o que há de novo em pegação imersiva


Parece piada pronta: o namoro do Tinder com o metaverso não deu match. Diante dos resultados econômicos desfavoráveis do segundo trimestre, o Match Group, proprietário do mais popular aplicativo de paquera digital, anunciou que vai dar um tempo em seus projetos para esse território.

Fez mais: demitiu a primeira mulher a comandar o Tinder, Renate Nyborg, que não ficou nem um ano no posto.

O Tinder Coins, a moeda digital que deveria ser utilizada pelos solteiros em busca de relacionamentos no metaverso, também foi para o espaço.

Foi uma virada e tanto: em dezembro do ano passado, Nyborg anunciou, entusiasmada, os planos para o metaverso, embora tenha deixado claro que o propósito da empresa era ajudar as pessoas a se encontrarem na vida real.

Disse ainda que, embora a pandemia de covid-19 tivesse mostrado que é possível se sentir conectado apenas usando a internet, também demonstrou a importância das conexões da vida real.

Agora, o chefe de Nyborg, Bernard Kim, que assumiu o comando do grupo há apenas dois meses anunciou aos jornalistas que está havendo uma mudança cultural geral entre os usuários. Com a pandemia sob controle reduzindo os bloqueios aos contatos diretos, a vontade de experimentar produtos de namoro online pela primeira vez não voltou ao nível anterior à covid.

Isso traduziu-se na estagnação do número de usuários, principalmente nas regiões de alta receita e alta margem da América e da Europa – o Tinder só segue crescendo em regiões como Ásia-Pacífico, África e América Latina.

Para o terceiro trimestre, o Match Group prevê receita operacional bem menor que o previsto no caso do Tinder: abaixo dos US$ 800 milhões, contra uma estimativa de US$ 883 milhões. O anúncio desses números resultou numa queda no valor das ações do grupo de mais de 20%.

Bernard Kim não deixou de acreditar no metaverso —para ele, uma experiência de namoro imersiva pode ser importante para atrair a próxima geração de usuários. Mas vai reduzir investimentos na área, porque concluiu que isso vai demorar a ser algo massivo.

Ao repórter John Porter, da The Verge, Kim afirmou: “continuaremos a revisar cuidadosamente essa área e considerar um passo à frente no devido tempo, quando entendermos melhor o potencial geral [do metaverso] e sentirmos que temos um serviço bem posicionado para ter sucesso.”

Os planos imediatos da Tinder incluem o desenvolvimento de recursos voltados para as mulheres e um pacote de assinaturas (pago, portanto) que vai oferecer recomendações selecionadas de acordo com as preferências dos ou das usuárias.

O Tinder revolucionou a indústria de namoro online em 2013, por sua simplicidade: deslize para a direita se estiver interessado ou para a esquerda se não estiver. Em vez de ter um uma ferramenta a vasculhar milhares de perfis para encontrar alguém único, os usuários podem decidir se gostam de alguém com base em algumas fotos.

Isso tornou o namoro simples, mas também, como estudos descobriram, tornou conexões e relacionamentos menos duradouros e mais eventuais.

O anúncio da separação momentânea entre Tinder e metaverso quase coincidiu com a divulgação de uma pesquisa realizada pela Talkdesk, fornecedora de tecnologia de engajamento do cliente.

O relatório “Connecting in the Metaverse: A Talkdesk Survey” afirma que, por causa da pandemia, “muitas pessoas estão se voltando para o metaverso para encontrar um lugar para se conectar com outras pessoas de maneira relativamente segura”.

Apesar do metaverso ainda ser algo meio nebuloso, 69% dos entrevistados pela Talkdesk disseram ter estado no metaverso recentemente. Nada menos do que 44% dos que participaram da pesquisa considerariam namorar no metaverso e 49% acreditavam que esse território irá tornar as conexões entre as pessoas mais fortes.

Esse desejo de socialização é acompanhado pela demanda de segurança, segundo o relatório:

“Aprendendo com a evolução da internet e a degradação da cultura online, mais da metade (56%) dos entrevistados querem que o governo regule o metaverso de alguma forma, e menos da metade (46%) dos entrevistados acredita que as empresas de tecnologia implementaram políticas fortes o suficiente para manter esses mundos digitais seguros.”.

Há plataformas que já oferecem namoro em realidade virtual, em inglês.

A Nevermet atende pessoas que possuem conjuntos de RV e desejam utilizá-los em suas experiências de namoro. Para fazer um perfil na plataforma, você usa os filtros que a Nevermet fornece para especificar idade e sexo. Então, depois de ter uma conta, você desliza a tela e dá seu “de acordo”, assim como no Tinder.

O manifesto do aplicativo é entusiasmado:

“Na superfície, nosso mundo moderno parece mais comunitário do que nunca. Mas se você retirar as camadas, descobrirá uma cultura de isolamento e saudade. E quando se trata de namoro, especificamente, é hora de repensar completamente o que é possível. Porque a maioria de nós está presa em um mundo superficial onde as opções de namoro são limitadas a uma pequena fração de pessoas em nossa vizinhança. A maioria de nós só pode sonhar com um encontro na Torre Eiffel ou um passeio de unicórnio intergaláctico pelo espaço. Mas isso está prestes a mudar.”

Os usuários podem exibir imagens e vídeos de sua própria realidade virtual em seu perfil. Potenciais parceiros visualizam o avatar que você escolheu, sua voz e estilo e julgam se devem passar o dedo em você com base nisso. Não há espaço para rostos humanos na plataforma.

O Planet Theta promete colocar a conexão humana na vanguarda do namoro novamente e permite que os casais passeiem por uma floresta encantada, sentem numa mesa de bar ou vejam um filme juntos.

Uma parceria com a empresa ritestream garante 82 mil horas de conteúdo —tudo em realidade virtual, evidentemente.



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