhone de consumidores que desejam investir menos. Tilt testou o lançamento por algumas semanas e conta agora qual se isso faz sentido.


Pontos Positivos

  • Desempenho de alto nível garante uma experiência sem travamentos e com longa perspectiva de vida útil.
  • Design simples e compacto permite o uso confortável com uma mão; cabe em qualquer bolso de calça ou camisa.
  • Desbloqueio por impressão digital (Touch ID) é mais confiável e prático do que o reconhecimento facial (Face ID) de iPhones mais recentes.

Pontos Negativos

  • Bateria exige recarga uma vez por dia com uso moderado, e tende a ficar pior com o passar do tempo.
  • Câmera única é limitada diante de rivais: não tem segunda opção de ângulo, nem modo noturno para clarear cenas escuras.

Veredito

O iPhone SE de 3ª geração é o equivalente a um ‘macarrão instantâneo’ entre celulares: simples, não tão caro e agradável. Mas não é uma refeição completa, e por isso pode não te deixar satisfeito no final. O corpo compacto é confortável e o desempenho é top de linha. Mas o design antigo torna o aparelho mais frágil a quedas e ao contato com água. A bateria é limitada. Há rivais Androids melhores e mais baratos, e iPhones de gerações anteriores que podem valer mais a pena.

O UOL pode receber uma parcela das vendas pelo link de compra recomendado neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial.

Repetindo o antecessor, o iPhone SE (2022) vem com o mesmo corpo do iPhone 8, de 2017, mas que, a olhos menos treinados, pode muito bem se passar por um iPhone 7 ou 6, seguindo um padrão estético que vem desde 2014.

Indo além da questão estética, o corpo do iPhone SE deste ano é mais frágil que o de iPhones mais recentes (e mais caros) em termos de queda. Isso acontece porque ele não tem o Ceramic Shield de um iPhone 12 ou 13, por exemplo, tecnologia que usa cristais de nanocerâmica na composição do vidro para torná-lo mais resistente.

No quesito riscos no display, cuidado. Em poucos dias de uso, o aparelho de teste já apareceu com marcas nas bordas, provavelmente de tanto entrar e sair de bolsos e mochilas.

Riscos na borda do iPhone SE 2022 - Lucas Carvalho/Tilt - Lucas Carvalho/Tilt

Riscos na borda do iPhone SE 2022

Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Outro dado importante é que o nível de proteção contra água e poeira aqui também é mais baixo. O iPhone SE 3ª geração tem certificação IP67 e a Apple diz que ele sobrevive a mergulhos de 1 metro por até 30 minutos.

Já o iPhone 13 tem certificação IP68 e sobrevive a uma profundidade de 6 metros pelos mesmos 30 minutos.

As vantagens, porém, ficam por conta da usabilidade. Mais compacto, o iPhone SE é muito confortável de usar. Ele também é mais fino que o iPhone 13 (7,3 milímetros de espessura, contra 7,6 do modelo mais caro) e também mais leve (144 gramas contra 173 gramas).

O método de desbloqueio também é um agradável retorno ao passado. O Touch ID é uma solução mais rápida e prática: não importa a condição, o leitor de impressões digitais sempre funciona.

Na “cara” do iPhone SE, porém, as desvantagens são maiores que as vantagens. Além de ser menor, o painel LCD tem menos resolução e menos brilho do que celulares igualmente recentes e até mais baratos.

A telinha de 4,7 polegadas (11,9 centímetros de uma ponta à outra na diagonal) pode agradar a quem prefere painéis pequenos, mas é inegável que a experiência de ver vídeos, filmes, séries ou jogos é prejudicada em comparação com telas maiores.

A não ser, claro, se você tiver no momento um celular mais antigo. Neste caso, sua experiência com o SE deste ano será muito melhor.

A resolução é HD: 1.334 por 750 pixels, numa densidade de 326 pixels por polegada.

Como comparação, o iPhone 13 mini (o mais barato entre os lançamentos da linha 13: R$ 4.999) exibe 2.340 por 1.080 pixels a 476 ppp.

iphone se - Lucas Carvalho/Tilt - Lucas Carvalho/Tilt

iPhone 13 mini (à esq.) e iPhone SE 2022 (à dir.): tela pequena em corpo grande

Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

O baixo brilho da tela do iPhone SE foi um ponto que não gostei. Tive que fazer mais força para enxergar o conteúdo da tela sob o sol forte, por exemplo

Não dá para dizer que as câmeras do iPhone SE de 3ª geração são ruins. Mas também não dá para dizer que impressionam, comparado a outros modelos top de linha nessa faixa de preço.

A lente traseira única é de 12 MP. Se você não se importa em não ter mais opções de ângulos e de zoom, não vai se decepcionar.

O resultado das fotos é muito bom, com bons contrastes, cores realistas e alto padrão de qualidade Apple nas imagens. Em condições equiparáveis, mal dá para notar a diferença entre uma foto feita no iPhone SE 2022 e uma feita com a lente principal do iPhone 13 (que custa atualmente a partir de R$ 5.399).

O mesmo vale para a câmera frontal. Embora tenham menor resolução (são só 7 MP, contra os 12 MP dos iPhones 13), as selfies feitas com o lançamento são bem competentes e não deixam muito a desejar em comparação com outros celulares modernos.

Em termos de software, o aparelho tem uma agradável surpresa: suporte aos estilos fotográficos, recurso que a Apple estreou nos iPhones 13 e que permite mudar um pouquinho a calibragem padrão das cores nas fotos. Coisa que iPhones 12 e 11 não têm.

O modo retrato também foi preservado aqui, mesmo na câmera frontal, e com todos os filtros de iluminação artificial dos outros telefones da Apple. O resultado, porém, continua no mesmo patamar de sempre: bacana, mas artificial. Não dá para confundir com o fundo borrado de uma câmera profissional.

Uma desvantagem grabde do SE aqui é que não existe o modo noturno, aquele recurso de software que permite clarear uma foto tirada num ambiente escuro. Ele até aumenta o brilho de cenas escuras automaticamente, sem exigir o flash, mas isso acaba matando o contraste, deixando a imagem mais artificial e prejudicando a resolução.

Fotos tiradas com o iPhone SE 2022

O modo noturno faz falta especialmente se comparado a outros celulares de câmera única que conseguem fazer isso muito bem só com software —é o caso do meu velho Google Pixel, de 2016, por exemplo. Por algum motivo, a restrição da Apple parece ser física, e não digital.

Em resumo, para fotos e vídeos do dia a dia, cenas do cotidiano para mandar para os amigos e família, ou para postar nas redes sociais, as câmeras do iPhone SE 2022 são melhores do que muito celular mais caro. Mas não são as mais versáteis.

O único componente do iPhone SE que não é ultrapassado é o processador. Além de conexão 5G, o chip A15 Bionic promete manter o desempenho do telefone em alta velocidade por muitos anos.

Como era de se esperar, o iPhone novo não trava. Games pesados rodam com a mesma tranquilidade que os apps mais leves. Dá para dizer que este aparelho é provavelmente o mais rápido dessa faixa de preço no Brasil hoje.

A memória, porém, poderia ser melhor: apps esquecidos em segundo plano há mais de um ou dois dias vão reiniciar quando você abri-los novamente, em vez de continuarem da mesma tela em que pararam. Um detalhe quase insignificante diante de uma experiência de uso tão tranquila. Pelo menos foi isso o que ocorreu durante os testes.

iPhone SE 2022 3ª geração - Lucas Carvalho/Tilt - Lucas Carvalho/Tilt
Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Para quem gosta de números, lá vai: no aplicativo Geenkbench 5, que calcula a performance da CPU de celulares, tablets e computadores, minha unidade do iPhone SE 2022 fez

  • 1.741 pontos em single-core (quando apenas um núcleo do processador é estressado)
  • 4.730 pontos em multi-core (quando múltiplos núcleos são estressados simultaneamente).

Em single-core, o resultado é melhor que o do iPad Pro de 3ª geração, que vem com um processador M1, também da Apple. Em multi-core, o iPhone SE se saiu melhor que o iPhone 12 Pro Max e quase duas vezes melhor que o seu antecessor, o SE de 2ª geração, de 2020.

A bateria, porém, deixa muito a desejar. Em geral, ela dura quase um dia inteiro de uso moderado —média de 1 hora e 40 minutos de tela ligada por dia—, mas eu esperava mais de um aparelho tão simples, sem recursos mirabolantes que poderiam consumir mais energia.

O fato de eu ter que manter a tela sempre no brilho máximo para conseguir enxergar pode ter ajudado a gastar a bateria mais rápido. Ela é fisicamente pequena (só 2.018 mAh) e o aparelho não é vendido com o carregador na embalagem.

É de se imaginar que, no futuro, esse iPhone SE comece a durar ainda menos tempo longe da tomada, e você tenha que colocá-lo para carregar duas vezes por dia. Com uma autonomia dessas, ser ultra rápido não parece mais uma vantagem tão grande, pois isso se manterá por um período apenas.

Mesmo limitado, gostei de usar o iPhone SE. É simples, mas ao mesmo tempo rápido e confiável para tarefas básicas.

Mas ainda é difícil justificar a compra do aparelho pelo preço —mesmo para quem é fã da Apple e não troca o iOS por nada, nem por um Android objetivamente melhor e mais barato.

Isso porque existem iPhones melhores e mais baratos no mercado hoje. Um iPhone 11, de 2019, por exemplo, é rápido, tem um design moderno, mais câmeras, tela melhor, e você pode encontrá-lo por até R$ 3.599 em algumas lojas.

Em comparação com o iPhone 11, a única vantagem do SE é a conexão 5G e o processador A15 Bionic, que garantem que ele vai continuar potente e adaptado à internet mais rápida por mais tempo.

O iPhone SE de 3ª geração só é uma boa opção em um caso muito, muito específico: se você quer um celular da Apple com o processador mais potente do momento, com Touch ID e curte uma tela pequena.

Comprar só porque é “o iPhone mais barato do momento”, não compensará o custo-benefício atual.



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