veja 4 coisas que mudam com a chegada da tecnologia


O 5G “puro” estreou no Brasil no começo deste mês, em Brasília (DF), e a previsão é de que mais capitais liberem a nova rede aos consumidores. Ainda não há datas oficiais, mas a certeza é que a lista inicial conta com: Belo Horizonte, Porto Alegre, João Pessoa e São Paulo. A novidade tem levado muita gente a se perguntar: ok, mas o que muda na prática neste primeiro momento?

Tilt conversou com especialistas para descobrir. E aqui vale um spoiler: a revolução esperada pelo 5G ainda não será vista.

1. Mais velocidade

A média de velocidade do 4G no Brasil é de 19,8 Mb/s (megabytes por segundo; unidade de referência de velocidade de internet). O 5G tem capacidade para ser até 20 vezes mais rápido. Nos primeiros testes feitos em Brasília, a nova rede chegou a registrar velocidade entre 500 Mb/s e 1 GB/s (gigabyte por segundo).

Na prática, isso representa perder menos tempo com downloads de programas, filmes e séries, além de permitir melhorar a experiência com games online, explica o especialista em tecnologia Mathias Naganuma, coordenador do curso de Direito Digital da Faculdade Impacta, de São Paulo.

E será mais rápido quanto? De acordo com site especializado em tecnologia LifeWire, o tempo médio para baixar um filme em alta definição com a tecnologia 4G é de aproximadamente 49 minutos. Com o 5G, esse tempo vai cair para 7 minutos.

Em testes feitos pelas empresas Huawei e Ericsson, filmes com a resolução HD foram baixados em alguns segundos com a rede de quinta geração. Calcula-se que seja possível realizar downloads de 1,5 mil fotos em apenas 9 minutos. Com o 4G, essa atividade levaria pelo menos uma hora.

2. Menos latência (tempo de resposta)

A partir da autorização necessária da Agência Nacional de Telecomunicações, as empresas de telefonia passarão a ofertar o 5G standalone nas cidades. Ele é chamado assim, pois seu funcionamento não depende da infraestrutura do 4G, ele trabalha com uma rede única.

Isso faz toda a diferença na hora de oferecer uma rede com baixa latência, outra característica importante do 5G.

A latência é sinônimo do que chamamos de delay, aquele tempo que leva para os dados — de áudio e vídeo, por exemplo— serem processados até chegarem em seu equipamento. Para efeito de comparação:

  • 4G: a informação leva até 80 milissegundos para viajar de um lugar para o outro
  • 5G: esse tempo de resposta cai para algo entre 1 e 4 milissegundos.

“A gente que usa videochamadas com frequência vai perceber uma melhora considerável. Hoje em dia, a gente percebe que tem um delay [atraso] no envio do que você fala até a outra pessoa receber. O 5G vai amenizar essa situação”, diz a especialista em transformação digital Sandra Turchi, professora da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

Isso também impacta o universo gamer, pois menor latência significa gráficos mais fluidos e tempo de resposta menor para os comandos. Para se ter uma ideia, um tempo de 100 milissegundos pode atrapalhar o andamento das partidas.

Em Pokémon Unite (jogo disponível para Nintendo Switch e celulares), por exemplo, a latência alta causa travamento de tela e demora na resposta aos comandos de ataque. Imagine ver os Pokémon inimigos chegando com atraso?

A menor latência, portanto, pode ser a diferença entre vencer ou perder a partida.

3. Mais gente conectada

Já tentou enviar um vídeo pela internet ou uma selfie durante um evento lotado de gente ao redor? É comum que o sinal da internet oscile, caia, fique lento nessas situações. Isso acontece porque o 4G possui uma limitação técnica: apenas 10 mil dispositivos funcionam conectados por quilômetro quadrado.

“Com o 5G, você consegue conectar 1 milhão de aparelhos por quilômetro quadrado. Automaticamente, a banda não fica sobrecarregada”, explica Naganuma.

4. Mais estabilidade

Por conta das características apresentadas acima, o 5G permite conexões de internet bem mais estáveis. A expectativa é que, quando a rede estiver mais difundida, ela será mais estável e rápida do que muitos pacotes de internet fixa existentes hoje.

“Os jogos estão cada vez mais pesados, com gráficos cada vez mais pesados. O universo gamer vai ficar mais tranquilo, porque você vai ter estabilidade de conexão com o 5G, além da rapidez”, afirma Naganuma

“Teremos uma melhoria considerável nas conexões e experiências”, acrescenta Turchi.

A revolução fica para depois

Uma das principais promessas do 5G é possibilitar a evolução (e popularização) da internet das coisas (IOT, ou internet of things, em inglês). Ou seja, uma rede que consegue manter vários equipamentos eletrônicos conectados e funcionando ao mesmo tempo sem problemas de lentidão, travamento e instabilidade.

“A gente já consegue fazer isso com wi-fi, mas a diferença é que todos os equipamentos terão um chip 5G, que poderão ser controlados de forma remota. A internet das coisas vai permitir que muitos mais dados sejam processados de forma muito mais rápida”, ressalta Naganuma.

No futuro, ainda será possível vermos mais entregas de delivery sendo feitas via drones e o uso da rede na telemedicina, com a capacidade de fazer cirurgias à distância.

Os avanços na saúde serão alcançados diante da maior velocidade de conexão, da estabilidade e da menor latência do 5G, funções que garantem menor tempo de resposta, como já destacado, e maior precisão. “O médico terá a capacidade de fazer uma operação cirúrgica, de maneira remota, sem problemas de conexão e com todas as informações que precisa”, afirma Naganuma.

“É algo que já vem sendo prometido há algum tempo. Talvez não seja de imediato, mas se espera que a gente possa usufruir em breve”, acrescenta Turchi.

O breve, porém, não deve ser entendido como já neste ano no Brasil. Avanços tecnológicos a partir do 5G vão chegar aos poucos. Segundo o cronograma da Anatel, a implementação da nova rede seguirá assim:

  • Cidades com mais de 500 mil habitantes: até julho de 2025
  • Cidades com mais de 200 mil habitantes: até julho de 2026
  • Cidades com mais de 100 mil habitantes: até julho de 2027
  • Cidades com mais de 30 mil habitantes: até julho de 2028

E os carros sem motoristas?

O carro autônomo, que não precisa de motorista humano para funcionar, é outro braço da evolução tecnológica que o 5G tem potencial de ajudar. Mas ainda está longe de se tornar comum pelas ruas, principalmente pensando no Brasil.

Vários testes fora do país estão sendo realizados, mas o desafio de popularizar esse mercado não depende apenas de uma rede de internet veloz. Ainda é preciso investir, por exemplo, em sensores e sistemas com inteligência artificial capazes de manter a segurança do veículo e das pessoas ao redor.

Segundo os entrevistados, é algo que ainda deve demorar bons anos para acontecer. Isto porque os modelos autônomos desenvolvidos até o momento apresentaram problemas de funcionamento, se envolveram em acidentes de trânsito e estão demorando mais para evoluir tecnologicamente do que o previsto pelas empresas.

A Tesla, empresa de Elon Musk, é uma das principais montadoras de olho no mercado dos carros autônomos. Seus veículos são equipados com um sistema chamado Auto Pilot, que é capaz de mudar de faixa sem a interferência do motorista e de rodar em rodovias sem participação humana.

No entanto, uma família da Califórnia, nos Estados Unidos, acusa o mau funcionamento do sistema da Tesla de ter sido responsável pela morte de um engenheiro de 38 anos, em 2018.

Também na corrida pelo desenvolvimento de um carro 100% autônomo, a Uber teve de pôr o pé no freio depois que Elaine Herzog, de 49 anos, foi atropelada por um modelo de testes da empresa no Arizona, também em 2018. A inteligência artificial não conseguiu identificá-la como uma pessoa, pois ela atravessava fora da faixa de pedestres.



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