Pioneiras na ciência e exploração espacial, as sondas Voyager 1 e 2 foram mais longe do que qualquer objeto humano até as bordas do Sistema Solar. Mas chegou a hora de iniciar a despedida dessa jornada pelo Universo, que já dura quase 45 anos.
Há um problema irreversível: a energia delas está acabando. Para economizar o que resta, os cientistas da Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, estão desligando seus instrumentos aos poucos. O objetivo é que as duas continuem minimamente vivas por mais alguns anos coletando os principais dados científicos.
“Se tudo correr muito bem, talvez possamos estender as missões até a década de 2030. Depende apenas da energia. Este é o ponto limitante”, disse Linda Spilker, cientista planetária do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), à revista Scientific American.
Suas câmeras já haviam sido desligadas em 1990, depois que a Voyager 1 tirou as últimas fotos, conhecidas como “retrato de família do Sistema Solar”. Assim, priorizou-se a eletricidade (gerada por plutônio) e a memória do sistema para os instrumentos que analisariam o então desconhecido espaço interestelar.
45 anos das sondas Voyager 1 e 2: veja imagens das missões espaciais
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“Retrato de família”: a primeira e única vez que uma mesma nave tentou fotografar todo o Sistema Solar (Voyager 1 – 1990)
Nasa
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Lua Crescente e a Terra: a primeira imagem deste tipo já tirada por uma nave (Voyager 2 – 1977)
Nasa
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Luas galileanas de Júpiter: Io, Europa, Ganymede e Callisto (Voyager 1 – 1979)
Nasa
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Um planeta e duas luas: Io, Europa e Júpiter em detalhe (Voyager 1 – 1979)
Nasa
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Lua vulcânica: pluma de atividade dos vulcões Loki e Pele, em Io (Voyager 1 – 1979)
Nasa
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Anéis de Júpiter: descobertos fracos anéis e outra luas em torno do planeta (Voyager 2 – 1979)
Nasa
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Anéis e luas: Saturno e os satélites Tethys, Dione, Rhea e Mimas (Voyager 2 – 1981)
Nasa
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Olhada para trás: outra perspectiva de Saturno (Voyager 1 – 1980)
Nasa
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Texturas: detalhes dos icônicos anéis de Saturno (Voyager 2 – 1981)
Nasa
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Urano crescente: vista diferente do planeta azul pálido (Voyager 2 – 1986)
Nasa
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Mundos azuis: Urano e Netuno, os últimos planetas do Sistema Solar (Voyager 2 – 1989)
Nasa
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Triton: a maior das 14 luas de Netuno (Voyager 2 – 1989)
Nasa
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“Ponto azul pálido”: a Terra vista a mais de 6 bilhões de quilômetros de distância (Voyager 1 – 1990)
Nasa
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Gêmeas: as sondas são compostas por uma antena de 3,7m de diâmetro e diversos instrumentos
Nasa
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Disco Dourado: uma cápsula do tempo da humanidade, fixado na estrutura externa das naves
Nasa
Por onde passaram?
As sondas gêmeas foram lançadas em 1977, para explorar planetas exteriores — principalmente Júpiter, Saturno, e suas luas. As fotos que tiraram foram reveladoras e estampam livros escolares até hoje.
Depois, seguiram viagem por caminhos e velocidades diferentes, até cruzarem as fronteiras do Sistema Solar, chegando mais longe da Terra do que qualquer objeto feito por humanos.
Em 2012, a Voyager 1 se tornou a primeira nave a alcançar o espaço interestelar —uma zona caótica fora da “bolha” de influência do Sol, entre as outras estrelas da galáxia.
Em 2018, a Voyager 2 foi a segunda a fazer isso. Um feito que deve demorar décadas para ser repetido por outra missão.
Expectativa de vida
Previstas para durarem meros quatro anos, elas já superaram em mais de dez vezes as expectativas. Apesar dos efeitos do tempo e da radiação, continuam recebendo comandos e transmitindo dados —os sinais de rádio demoram até 19 horas para chegar aqui.
Hoje, a Voyager 1 está a 23,3 bilhões de quilômetros da Terra, a uma velocidade estimada de 17 km/s. A Voyager 2 está a 19,4 bilhões, a 15,4 km/s. E contando.
A distância e status dos instrumentos podem ser acompanhados na página da missão da Nasa.
Mais imagens pioneiras podem ser conferidas no vídeo:
O que carregam?
Apesar do nome, Voyager 2 foi lançada primeiro (20/8/1977) que Voyager 1 (5/9/1977). São naves exatamente iguais.
A bordo delas há três geradores e 11 instrumentos, operados por computadores primitivos, incluindo uma grande antena, um magnetômetro, espectrômetros e sistemas para medir plasma e raios cósmicos. Alguns pararam de funcionar nos últimos anos.
Cada sonda também leva um “Disco Dourado”: um LP com 115 imagens codificadas, saudações em 55 línguas, 12 minutos de sons do nosso planeta e 90 minutos de música. Uma amostra da humanidade e nossa localização para possíveis civilizações extraterrestres.
Depois de “morrerem” e perderem contato com a Terra, elas continuarão atravessando o Universo indefinidamente, passando por outras estrelas. Proxima Centauri deve ser alcançada em 16 mil e 20 mil anos, respectivamente, pela Voyager 1 e Voyager 2.
*Com informações de Scientific American, Insider, Space e Nasa.