As ambições do presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, são altas para a criação do metaverso —mundo digital imersivo— da empresa. E para tirar o plano do papel, o grupo (dono do Facebook, Instagram e WhatsApp) irá perder dinheiro pelos próximos três a cinco anos.
A previsão de perdas financeiras “significativas” foi feita pelo próprio executivo durante reunião anual com acionistas, realizada na quarta-feira (25), segundo reportagem da Bloomberg.
Perder dinheiro para ganhar
A fala de Zuckerberg foi dada após um acionista perguntar sobre o retorno do investimento que a Meta teria com o projeto.
O conglomerado de Zuckerberg chegou a divulgar a o plano de investir US$ 150 milhões na formação de programadores capazes de construir os ambientes virtuais que serão usados nesse mundo paralelo.
Apesar da possibilidade de perder dinheiro, o executivo destacou na reunião que o projeto vai gerar lucro conforme as pessoas construírem negócios e venderem bens e serviços virtuais.
“Queremos que o hardware seja o mais acessível possível para todos e garantir que a economia digital cresça”, afirmou Zuckerberg aos acionistas.
Para tornar isso realidade em nível de imersão e com baixo custo para os consumidores, o desafio tecnológico é enorme. Por isso, exige muito investimento — e tempo.
De acordo com informações do conselho da Meta, muitos dos produtos pensados para o metaverso, no qual os usuários estarão integrados 100% do tempo, provavelmente não serão viáveis nos próximos 10 ou 15 anos.
A aposta da empresa no momento para gerar receita é investir em seu serviço de vídeos de formato curto Reels, acrescentou o executivo na reunião.
Obsessão pelo metaverso?
Em relato ao site Business Insider, funcionários da empresa afirmaram que Zuckerberg está tão entusiasmado e envolvido no processo de construção do metaverso que isso tem se tornado um ponto de frustração.
“[É] a única coisa que Mark quer falar”, afirmou um ex-funcionário, que saiu recentemente da empresa, segundo a reportagem.
Calcula-se que a Meta tenha gasto US$ 10 bilhões (quase R$ 48 bilhões, na cotação atual) apenas em 2021 na concepção de seu metaverso.
A empresa também já teria um quadro com 10 mil funcionários concentrados apenas nesse projeto —e Zuckerberg quer dobrar o tamanho da equipe.
Contudo, esse plano de expansão deve demorar mais um pouco, já que a Meta colocou em prática um plano de congelamento de contratações no início deste mês.
Propostas de acionistas colocadas de lado
Durante a reunião com os acionistas, Mark Zuckerberg rejeitou 12 propostas. Uma delas pedia que a empresa encomendasse um relatório e liberasse uma votação dos integrantes do conselho sobre se a implementação contínua do metaverso era “prudente e apropriada” para o grupo.
Outras propostas negadas citavam alterações no uso de cláusulas de ocultação em contratos de trabalho relacionados a assédio e discriminação, a publicação de uma avaliação independente de impacto de direitos humanos e a divulgação completa das atividades da Meta sobre lobby e políticas públicas, informou o site Business Insider.
Ao longo de 2021, Facebook voltou a sofrer críticas sobre como lida com o controle de conteúdos, principalmente após denúncias da ex-diretora Frances Haugen, que mostravam o descontentamento dos próprios funcionários sobre como a plataforma estaria colocando o lucro acima da segurança de seus usuários.