Agora vai! A Nasa finalmente confirmou a data da missão Artemis 1, a primeira etapa de um ambicioso projeto que quer levar o homem de volta à Lua e também servir de trampolim para viagens tripuladas a Marte. O lançamento está previsto para o dia 29 de agosto.
Em duas transmissões nesta semana, a agência espacial revelou mais detalhes da missão, das naves e dos procedimentos que serão realizados nos próximos anos. Apesar da confirmação, há duas datas backup, caso algo não saia como planejado na preparação: 2 e 5 de setembro.
“Através do programa Artemis, pousaremos a primeira mulher e a primeira pessoa negra na Lua, abrindo caminho para uma presença lunar de longo prazo e servindo como um trampolim para enviar astronautas a Marte”, disse a Nasa.
O que vai acontecer?
Neste primeiro teste “pra valer”, o enorme foguete SLS (Space Launch System ou Sistema de Lançamento Espacial), o mais poderoso do mundo, lançará uma cápsula Orion, ainda sem tripulação, para o espaço — da mesma forma que rolaria com astronautas a bordo.
A nave irá orbitar a Lua por algumas semanas, para testar tecnologias, hardwares e sistemas. Será que ela aguenta o calor, a alta velocidade e a radiação do espaço? Assim, será testada sua capacidade de chegar até nosso satélite, retornar à Terra e pousar no oceano em segurança, preservando futuros tripulantes.
Estima-se que o voo dure 42 dias. Para não ficar tão impessoal, dentro da nave haverá o ‘Moonikin’ — um manequim de astronauta —, além de satélites CubeSat e alguns experimentos científicos.
O foguete deve ir para a plataforma do Kennedy Space Center, no Cabo Canaveral, Flórida, no dia 18 de agosto, para se preparar para o grande dia 29. O evento será transmitido ao vivo.
Cronograma
Por diversos problemas — desenvolvimento de tecnologias, restrições no orçamento, falhas em testes, pandemia — o programa Artemis está muito e inevitavelmente atrasado. A meta era que pisaríamos novamente na Lua até 2024, mas documentos da Nasa já revelaram que isso deve ficar só para o ano seguinte.
Veja os próximos passos:
Artemis II (2024): Será como uma repetição desta primeira viagem, desta vez com quatro tripulantes a bordo. Eles farão apenas um sobrevoo, dando uma volta até o lado oculto da Lua, a cerca de 400 mil quilômetros da Terra (o mais distante no espaço profundo que qualquer ser humano já foi). A viagem deve durar cerca de 10 dias.
Artemis III (2025): O grande teste. O objetivo é “alunissar” (aterrissar na Lua) e desembarcar a tripulação no polo Sul, um local diferente e mais desafiador do que os visitados durante o programa Apollo. Nenhuma pessoa, nem sequer uma missão robótica, já pousou lá. Mas a Orion não tem propulsão para fazer isso sozinha. É preciso um sistema de pouso humano (HLS): uma nave para levar os astronautas entre a órbita da Lua, onde estará a cápsula, e a superfície. Por enquanto, a Nasa optou pela Starship, da SpaceX.
Artemis III.5 (2027): Documentos revelam que a Nasa pode adicionar uma missão inetrmediária, para que não haja grandes lacunas no programa. Quatro astronautas iriam até a órbita da Lua, e dois desceriam à superfície. Isso custaria mais cerca de US$ 5 bilhões (R$ 25 bi) e significaria mais atrasos para as fases e tecnologias seguintes.
Futuro (até 2034 ou mais): Se bem-sucedido e com verbas, a próxima etapa do Artemis seria instalar o Lunar Gateway, similar à Estação Espacial Internacional (ISS), em menor escala, que orbitaria nosso satélite e serviria de ponto de apoio para missões. Em parceria com outras agências espaciais e empresas privadas, a Nasa também pretende estabelecer uma base permanente na Lua, com uma “plataforma habitável de mobilidade”, para viagens de até 45 dias.
Rumo à Marte
A meta é que toda a estrutura e experiência desenvolvidas durante estas missões também permitam viagens tripuladas a Marte, incialmente previstas para a década de 2030. A Lua serviria como um ponto de parada e reabastecimento neste longo trajeto.
“Vamos para Marte e vamos voltar à Lua para trabalhar, viver e sobreviver”, disse Bill Nelson, administrador da Nasa. “Vamos aprender como usar os recursos na Lua para poder construir coisas no futuro”.
Mas é provável que ainda leve, pelo menos, 20 anos para isso acontecer. Estima-se que, somente até 2025, o programa Artemis custe cerca de US$ 93 bilhões (cerca de R$ 480 bilhões) ao governo dos Estados Unidos.
A primeira vez que o homem esteve na Lua foi em 1969, na famosa Apollo 11, de Neil Armstrong e Buzz Aldrin. Doze pessoas diferentes já caminharam sobre o solo lunar até a Apollo 17, a última missão tripulada ao satélite, em 1972.