Um esquema de vendas fictícias através de farmácias fantasmas estaria usando o nome de pessoas cadastradas no SUS (Sistema Único de Saúde) para a retirada de medicamentos gratuitos ou com descontos de até 90% através do programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde.
A denúncia, exibida no domingo (15) pelo “Fantástico”, da TV Globo, está em um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União), que aponta o desvio de R$ 2,6 bilhões, em todo o Brasil, entre 2015 e 2020.
O esquema foi descoberto após algumas pessoas perceberem que a retirada de medicamentos em unidades cadastradas no Farmácia Popular constava em seus nomes dentro do aplicativo ConecteSUS.
É justamente por meio de o app, segundo o Ministério da Saúde, que se torna possível descobrir se seu CPF foi usado na fraude. Abaixo, veja como faz.
Como saber se seu nome está envolvido na fraude
- Caso não tenha, baixe no celular o aplicativo ConecteSUS, que está disponível para sistemas Android ou iOS.
- Clique em login (CPF e senha) em sua conta gov.br. Se não tiver cadastro, veja como abrir uma conta.
- Logo ao abrir o app dentro do seu login, aparece uma opção chamada Medicamentos. Clique nela.
- Caso seu nome tenha sido usado na fraude, os remédios, que em tese, recebeu, aparecem em Recebidos. Se a lista estiver vazia, você não teve o CPF envolvido na fraude.
A recomendação do Ministério da Saúde é a de que, se constatado o uso indevido, deve relatar o caso à ouvidoria do SUS.
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Golpe da Farmácia Popular usa CPF de terceiros
Imagem: Reprodução
Como funcionava o esquema
Segundo a reportagem, o esquema funciona da seguinte forma: os golpistas comprariam o CNPJ de drogarias já credenciadas pelo governo —um dos fraudadores ofereceu o cadastro por R$ 40 mil.
As vendas fictícias de medicamentos estariam usando o nome de outras pessoas para desviar dinheiro público.
Duas pessoas entrevistadas pelo “Fantástico” disseram ter descoberto a utilização irregular de seus CPFs ao mexerem no ConecteSUS.
“[O aplicativo] Diz que eu retirei medicamentos em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, mas eu nunca pisei, nem tenho parentes lá”, afirmou Luiz Felipe Cruz, analista fiscal, morador de São Paulo.
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Golpistas usam cadastros no SUS para golpe na Farmácia Popular
Imagem: Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde
Sobre o problema das farmácias fantasmas o diretor do DenaSus, Cláudio Azevedo Costa, disse à reportagem que o Ministério da Saúde atua para melhorar seus mecanismos de controle.
“Nós criamos uma nova metodologia baseada em matriz de risco. É como se fosse uma malha fina e a gente consegue identificar os pequenos casos e a gente direciona a ação do Denasus naqueles casos de risco maior”, afirmou Costa.