A nova geração de transmissão de dados, o 5G, está finalmente se espalhando pelo país. Quatro cidades já receberam (Brasília, BH, João Pessoa e Porto Alegre) e todas as capitais devem ganhar cobertura até o fim de setembro.
Para aproveitar as vantagens do 5G, como velocidade até 20 vezes mais rápida que o 4G, é preciso ter um celular compatível. O que leva muitos consumidores a se perguntar: vale a pena substituir o aparelho atual por um 5G?
O que muda com o 5G?
Em resumo, o 5G permite downloads com velocidade na casa dos gigabits por segundo. Isto é, você vai ser capaz de baixar filmes em alta qualidade em menos de um minuto.
Há também a baixa latência: o tempo de resposta entre seu comando e a execução dele é muito menor. Essa característica é especialmente útil para quem joga games competitivos online, como FreeFire ou Fortnite. A conexão também é mais estável, permitindo que jogar no 5G em pé de igualdade com pessoas em uma conexão de internet fixa.
No Brasil, há três tipos de 5G:
- 5G DSS: Usa frequências do 4G para oferecer internet mais rápida (na casa dos 100 Mbps). As principais operadoras já oferecem essa modalidade em diversas cidades, desde 2020. É uma espécie de “transição” para o verdadeiro 5G.
- 5G NSA (Non Stadalone): Usa frequência de 5G com o parte central da rede 4G. Oferece internet mais rápida, na casa dos gigabits por segundo, mas não tem latência tão baixa.
- 5G SA (Standalone): Também conhecido como 5G puro. Usa a frequência e o núcleo de uma rede dedicada somente a ele. É o que traz o pacote completo de benefícios (e o que está estreando nas capitais)
Então vale a pena trocar de celular?
Para Mathias Naganuma, especialista em comunicação digital e professor da Faculdade de Tecnologia Impacta, é uma boa ideia se você já está pensando em trocar de telefone.
“No futuro, invariavelmente você sentirá a necessidade de ter um celular com essa tecnologia”, afirma. Ele alerta que, em breve, novos aplicativos, produtos e serviços com a tecnologia 5G se popularizarão, exigindo um dispositivo apropriado se você quiser usá-los.
Esse “em breve”, porém, é discutível. Para especialistas, os principais benefícios do 5G serão aplicados em avanços para a indústria, a saúde, a agricultura e a infraestrutura das cidades. Carros autônomos, por exemplo, precisam de 5G.
São nesses segmentos que boa parte dos investimentos em inovação devem se concentrar.
O consumidor final acabará sendo beneficiado “no embalo” de tudo isso. Novidades focadas especificamente neles e nos smartphones podem demorar um pouco.
A maior vantagem para eles, por enquanto, será apenas mais velocidade para fazer o que ele já está acostumado. No caso dos gamers, há também a baixa latência, que permite comandos e reações mais rápidos.
“As principais aplicações atuais, como Netflix, YouTube e Uber, foram desenvolvidas para funcionar no 4G”, lembrou Márcio Carvalho, diretor de marketing da Claro, no lançamento do 5G em Brasília. Naquele momento, ele queria contextualizar que, por enquanto, 5G non-stand alone já é suficiente para o consumidor.
Quando ele chega na sua cidade?
Outro ponto a considerar é o cronograma definido pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para a expansão da cobertura. Dependendo de onde você mora, o sinal pode levar mais de cinco anos para ser implementado.
Confira os prazos combinado com as operadoras que venceram o leilão do 5G:
-
Capitais: até 29 de setembro
-
Cidades com mais de 500 mil habitantes: até julho de 2025
-
Cidades com mais de 200 mil habitantes: até julho de 2026
-
Cidades com mais de 100 mil habitantes: até julho de 2027
-
Cidades com mais de 30 mil habitantes: até julho de 2028
E o preço?
Há uma ampla variedade de celulares já compatíveis com a nova geração. Veja lista completa, de acordo com a Anatel.
O preço varia de acordo com a sofisticação de cada aparelho, mas há opções acessíveis. Tilt já listou sete modelos com bom custo-benefício, a partir de R$ 1,4 mil.
No entanto, para alguns consumidores, o uso do 5G puro (ou stand-alone) também pode significar um custo maior na conta de telefone.
Clientes dos planos Tim Black e Tim Black Família, por exemplo, terão de pagar R$ 20 a mais, por mês. Além da conexão com 5G, eles também receberão mais 50 GB de dados e benefícios como transmissão ilimitada na plataforma Twitch.
Claro e Vivo anunciaram que não vão cobrar a mais dos clientes para terem acesso ao 5G nas capitais, mas em alguns casos será preciso trocar o chip do celular para ter compatibilidade. Na maioria dos casos, as operadoras cobram de R$ 10 a R$ 15 pela peça.
Segundo Julian Alexienco Portillo, pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica e engenheiro da Nextest, empresa de equipamentos de telecomunicações, justifica que as opereadoras estão repassando ao consumidor o custo do investimento na infra-estrutura do 5G.
“São necessárias muitas antenas para garantir a transmissão do sinal. O Brasil não detém essa tecnologia e, com o novo sistema, também demanda por mão de obra com qualificação mais específica”, explica.
Portillo ressalta ainda que o país importa boa parte dos componentes e equipamentos usados nessa transição, o que encarece o custo, já que o real está desvalorizado diante do dólar.
*Com informações de reportagens de Tilt por Letícia Naísa, Marcella Duarte e Guilherme Tagiaroli