Nvidia cria plataforma grátis de metaverso, com projeto para ‘Terra 2’


Quanto falta para que o tão falado metaverso, um universo digital, similar ao real, onde podemos existir por meio de avatares, chegue até nós? Talvez esteja mais perto do que imaginamos.

Tilt conversou com Richard Kerris, vice-presidente do projeto Omniverse, uma plataforma que permite simulações e colaborações 3D em tempo real, da Nvidia. Criada para ser a base que conecta mundos virtuais até então independentes, ela é um dos principais instrumentos para inaugurar este capítulo imersivo da internet.

“Algumas pessoas acham que o metaverso depende de headsets, óculos especiais, dispositivos de realidade aumentada. Mas se realmente olharmos, ele é simplesmente a rede da próxima geração da web. Uma progressão natural da internet”, explica Kerris.

“Hoje, nossas interações acontecem em uma versão da web baseada em 2D. Há algumas coisas em 3D que se pode fazer, alguns espaços de entretenimento, mas não é algo unificado como os sites da internet ‘regular’. Nela eu posso, por exemplo, abrir um vídeo em qualquer aparelho ou browser, e será consistente.”

A rede de suporte html é o que garante consistência entre as experiências na internet. Agora, algo similar está sendo desenvolvido para interconectar ambientes imersivos e permitir a existência de um chamado metaverso, sem fronteiras.

“Nós acreditamos que o USD [Universal Scene Description] será o html do 3D. Ele é um ‘encanamento’ para conectar mundos virtuais”, diz Kerris. O Omniverse é, justamente, baseado em USD (criado pelo estúdio de animação Pixar, com código aberto, em colaboração com a Nvidia e a Apple) e na tecnologia NVIDIA RTX, que usa ray tracing e inteligência artificial para renderizações fotorrealistas instantâneas.

O Omniverse é gratuito para usuários individuais e pode ser baixado aqui. Veja um pouco do que a plataforma pode fazer:

A hora e a vez do metaverso

Metaverso, porém, é um tema que ainda polariza opiniões. Para os entusiastas da tecnologia, sua presença já parece óbvia, com grandes players do mercado se voltando nessa direção. Mas, para o público comum, ainda parece algo absurdo, reservado à ficção científica —ou a quem tem dinheiro (e paciência) para usar os tais headsets que Kerris diz não ser necessários.

O executivo entende essa relutância e dá um exemplo prático. Foram necessários mais de dez anos para que a internet realmente se tornasse simplificada e acessível para pessoas, por meio de dispositivos e browsers. O mesmo vai acontecer com o metaverso. “Também haverá uma progressão natural. Já estamos vendo tudo isso acontecendo e aumentando”, afirma.

O “boom” atual está ligado ao amplo avanço da inteligência artificial, das conexões 5G e de GPUs poderosas. “É o momento perfeito da história, que vai ajudar a criar a visão desta nova rede, ou metaverso da realidade”, ressalta Kerris.

A compatibilidade entre softwares e linguagens de design, modelagem e codificação 3D também é crucial. “O Omniverse usa as ferramentas existentes por aí, que as pessoas já estão familiarizadas, para criar e compartilhar estes mundos. Na plataforma, elas ganham benefícios adicionais, como o rendering em tempo real e a colaboração com outras pessoas pelo mundo.”

Então, inevitavelmente teremos a chance de viver para sempre em um mundo virtual? Devagar com a expectativa: “Você vai existir, sim, nestes mundos virtuais, mas conectado ao mundo físico, em experiências mais pragmáticas”, acredita Kerris.

“Vamos deixar o ‘upload’ de uma consciência para os autores de ficção científica, pois são ideias e conceitos muito difíceis de se alcançar”, brinca.

richard kerris nvidia - Reprodução - Reprodução

Richard Kerris falou com Tilt de seu escritório, na Califórnia (EUA)

Imagem: Reprodução

Uma segunda Terra

Então, afinal, para que serve o metaverso? Profissionais de diversas áreas já estão começando a descobrir como usar os mundos virtuais do Omniverse.

“Diversas empresas estão ativando seu ‘digital twin’ [gêmeo digital; uma cópia exata de um local], seja um prédio residencial, uma usina de energia eólica, um armazém inteligente da Amazon e da PepsiCo, ou uma fábrica do futuro 2.0 de uma grande indústria como BMW e Ericsson.”

Esse ambiente virtual funciona como um tubo de ensaio, onde pequenas e grandes mudanças no fluxo de produção podem ser testadas, evitando consequências mais graves se certos erros acontecessem na vida real.

E se esses erros fossem, por exemplo, o uso excessivo de combustíveis fósseis e a degradação da natureza a ponto de afetar o ecossistema de uma planeta inteiro?

É o que a Nvidia planeja descobrir com seu mais ambicioso projeto de “digital twin”: o Earth 2 (“Terra 2”). A empresa usará um supercomputador para criar um “clone virtual” do nosso planeta, dedicado a estudar as mudanças climáticas.

“Será uma espécie de máquina do tempo. Conseguiremos olhar para trás e aprender, e também projetar para o futuro e entender”, conta Kerris. A expectativa é desenvolver melhores estratégias de mitigação e adaptação, nas diferentes regiões do globo, ao longo de décadas.

A empresa tem outro projeto que conecta multiverso e meio ambiente. Em parceria com a Lockheed Martin, seu objetivo é ajudar no combate a incêndios florestais nos Estados Unidos. A partir dados históricos, geográficos (terreno, elevação, inclinação) e climáticos (ventos, umidade), ele consegue recriar o ambiente afetado, onde seria possível prever a evolução do fogo.



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