A partir das 17h30 (horário de Brasília) desta terça-feira (13), a segunda superlua do ano poderá observada pelo céu. Conhecida como Superlua dos Cervos, a sensação será de que ela estará ainda maior e mais brilhante.
O primeiro fenômeno do tipo aconteceu no mês passado. Para acompanhar, não será preciso usar nenhum equipamento profissional. Basta que as condições do céu estejam favoráveis, sem nuvens.
Observatórios brasileiros também farão eventos para destacar a superlua, com telescópios e orientações de astrônomos, como o Planetário do Rio de Janeiro (RJ) e o Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini (SP).
Mais dicas para observar a superlua
A primeira hora após o nascimento é o melhor momento para acompanhar, pois a SuperLua dos Cervos poderá exibir diferentes variações de tonalidade, como: amarelada, alaranjada ou avermelhada, devido à interação com a atmosfera.
Sites ou aplicativos de astronomia (como Skywalk, Starchart, Sky Saari ou Stellarium) podem ajudar a descobrir os melhores horários de visibilidade em sua região, além de serem úteis para encontrar a posição de outros corpos celestes.
Também é quando ela parece enorme pois, próxima do horizonte, temos uma ilusão de óptica devido à perspectiva com referenciais terrestres, como prédios e árvores.
O dia seguinte também é uma ótima oportunidade de observação, com nosso satélite ainda com 100% de iluminação. Ela nascerá um pouco mais tarde, por volta de 18h40.
Superlua x lua cheia comum
Superlua é um conceito um tanto polêmico, visto que não é uma designação astronômica, mas sim um nome popular.
O termo foi, originalmente, cunhado por um astrólogo, Richard Nolle, em 1979. Mas hoje, até a Nasa fala em superluas. Só não há regras oficiais para decidir qual se classifica como uma.
A superlua ocorre quando a Lua cheia coincide ou é bem próxima ao seu perigeu, momento do mês em que ela está mais perto da Terra. Isso faz com que ela apareça até 15% maior e 30% mais brilhante em nosso céu.
A Lua Cheia de julho estará a “apenas” 357.418 km da Terra (a mais próxima do ano), e o momento exato do perigeu é às 6h08 de 13 deste mês.
Para Nolle, a Lua Cheia precisa ocorrer em até 24 horas (antes ou depois) do momento exato do perigeu; assim, temos apenas duas este ano (junho e junho). Já alguns cientistas consideram apenas a distância como fator definidor; para o astrofísico Fred Espenak, as Luas de maio, junho, julho e agosto são “super”.
Por que acontece?
Devido às influências gravitacionais, a órbita da Lua ao redor da Terra — bem como as dos planetas ao redor do Sol — não é um círculo perfeito, mas sim uma elipse (uma espécie de oval).
Por isso, ela se afasta e se aproxima de nosso planeta durante essa movimentação. O ponto em que fica mais distante é chamado de apogeu (a cerca de 400 mil km); o mais próximo, perigeu (a cerca de 360 mil km).
O perigeu pode ocorrer em qualquer uma das fases; se coincide com a Lua Cheia, temos a tal superlua. Da mesma forma, uma Lua Cheia no apogeu pode ser chamada de “microlua”.
Esse processo todo não é algo raro; ocorre todos os meses: a Lua demora aproximadamente 28 dias para dar uma volta completa na Terra, passando por suas quatro fases.
Na fase cheia, temos um alinhamento triplo: de um lado da Terra, o Sol; do lado oposto, a Lua, totalmente iluminada por influencia da estrela do nosso sistema solar.
Por que chama Superlua dos Cervos
Tradicionalmente, as Luas cheias costumam ser relacionadas a significados místicos — que não têm qualquer embasamento astronômico — e culturais. Tanto que povos nativos norte-americanos batizaram todas as Luas cheias do ano, associando-as a fenômenos naturais, como estações, plantas e animais.
A lua cheia de julho recebeu o nome de Superlua dos Cervos. Isso remete à época em que a galhada desse tipo de animal se regenera, no verão no hemisfério Norte (os chifres sempre caem no inverno, para aliviar o peso e porque se quebram em brigas, e crescem de novo no calor).
Outros fenômenos para acompanhar em julho:
15/7: Conjunção entre Lua e Saturno
A Lua, ainda bem cheia (90% de iluminação), ganhará a companhia do planeta dos anéis. A partir das 21h, Saturno aparecerá acima e à esquerda dela, como uma estrela dourada de brilho fixo.
Com telescópios, binóculos, ou mesmo uma câmera com teleobjetiva (lente zoom), é possível ver mais detalhes dos corpos, como as crateras da Lua e os anéis de Saturno.
Entre 18 e 19/7: Conjunção entre Lua e Júpiter
O segundo planeta mais brilhante (depois de Vênus) vai fazer ainda mais bonito: dar um “beijo” no nosso satélite. A partir da meia-noite de 18 para 19, será possível ver Júpiter bem coladinho, acima e à esquerda da Lua.
Ressaltando que, quando falamos em conjunções, nos referimos do ponto de vista da Terra. No espaço, os corpos estão separados por milhões de quilômetros.
Entre 20 e 21/7: Conjunção entre Marte e Lua
Para completar os encontros celestes, a Lua minguante poderá ser vista próxima do planeta vermelho.
A partir das 2h da madrugada do dia 21, o vizinho Marte estará logo abaixo de nosso satélite, como uma estrela avermelhada. Eles são, de fato, os dois corpos mais próximos do Sistema Solar.
Entre 28 e 29/7: Pico da chuva de meteoros Piscis Austrinids
A primeira de um trio de chuvas de meteoros de julho. Ativa entre 15 de julho e 10 de agosto, seu pico acontece na madrugada entre os dias 28 e 29. O radiante (ponto onde os meteoros aparentam convergir) é a constelação do Peixe Austral — não confundir com Peixes. O melhor horário para observação é entre 2h e 4h da madrugada, quando estará mais alta no céu.
Só não espere muito; é uma chuva fraca, com cerca de cinco “estrelas cadentes” por hora. O corpo que a originou é desconhecido. Pode ser um antigo cometa que já se desintegrou.
Use um app de observação astronômica para encontrar a constelação. Mas não é preciso fixar o olhar neste ponto: os meteoros irradiam de toda área ao redor.
30/7: Pico das chuvas de meteoro Delta Aquáridas do Sul e Capricórnidas
É a noite mais aguardada do mês. Com o pico de duas chuvas coincidindo, e mais alguns resquícios da Piscis Austrinids, previsões otimistas dizem ser possível ver até 30 meteoros por hora. No ano passado, elas deram um show nos céus brasileiros.
A Delta Aquáridas do Sul é a mais intensa e, como o nome diz, nós observadores do hemisfério Sul somos privilegiados. Ativa ente 12 de julho e 23 de agosto, tem o radiante na constelação de Aquário. Apesar de gerar meteoros menos brilhantes, a grande densidade é sua maior característica, enchendo o céu de “riscos”.
Já a Alfa Capricórnidas tem o radiante na constelação de Capricórnio e acontece entre 3 de julho e 15 de agosto. Apesar de mais fraca, com cerca de cinco meteoros por hora, ela tem um diferencial: costuma aparecer como bolas de fogo brilhantes ou explosivas (bólidos), deixando clarões no céu, em vez dos tradicionais rastros.
Ambas as constelações ficam próximas no céu, então fica mais fácil observá-las; o melhor horário é entre meia-noite e 4h. A Lua “apagada”, na fase nova, favorece nossa visão. As duas noites seguintes também são boas oportunidades, com as chuvas ainda com intensa atividade.
Não é preciso qualquer equipamento especial: todos os meteoros podem ser vistos a olho nu, de qualquer lugar do país. Basta um céu limpo. Tente buscar o local mais escuro possível após a meia-noite. Os meteoros irradiarão da constelação de Aquário, mas podem aparecer em qualquer lugar do céu.
A Delta Aquáridas vem de resquícios do cometa 96P/Machholz ou P/2008 Y12 (SOHO); a Alfa Capricórnidas, do 169P/NEAT. Elas acontecem todos os anos, quando a Terra, em seu movimento de translação em torno do Sol, cruza a órbita de cada cometa, por onde flutua uma trilha de destritos. Neste período, por cerca de um mês, algumas dessas partículas atingem nossa atmosfera, causando uma chuva de meteoros. O pico ocorre quando atravessamos a área mais central e densa do rastro do cometa.
*Com texto de Marcella Duarte e informações dos sites Time and Date e AstroPixels