Os cientistas da NASA deram uma amostra do poder do telescópio James Webb, o maior e mais caro telescópio já feito. A imagem divulgada pela agência espacial americana mostra o vislumbre das primeiras imagens do espaço profundo captadas pelo equipamento. Esse foi apenas um aperitivo — as imagens oficiais serão divulgadas apenas no dia 12 de julho.
Talk about an overachiever!
Gaze at this test image — an unexpected & deep view of the universe — captured by Webb’s Fine Guidance Sensor (FGS) in May. Built by @csa_asc to point Webb precisely at targets, taking glamour shots isn’t even FGS’s main job: https://t.co/aQUAFHcNV5 pic.twitter.com/uYoh4t8PX2
— NASA Webb Telescope (@NASAWebb) July 6, 2022
No Twitter, a agência diz que “tirar fotos glamourosas nem é o principal trabalho” do telescópio — apesar de ter resultados espetaculares — e que a imagem “está entre as mais profundas já observadas no universo”.
O objetivo principal do equipamento é permitir medições científicas precisas. Quando o sensor captura imagens, elas normalmente não são armazenadas dada a largura de banda de comunicação entre o telescópio e a Terra.
Apenas uma ‘palhinha’
Quase tão empolgante quanto a imagem é imaginar que ela se trata de apenas uma pequena amostra do Fine Guidance Sensor (FGS), o sensor de orientação do telescópio. Neste momento, o observador espacial apenas tenta garantir que as câmeras e espelhos que compõem o equipamento estejam alinhados corretamente.
“A imagem de teste de engenharia resultante tem algumas qualidades grosseiras. Não foi otimizado para ser uma observação científica; em vez disso, os dados foram obtidos para testar o quão bem o telescópio poderia ficar travado em um alvo, mas sugere o poder do telescópio”, afirma a agência em seu site oficial.
Os cientistas afirmam que seria impossível, por exemplo, estudar a idade das galáxias contidas nessa imagem porque, durante o teste, o FGS não utilizou filtros de cores, como o habitual em outros instrumentos científicos.
Porém, isso não descarta que os registros possam ser úteis posteriormente.
“Quando esta imagem foi tirada, fiquei emocionado ao ver claramente toda a estrutura detalhada dessas galáxias fracas. Dado o que sabemos agora que é possível com imagens guiadas de banda larga profunda, talvez essas imagens, tiradas em paralelo com outras observações onde possível, possam ser cientificamente úteis no futuro”, disse Neil Rowlands, cientista do programa do Sensor de Orientação Fina da Webb, em Honeywell Aeroespacial.
Como as imagens foram feitas?
Segundo a Nasa, a imagem de teste de calibração divulgada foi precisou de 32 horas de tempo de exposição (com as lentes aberta, “entrando” luz) em vários pontos sobrepostos do canal Guider 2. As observações não tinham foco em detecção de objetos fracos, ainda assim o telescópio conseguiu fazer esse tipo de captura.
A resposta de comprimento de onda, de 0.6 a 5 micrômetros, possibilitou a imagem mais profunda do céu infravermelho. A “foto” obtida é monocromática e exibida em cores com branco-amarelo-laranja-vermelho, representando a progressão das capturas mais claras para as mais escuras.
Segundo a Nasa, a estrela 2MASS 16235798+2826079, aparece na borda direita da foto, sendo a mais brilhante do registro.
“Há apenas um punhado de estrelas nesta imagem — distinguidas por seus picos de difração. O resto dos objetos são milhares de galáxias fracas, algumas no universo próximo, mas muitas, muitas mais no universo distante”, diz a agência.
Com custos na casa dos US$ 10 bilhões (R$ 53,12 bilhões, na cotação atual), o James Web nasceu de uma parceria entre a NASA, a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Canadense (CSA). O principal objetivo do equipamento é revelar as origens do Universo e conseguir “voltar no tempo” até 100 milhões de anos após o Big Bang.